5 de dezembro de 2024 Doar
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Assassin’s Creed: Os graves erros históricos do filme sobre a Igreja Católica

Trailer de Assasin's Creed | Captura do You Tube

O filme Assassin's Creed foi baseado na saga de vídeo games do mesmo nome e acontece na Espanha durante o período dos Reis Católicos. Apesar de ser fantasia, repete todas as lendas negras e falsas sobre a Igreja, os Reis Católicos e a Inquisição.

Segundo um artigo publicado pelo jornal ABC, "não há nada condenável em uma trama de fantasia, só quando esta quer mostrar como se fosse verdade uma versão da história cheia de erros mal-intencionados. A trama do filme Assassin's Creed é alimentada pela lenda negra sobre a Espanha inventada durante um período no qual as propagandas francesa, holandesa e inglesa trabalharam com agilidade contra a potência hegemônica".

Granada, 1492

Um dos erros mais destacados é a existência de uma sociedade secreta de assassinos que defende a cidade de Granada, junto com os muçulmanos, do assédio cristão em 1492. A cidade se rendeu em 2 de janeiro de 1492 e no filme esta ação se desenvolve durante várias semanas, o que é impossível.

Além disso, aparecem bandeiras espanholas, vermelhas e amarelas, que não apareceram até o século XVIII, ou seja, dois séculos depois.

"Ao contrário do que foi mostrado no filme Assassin's Creed, o desenlace do assédio não teve caráter bélico nem ocasionou uma entrada violenta na cidade", precisa o jornal ABC e aponta que, "no dia 25 de novembro de 1491, os Reis Católicos assinaram, com o recém nomeado emir Boabdil, o acordo definitivo para render o último reduto muçulmano na península".

"Os monarcas se comprometiam a respeitar os bens e as pessoas que viviam em Granada, a garantir a liberdade de culto e que continuasse usando a lei corânica para resolver conflitos entre muçulmanos", indica o jornal espanhol.

"No dia 2 de janeiro de 1492, houve uma cerimônia desprovida de humilhações, como demonstra o fato de que Boabdil não beijou as mãos dos Reis", aponta.

Sobre a Inquisição espanhola

Em uma cena do filme, a rainha Isabel I de Castela (conhecida como "Isabel a Católica") aparece com uma roupa árabe e com um véu negro sobre o seu rosto, algo impossível, e não com o seu típico lenço branco que usava sobre a cabeça. Além disso, os Reis Católicos, Isabel e Fernando, participam junto com o inquisidor Torquemada da queima de várias pessoas supostamente muçulmanas.

Na verdade, o Tribunal da Inquisição – também conhecido como Santo Ofício – foi criado para a expulsão dos judeus na região de Sevilha, e a religião muçulmana na Espanha só foi perseguida até várias centenas de anos depois, por volta do século XVI e XVII. Além disso, as execuções não eram mostradas, tampouco presenciadas pelos reis e pelas autoridades.

Embora tenham dito que 10.000 pessoas foram executadas pela Inquisição, segundo dados do hispanista Henry Kamen, recolhidos pela ABC, na verdade a cifra é de aproximadamente 2.000 pessoas.

O jornal espanhol indicou ainda que as condenações nem sempre eram à fogueira, mas também impunham multas econômicas ou servir em antigas embarcações como remadores durante um tempo.

Segundo a informação recolhimento pela ABC, a tortura para a Inquisição não era uma opção frequente. Era realizada na presença de um inquisidor e de um médico para evitar danos permanentes. As confissões obtidas durante esse tempo não eram válidas e deviam ser confirmadas depois que o castigo acabasse.

"Em relação aos termos abertamente fantasiosos, o filme apresenta um passado alternativo no qual os templários estão atrás da Inquisição espanhola e dos planos de se apropriar de Granada, pois aqui se esconderia um objeto com poderes sobrenaturais", indica o artigo.

Entretanto, assim como no resto da Europa, a ordem dos templários foi abolida e havia desaparecido da Espanha pelo menos um século antes da época apresentada no filme.

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