WASHINGTON DC, Jan 26, 2017 / 15:00 pm
Os bispos dos Estados Unidos criticaram a recente ordem executiva do presidente Donald Trump que busca construir, de forma "imediata", um muro na fronteira com o México para combater a imigração ilegal.
Em 25 de janeiro, Trump, que havia prometido esta decisão durante a sua campanha eleitoral, assinou a ordem executiva intitulada "Segurança Fronteiriça e Melhoras no Controle da Imigração".
Entre outras disposições, o documento determina "assegurar a fronteira sul dos Estados Unidos através da imediata construção de um muro na fronteira sul, monitorado e promovido por uma equipe adequada a fim de prevenir a imigração ilegal, o tráfico de drogas e de pessoas e atos de terrorismo".
Atualmente, existe um muro que foi construído durante o governo de Bill Clinton, que está em diversos setores da fronteira entre os Estados Unidos e o México.
O presidente do Comitê de Migração da Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB, na sigla em inglês) e Bispo de Austin, Dom Joe Vasquez, manifestou estar "decepcionado" com o anúncio do muro.
"Estou decepcionado, pois o presidente priorizou construir um muro em nossa fronteira com o México", lamentou.
"Esta ação colocará a vida dos imigrantes em perigo".
"A construção desse muro fará com que os imigrantes, sobretudo os mais vulneráveis, mulheres e crianças, sejam ainda mais explorados por traficantes e contrabandistas. Além disso, a construção dessa barreira desestabilizará muitas comunidades que vivem pacificamente ao longo da fronteira", disse.
Dom Vasquez disse que, "em vez de construir muros, neste tempo, meus irmãos bispos e eu continuaremos seguindo o exemplo do Papa Francisco. Nós procuraremos construir pontes entre as pessoas, pontes que nos permitam derrubar os muros da exclusão e da exploração".
O presidente do Comitê de Migração da USCCB se referiu também às novas disposições do governo em relação ao controle migratório. "O anunciado incremento no espaço de detenção para imigrantes e as atividades de controle imigratório é alarmante", disse.
"Isso dividirá as famílias e causará medo e pânico nas comunidades", assinalou.
"Embora respeitemos o direito do nosso governo federal de controlar nossas fronteiras e garantir a segurança para todos os americanos, não acreditamos que uma escalada em grande escala da detenção de imigrantes e o crescente intensivo uso de controle em comunidades imigrantes seja o caminho para chagar a essas metas", indicou.
Dom Joe Vasquez assinalou que, em vez dessas políticas, os bispos americanos manterão firme "o nosso compromisso de uma reforma compreensiva, compassiva e de sentido comum".
"Todos os dias, meus irmãos bispos e eu testemunhamos os efeitos nocivos da detenção de imigrantes em nossos ministérios. Experimentamos a dor de famílias que lutam para viver uma vida que tenha semelhança com uma vida familiar normal. Vemos crianças traumatizadas em nossas escolas e em nossas igrejas", recordou.
O presidente do Comitê de Migração da USCCB assegurou que os bispos americanos continuarão "apoiando e vivendo a solidariedade com as famílias imigrantes. Recordamos às nossas comunidades e à nossa nação que estas famílias têm um valor intrínseco como filhos de Deus".
"E a todos os afetados pela decisão de hoje, estamos aqui para caminhar com vocês e acompanhá-los nesta viagem", assinalou.
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