QUITO, Jun 2, 2005 / 11:23 am
Em uma carta publicada hoje, o Arcebispo de Quito, Dom Raúl Vela, explicou aos paroquianos de sua jurisdição que o retorno a Espanha de dois párocos que substituíram seu trabalho pastoral por reivindicações sociais se ajusta ao Direito Canônico, e recordou que “uma paróquia não é um partido político, um sindicato ou uma ONG. Sua essência e seus métodos são diversos”.
A poucos dias do escândalo protagonizado pelos dois sacerdotes, que –convertidos em líderes políticos- organizaram a sua paróquia para protestar violentamente contra sua remoção, o Arcebispo e o Conselho do Presbitério de Quito indicaram que estes fatos “feriram profundamente à comunhão da nossa Igreja”.
Os fatos ocorreram na paróquia Santa María do Inti e os sacerdotes implicados foram identificados como Miguel Olmedo e José Luis Molina, procedentes de Xerez, Espanha.
“preferimos manter respeitoso silêncio, nos limitando a esclarecimentos solicitados por alguns meios de comunicação. Hoje acreditamos necessário informar aos fiéis católicos do acontecido e lhes pedir que na verdade, a fraternidade e a oração, fortaleçamos a unidade como nos ordenou Jesús: ‘Que todos sejam um’”, explicaram.
A carta esclarece que o Arcebispo nomeou um novo pároco, como ocorre em qualquer parte do mundo, “de acordo às disposições do código de Direito Canônico” e o Bispo de Xerez pediu a Molina e Olmedo retornar a sua diocese.
Do mesmo modo, lamenta que na casa paroquial de Santa María do Inti se estabeleceu, “sem que exista expressa autorização da Arquidiocese, uma ‘escola particular, leiga e aconfessional’”.
O texto precisa que concluiu a cooperação pastoral entre a diocese de Xerez e a
Arquidiocese de Quito e portanto a missão pastoral em Quito dos sacerdotes Olmedo e Molina.
Sobre a atitude dos sacerdotes, identificados com a teologia da liberação marxista e acusados de prescindir inclusive da celebração da Missa por apoiar causas sociais, a carta esclarece que “a Paróquia está em primeiro lugar ao serviço da palavra de Deus que é sua dimensão fundamental e a partir da Eucaristia, fonte e cume da vida dos fiéis, projeta sua atividade missionária e social no mundo. Esta dimensão espiritual é central e fundamental, sem ela a Igreja e suas estruturas deixam de ser a comunidade de discípulos queridas por Jesus”.
Também precisa que “uma teologia fundada na liberação de toda escravidão espiritual e material, liberação proveniente de Cristo o Redentor, não só que é plausível mas também necessária e compromete a todos os católicos a trabalhar por um mundo mais humano, mais justo e solidário”.
Além disso, sustenta que agora “corresponde aos atuais diretores da Escola Inti e aos pais de família resolver livremente o tipo de escola que querem: particular, leiga ou paroquial” e esclarece que somente se for paroquial, a Arquidiocese assumirá sua responsabilidade.
Finalmente, o Arcebispo e o clero local, pedem “que os dolorosos incidentes sofridos impulsionem a todos os discípulos de Jesus para que com renovado entusiasmo, em plena comunhão com o Papa e os Bispos, trabalhemos juntos, anunciando o Reino de Deus, Reino de santidade, de justiça, de amor e de paz, com particular predileção, como o fez o Senhor Jesus pelos mais pobres”.
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