22 de novembro de 2024 Doar
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Natal na Síria: Nem as bombas nem os mísseis impedirão sua celebração

Celebração de Natal em Aleppo (Síria) | Facebook Dom Bosco Aleppo

A realidade em Aleppo (Síria) está marcada pelos bombardeios que destroem, acabam com muitas vidas e, por fim, obrigam as pessoas a abandonarem os seus lares. Entretanto, isso não impedirá que os cristãos celebrem o Natal daqui a alguns dias.

Um sacerdote salesiano natural de Aleppo, Pe. Pier Jabloyan, explicou ao Grupo ACI como as pessoas vivem cada dia como se fosse o último e sobre o significado da celebração do Natal em uma cidade onde ninguém sabe se acordará vivo no dia seguinte.

"O que está acontecendo na cidade é um sofrimento geral pela falta de todas as coisas essenciais do homem, como a água, a eletricidade, a gasolina, uma vida normal. Nós podemos suportar a falta dessas coisas, mas o que não podemos suportar é a falta de segurança. Com isto, quero dizer que cada dia em diferentes lugares da cidade cai continuamente uma chuva de bombas e mísseis", expressou o Pe. Jabloyan.

Junto com os outros missionários salesianos que decidiram permanecer em Aleppo, o Pe. Jabloyan continua realizando seu trabalho pastoral em um oratório no qual atendem pastoralmente 750 crianças, ajudam-nos com a sua educação e buscam "realizar as coisas normais em um tempo que não é normal e gerar um ambiente pacífico".

"Enquanto as bombas caem no oratório vivem momentos de paz, momentos de catecismo, conhecem o Senhor Jesus que é o único, é o nosso salvador. Esta é a missão dos salesianos com as pessoas em Aleppo. Somos tantos religiosos que decidimos permanecer como os franciscanos, jesuítas, as missionárias da caridade e tantas congregações que estão empenhadas em socorrer o maior número possível de pessoas que não podem viver sem ajuda".

Em meio a esta situação dramática, para o Pe. Jabloyan, celebrar o Natal é uma coisa "especial e muito bela".

"Quando falamos do Natal, falamos dos presentes, de alegria, de luzes, de roupa bonita, de coisas externas. Nestes cinco ou seis anos na Síria, vive-se o Natal de um modo essencial, de uma maneira simples, mais íntima e familiar. Para nós, basta um pouco de fruta para ter uma festa", comentou o Pe. Jabloyan.

"Para nós, o Natal não é algo comercial, nem roupa, jantares ou presentes, mas uma festa ligada à vida das pessoas, porque, para nós, basta participar da Missa no dia 24 de dezembro, saudar os outros e ver que mais um ano estamos vivos. Nesta guerra feroz, isso já é Natal", manifestou.

O sacerdote comentou que no ano passado, no oratório dos salesianos as pessoas se saudavam enquanto continuavam os bombardeios do lado de fora. "E nós dizíamos feliz Natal. O Senhor realmente nasceu para nós".

"Inclusive em meio às bombas, nós encontrávamos a fé. Esta é a especialidade do Natal, o Senhor nasceu para nós. Nasceu pobre para esta humanidade ferida", afirmou.

O Pe. Jabloyan indicou que neste ano "não procuramos fazer muitas coisas, mas manter um ambiente de festa. Nas igrejas, celebram as Missas à tarde porque à noite é mais perigoso".

O sacerdote comentou que este ano querem dar roupas de presente às crianças, porque com a guerra os preços subiram e as famílias estão sem dinheiro.

Por exemplo, "antes da guerra, um quilo de batata custava entre 10 a 15 libras síria. Agora, custa 250 libras".

Por outro lado, o Pe. Jabloyan diz que uma das coisas "mais belas" da guerra foi "descobrir o sentido do cristianismo".

"Há um sentido muito grande de abandono nas mãos do Senhor. Neste tempo de guerra, notei que muitas pessoas perderam a fé, mas também muitas descobriram o sentido da vida e descobriram a fé. Isto que impulsiona tantas pessoas a viverem cada dia como o último, porque verdadeiramente é assim, pois, quando cada pessoa sai de casa, não sabe se voltará ou não", manifestou o presbítero.

Antes da guerra, Aleppo era a segunda maior cidade da Síria e o lugar onde se concentrava o poder econômico.

Atualmente, é uma das cidades que mais sofreu pela guerra e pelos bombardeios entre os grupos rebeldes, o exército do presidente Bashar Al Asad e os exércitos russo, norte-americano e turco.

O Conselho Local de Aleppo informou que nos últimos 26 dias morreram 800 pessoas e 3500 ficaram feridas.

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