21 de novembro de 2024 Doar
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Crise na Venezuela: Leigos e bispos pedem urgente mudança política

Os bispos e leigos da Venezuela, reunidos em sua primeira assembleia conjunta, incentivaram os venezuelanos "a levantar sua voz" ante a gravíssima crise que o país sofre e cuja saída exige "urgente uma mudança política profunda" que o afaste do "projeto político-ideológico" imposto pelo governo e que é moralmente inaceitável.

Os leigos e bispos, cuja assembleia foi realizada durante a assembleia plenária do Episcopado, denunciaram que na Venezuela existe a "violação sistemática dos direitos humanos e da Constituição, a progressiva desconstitucionalização de todos os espaços do poder público, a militarização dos âmbitos de participação cidadã".

Além disso, os venezuelanos também enfrentam "a escassez, a violência, a insegurança, a fome, as doenças, a hiperinflação, o decaimento dos serviços públicos, a diminuição da qualidade da educação e os ataques contra a família e a vida".

O texto, enviado ao Grupo ACI no dia 10 de janeiro assinalou que a Igreja na Venezuela também sofre as consequências da crise, cuja causa principal "é a decisão oficial de impor aos venezuelanos um projeto político-ideológico contra a Constituição e moralmente inaceitável".

"Por isso, é urgente uma mudança política profunda, que torne possível uma convivência cidadã solidária, onde todos os venezuelanos possam conviver em uma democracia baseada na verdade e na liberdade, na justiça e na paz, na reconciliação e na fraternidade".

Nesse sentido, os leigos e bispos convidaram os venezuelanos, cada um "nos seus afazeres cotidianos e onde quer que estejam, a levantar a sua voz e esforçar-se em conseguir a reconstrução e o progresso do país".

"Em meio à crise, somos pessoas de fé e esperança. Estamos convencidos das capacidades do ser humano para superar as dificuldades. Como filhos de Deus, confiamos no auxílio da providência divina", expressou o comunicado.

O texto é finalizado invocando "como católicos" a Virgem de Coromoto, Padroeira do país, "para que nos cubra com seu manto e nos acompanhe em nosso compromisso por uma Venezuela melhor".

Crise econômica

No domingo, o Presidente Nicolás Maduro anunciou o aumento do salário mínimo em 50% a partir do dia 15 de janeiro, ou seja, agora receberão 40.683 bolívares, aproximadamente 60 dólares, segundo as taxas de câmbio oficiais, mas 12 dólares no mercado negro.

Embora Maduro some a este valor os 63.720 bolívares da Cesta-Ticket – um complemento salarial obrigatório para os trabalhadores –, a realidade mostra que 104.358 bolívares não são suficientes para cobrir as necessidades de uma família venezuelana.

Segundo o Centro de Documentação e Análise Social da Federação Venezuelana de Professores (Cendas-FVM) informou em 26 de dezembro de 2016, o preço da Cesta Básica Familiar em novembro era de 624.544,78 bolívares, aumentando em 49.216,74 bolívares (8,6%) com relação a outubro.

A Cesta Básica Familiar inclui tanto o valor dos alimentos, como os preços dos produtos de higiene pessoal, do lar, remédios, entre outros.

Situação política

A respeito da crise política, a tentativa da Mesa de Unidade Democrática (MUD) de convocar novas eleições se afastou mais depois que em 10 de janeiro Maduro completou quatro anos de governo e, portanto, era o prazo para revogar o governo e convocar novas eleições.

Agora, de acordo com a Constituição, caso Maduro perca em um suposto referendo revogatório, somente seria substituído pelo recém nomeado vice-presidente Tareck el Aissami, que assumiria o período até 2019.

El Aissami, de origem síria e ex-ministro do Interior de Hugo Chávez, é considerado um "chavista radical" e, segundo informou em maio de 2015 'The World Street Journal', é suspeito de receber "subornos para facilitar envios de drogas".

Além disso, a decisão da Assembleia Nacional – dominada pela oposição – de declarar "o abandono do cargo" de Maduro a fim de convocar novas eleições, não prosperaria porque receberia o veto do Supremo Tribunal de Justiça, controlado pelo governo e que no dia 9 de janeiro assinalou que o parlamento "não tem faculdade para destituir o presidente".

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