Vaticano, Jan 19, 2017 / 10:00 am
A homilia do Papa Francisco na Missa celebrada na Casa Santa Marta se centrou no Evangelho do dia, no qual uma grande multidão segue Jesus e inclusive os maus espíritos reconheciam que Ele era o Filho de Deus. O Pontífice alertou, então, acerca dos espíritos do mal que tentam levar o homem por caminhos errados.
Francisco falou acerca do relato evangélico no qual os espíritos impuros reconheciam que Jesus era o Filho de Deus. "Esta é a verdade; esta é a realidade que cada um de nós sente quando Jesus se aproxima. Os espíritos impuros tentam impedi-lo, nos fazem guerra. 'Mas, Padre, eu sou muito católico; sempre vou à missa… Mas jamais, jamais tenho essas tentações. Graças a Deus não!'".
"Reze, porque você está no caminho errado!", disse o Papa. "Uma vida cristã sem tentações não é cristã: é ideológica, é gnóstica, mas não é cristã. Quando o Pai atrai as pessoas a Jesus, há outro que atrai de modo contrário e provoca a guerra interior! E, por isso, Paulo fala da vida cristã como uma luta: uma luta de todos os dias. Uma luta!".
Trata-se de uma luta "para vencer, para destruir o império de satanás, o império do mal". E, por isso, disse, "Jesus veio para destruir, para destruir satanás! Para destruir a sua influência nos nossos corações". O Pai, retomou, "atrai as pessoas a Jesus", enquanto "o espírito do mal tenta destruir, sempre!".
O Santo Padre se perguntou se as pessoas realmente lutam contra o mal e assinalou que se a gente quer ir avante "é preciso lutar, sentir o coração que luta, para que Jesus vença".
"Pensemos em como está o nosso coração: eu sinto esta luta no meu coração? Entre a comodidade ou o serviço aos outros, entre o divertir-me um pouco ou rezar e adorar o Pai, entre uma coisa e outra, sinto a luta? A vontade de fazer o bem ou algo me detém, me torna ascético? Eu acredito que a minha vida comova o coração de Jesus? Se eu não acredito nisto, devo rezar muito para acreditar, para que me seja concedida esta graça".
"Por que essa multidão o seguia?", perguntou o Papa. O Evangelho nos diz que havia "doentes que queriam ser curados". Mas havia também pessoas que gostavam de "ouvir Jesus, porque falava não como os seus doutores, mas com autoridade" e "isso tocava o coração".
Essa multidão "vinha espontaneamente", "não era levada de ônibus, como vemos muitas vezes quando se organizam manifestações e muitos devem 'verificar' a presença para não perder o trabalho".
As pessoas "iam porque sentiam alguma coisa" e Jesus se vê obrigado a pedir um barco e se afastar um pouco da margem. "Alguns eram curiosos, mas esses eram os céticos, a minoria. Esta multidão era atraída pelo Pai: era o Pai que atraia as pessoas a Jesus a tal ponto que Jesus não ficava indiferente, como um mestre estático que dizia as suas palavras e depois lavava as mãos. Não! Esta multidão tocava o coração de Jesus".
Francisco explicou que ante esta realidade "Jesus se comoveu, porque via estas pessoas como ovelhas sem pastor" e "o Pai, através do Espírito Santo, atraia as pessoas a Jesus".
O Papa assegurou que não são os assuntos "apologéticos" que movem as pessoas, mas "é necessário que o Pai nos atraia a Jesus".
"Que cada um de nós busque no seu coração como está esta situação ali. E peçamos ao Senhor para sermos cristãos que saibam discernir o que acontece no próprio coração e escolher bem o caminho pelo qual o Pai nos atrai a Jesus", convidou.
Evangelho comentado pelo Papa:
Marcos 3, 7-12
Naquele tempo, 7Jesus se retirou para a beira do mar, junto com seus discípulos. Muita gente da Galileia o seguia. 8E também muita gente da Judeia, de Jerusalém, da Idumeia, do outro lado do Jordão, dos territórios de Tiro e Sidônia, foi até Jesus, porque tinham ouvido falar de tudo o que ele fazia. 9Então Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca, por causa da multidão, para que não o comprimisse.
10Com efeito, Jesus tinha curado muitas pessoas, e todos os que sofriam de algum mal jogavam-se sobre ele para tocá-lo. 11Vendo Jesus, os espíritos maus caíam a seus pés, gritando: "Tu és o Filho de Deus!" 12Mas Jesus ordenava severamente para não dizerem quem ele era.
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