22 de dezembro de 2024 Doar
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Bispos brasileiros expressam inquietação sobre reforma do Ensino Médio

Foto referencial. | Wikipédia

Após reunião do Conselho Episcopal Pastoral (CONSEP) nos dias 22 e 23 de novembro, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou uma nota na qual expressa sua "inquietação face a Medida Provisória 746/16 que trata da reforma do Ensino Médio, em tramitação no Congresso Nacional".

Assinada pelo vice-presidente da entidade, Dom Murilo Krieger, pelo secretário-geral, Dom Leonardo Steiner, e pelo presidente da Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade da Justiça e da Paz, Dom Guilherme A. Werlang, a nota reconhece como "louváveis iniciativas que busquem refletir, debater e aprimorar" a realidade do modelo de ensino no Brasil, o qual "não prepara os estudantes para os desafios da contemporaneidade".

Entretanto, ressalta que a forma como tal proposta foi apresentada, por meio de uma Medida Provisória, "sofre os limites de uma busca apressada de solução". Para os Bispos, a questão da educação "requer amplo debate com a sociedade organizada".

O comunicado lembra que "a educação deve formar integralmente o ser humano" e que "o foco das escolas não pode estar apenas em um saber tecnológico e instrumental".

"Em um contexto de crise ética como o atual, é um contrassenso propor uma medida que intenta preparar para o mercado e não para a cidadania", acrescenta.

Confira a seguir a íntegra do texto:

NOTA DA CNBB SOBRE A "REFORMA DO ENSINO MÉDIO" – MP 746/16

"A fim de que os estudantes tenham esperança!"

(Papa Francisco, 14 de março de 2015)

 O Conselho Episcopal Pastoral (CONSEP), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília-DF, nos dias 22 e 23 de novembro de 2016, manifesta inquietação face a Medida Provisória 746/16 que trata da reforma do Ensino Médio, em tramitação no Congresso Nacional.

Segundo o poder executivo, a MP 746/16 é uma proposta para a superação das reconhecidas fragilidades do Ensino Médio brasileiro. Sabe-se que o modelo atual, não prepara os estudantes para os desafios da contemporaneidade. Assim, são louváveis iniciativas que busquem refletir, debater e aprimorar essa realidade.

Contudo, assim como outras propostas recentes, também essa sofre os limites de uma busca apressada de solução. Questão tão nobre quanto a Educação não pode se limitar à reforma do Ensino Médio. Antes, requer amplo debate com a sociedade organizada, particularmente com o mundo da educação. É a melhor forma de legitimação para medidas tão fundamentais.

Toda a vez que um processo dessa grandeza ignora a sociedade civil como interlocutora, ele se desqualifica. É inadequado e abusivo que esse assunto seja tratado através de uma Medida Provisória.

A educação deve formar integralmente o ser humano. O foco das escolas não pode estar apenas em um saber tecnológico e instrumental. Há que se contemplar igualmente as dimensões ética, estética, religiosa, política e social. A escola é um dos ambientes educativos no qual se cresce e se aprende a viver. Ela não amplia apenas a dimensão intelectual, mas todas as dimensões do ser humano, na busca do sentido da vida. Afinal, que tipo de homem e de mulher essa Medida Provisória vislumbra?

Em um contexto de crise ética como o atual, é um contrassenso propor uma medida que intenta preparar para o mercado e não para a cidadania. Dizer que disciplinas como filosofia, sociologia, educação física, artes e música são opcionais na formação do ser humano é apostar em um modelo formativo tecnicista que favorece a lógica do mercado e não o desenvolvimento integral da pessoa e da sociedade.

Quando a sociedade não é ouvida ela se faz ouvir. No caso da MP 746/16, os estudantes reclamaram seu protagonismo. Os professores, já penalizados por baixos salários, também foram ignorados. Estes são sinais claros da surdez social das instâncias competentes.

Conclamamos a sociedade, particularmente os estudantes e suas famílias, a não se deixar vencer pelo clima de apatia e resignação. É fundamental a participação popular pacífica na busca de soluções, sempre respeitando a pessoa e o patrimônio público. A falta de criticidade com relação a essa questão trará sérias consequências para a vida democrática da sociedade.

Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, interceda por nós.

Brasília, 23 de novembro de 2016.

Dom Murilo S. R. Krieger, SCJ

Arcebispo de São Salvador da Bahia

Presidente em Exercicio da CNBB

Dom Guilherme A. Werlang, MSF

Bispo de Ipamerí

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Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade da Justiça e da Paz

Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM

Bispo Auxiliar de Brasília

Secretário-Geral da CNBB

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