SANTIAGO, Jun 3, 2005 / 11:31 am
O Bispo Auxiliar Emérito de Santiago, Dom Sergio Valech Aldunate, expressou seu desejo de que após da entrega de um último capítulo sobre as torturas aplicadas durante a ditadura de Augusto Pinochet, se abra “uma nova etapa de reconciliação do país”, solucionem-se “os problemas do futuro e deixemos o passado”.
O Prelado, que presidiu a Comissão sobre a Prisão Política e Tortura durante ano e meio, entregou ao Presidente Ricardo Lagos um último relatório após reconsiderar o pedido de sete mil pessoas que sofreram prisão para que seus casos fossem novamente avaliados.
Destes sete mil casos, a comissão considerou que 1201 pessoas sofreram torturas, entre elas 87 meninos menores de doze anos, que foram detidos junto a seus pais, nasceram na prisão, ou inclusive estavam em gestação quando suas mães foram torturadas. Em total, segundo o grupo de trabalho, foram afetados pelo regime do Pinochet, 28 mil e 456 pessoas.
“Custa-nos imaginar que como resultado de situações tão profundas de desencontro entre os chilenos, tenha podido haver meninos, ônibus ou aqueles que ainda estavam no ventre de suas mães e que a dor delas provavelmente também chegou aos que estavam no processo de gestação”, assinalou Lagos ao receber o relatório.
Do mesmo modo, reconheceu que “dizer perdão de parte do Estado é talvez pouco”. Acrescentou que as pessoas incluídas formarão parte da lista daqueles que receberão uma reparação civil.
Sobre as críticas ao trabalho da comissão, Dom Valech indicou que “nunca vai ficar contente a gente, mas fizemos o que nos tinham pedido da melhor forma”.
Por sua parte, a vice-presidenta do grupo de trabalho, María Luisa Sepúlveda, assinalou que os seis mil casos que não foram admitidos como violações aos direitos humanos, correspondem a pessoas detidas durante protestos maciços, por isso se trata de “abuso de poder”.
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