24 de novembro de 2024 Doar
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Sacerdotes acreditam que padre argentino foi morto por máfia que ele denunciou

Manifestações pela morte do Pe. Juan Viroche | Fotografia: Twitter Radio 10

Os "padres villeros" de Buenos Aires, sacerdotes que trabalham nas chamadas vilas miséria na Argentina, assinalaram que "a medida que passam os dias, aumenta a certeza de que o padre Viroche foi morto pela máfia que ele denunciou e pela qual foi ameaçado".

O Pe. Juan Viroche era pároco de Nossa Senhora do Vale, localidade Ingenio La Florida, em Tucumán. Foi encontrado enforcado em 5 de outubro na paróquia. O sacerdote de 46 anos era conhecido por seu comprometido trabalho com os fiéis, pelo acompanhamento e prevenção das drogas para os jovens, além das suas mensagens e denúncias contra o narcotráfico.

As primeiras perícias indicaram que foi suicídio. Entretanto, a investigação ainda continua, porque no lugar onde foi encontrado o corpo havia sinais de violência. Além disso, algumas pessoas próximas do sacerdote afirmam que foi agredido antes de morrer, enquanto outras versões indicam que foi um homicídio ordenado por grupos do narcotráfico.

Dias antes da sua morte, o Pe. Viroche solicitou ao Arcebispo de Tucumán, Dom Alfredo Zecca, que fosse transferido de paróquia devido às ameaças que recebia dos grupos de narcotráfico. Embora autorizasse o traslado, ele preferiu esperar acabar a oração de uma novena em sua comunidade.

Em 16 de outubro, 20 padres villeros difundiram um comunicado através do qual expressaram que as "máfias" do narcotráfico "são movidas pelo desejo de acumular dinheiro, não se importam que o dinheiro esteja banhado em sangue inocente. Nem se importam em deixar hipotecadas as vidas de meninos e meninas, adolescentes e jovens".

"A máfia é como uma mancha de óleo que suja tudo, não há instituição que não possa alcançar. E é seduzida por tudo aquilo que de algum jeito dá poder. Portanto, não confundamos a máfia do narcotráfico com dois pivetes jovens que usam boné", precisaram.

"A máfia procura cumplicidades através da corrupção. A corrupção é proselitista, cresce, contagia, justifica-se e em certo tempo acabam sacrificando ao deus dinheiro as convicções da vida toda, as amizades e a própria família".

"Com um olhar crente, podemos dizer que todos nós temos pecados, o que não podemos nos permitir como sociedade é dialogar com a tentação da corrupção em suas diferentes formas. Se o fazemos, estaremos contribuindo com o caldo de cultivo para que as máfias se consolidem em nossa querida Pátria", acrescentaram.

Os 20 sacerdotes que assinaram o comunicado enviaram uma "sentida saudação à família, à comunidade paroquial e aos bairros nos quais o Padre Juan exerceu seu ministério sacerdotal".

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