22 de dezembro de 2024 Doar
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Venezuela: Prelado pede que oposição não caia na tentativa do governo de dividi-la

Dom Diego Padrón | Daniel Ibañez (ACI Prensa)

O presidente da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV), Dom Diego Padrón, assinalou que apesar do clima político dividido, existe uma atitude de esperança pelo acompanhamento do Vaticano no processo de diálogo, entretanto, exortou a oposição a não ceder à tentativa do governo que quer dividi-la para que se levante da mesa de diálogo e assim ficar “livre de exigências”.

Em declarações ao Grupo ACI no dia 9 de novembro, o presidente da CEV indicou que atualmente “o clima político está dividido” pela tensão entre o governo e a oposição, “que não é somente a oposição política, mas oposição do país democrático, do povo” que exige uma solução imediata à fome e à falta de remédios.

“Mas por outro lado – assegurou – há uma atitude de esperança e de confiança, porque o Vaticano está envolvido nisso, dando seriedade à mesa de diálogo e tanto os governistas como a oposição confiam muito no Vaticano”, que enviou Dom Claudio María Celli como representante.

Entretanto, Dom Padrón recordou ao governo que “deve dar sinais” de que deseja fazer uma mudança política, social no país; e que não consiste só na reativação do processo revogatório exigido pela população, mas na solução dos problemas “do dia a dia”.

“É muito mais urgente abrir um canal humanitário que permita a entrada de remédios porque a população sofre”, assim como “abrir um canal de respeito e consideração com os adversários, os quais também continuam sendo perseguidos e ameaçados”, porque “a ameaça não cessou” contra quem dissente do governo.

O presidente da CEV disse que a oposição deu “dois sinais fundamentais: adiou a declaração de responsabilidade política do Presidente da República e suspendeu a marcha ao Palácio de Miraflores; mas as promessas do governo não foram cumpridas, nem sequer a primeira parte”.

Em 24 de outubro, a Assembleia Nacional – dominada pela oposição –, concordou em “iniciar o procedimento de responsabilidade política” de Maduro, acusando-o de causar a “devastação da economia do país” e chamando-o a apresentar-se no dia 1º de novembro para oferecer suas refutações.

Entretanto, no dia 1º de novembro, o parlamento concordou em adiar “por alguns dias” o debate previsto. O deputado Julio Borges fez este pedido “devido ao fato de que durante as últimas horas o Vaticano entrou formalmente para intervir na crise constitucional e democrática do país”.

O primeiro encontro entre o governo e a oposição aconteceu no dia 30 de outubro sob os auspícios da UNASUR e o acompanhamento de Dom Celli.

Porém, advertiu Dom Padrón, “ao meu ver, o governo quer de qualquer maneira dividir a Mesa da Unidade Democrática (MUD) para obrigá-los a ficar contra a mesa de diálogo, de tal modo que se o diálogo cair, o governo é livre de uma série de exigências”.

Diante disso, o presidente da CEV exortou o regime para ouvir a população, “que pede e exige que governo e oposição dialoguem”, mas com diálogo que tenha “resultados rápidos, porque não podem ser resultados para o ano que vem. A fome e a doença não podem esperar até o ano que vem, e os presos políticos devem ser libertados, porque foram presos injustamente. As medidas eleitorais que resolverão os problemas também devem ser urgentes”.

“E queremos dizer à oposição que tem uma grande responsabilidade de não se levantar, de ter a capacidade de ser paciente, de resistir frente à tentativa do governo de dividi-la, para que se levante da mesa. Pelo contrário, a oposição deve ser capaz de fazer propostas para a estabilidade do país”, assinalou.

A próxima reunião está prevista para o dia 11 de novembro.

Em declarações em 5 de novembro ao jornal argentino ‘La Nacion’, Dom Celli advertiu que, se o diálogo fracassar, “o problema não é que a Santa Sé perca, é o povo venezuelano que se afunda mais, porque se de repente uma delegação ou outra queiram acabar com o diálogo, não é o Papa, mas o povo venezuelano que vai perder, porque o caminho poderia ser verdadeiramente de sangue”.

“E existem pessoas que não têm medo de que haja derramamento de sangue. Isto é o que me preocupa. Francisco tem um papel muito importante. Corremos um risco. Vamos ver, que Deus nos ajude”, expressou.

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