24 de novembro de 2024 Doar
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O que a Igreja faz ante as ordens migratórias de Trump? Arcebispo de Los Angeles responde

Muro entre Estados Unidos e México, em El Paso, Texas. | Flickr Jonathan McIntosh (CC BY 2.0).

Em um recente artigo publicado em 'Ángelus News', o Arcebispo de Los Angeles (Estados Unidos), Dom José Gómez, lamentou por algumas ordens executivas assinadas pelo presidente Donald Trump em relação aos imigrantes, refugiados e à construção de um muro na fronteira com o México. Entretanto, o Prelado assinalou que nestas circunstâncias a missão da Igreja "é clara".

Dom Gómez, também vice-presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB, na siglas em Inglês), assegurou que "a nossa missão é clara: somos chamados a ouvir o lamento do pobre e a abrir as nossas portas ao desconhecido que necessita e buscar o rosto de Cristo que vem a nós através do imigrante e do refugiado".

Durante seus primeiros dias no governo, Trump deu ordens executivas controversas relacionadas aos migrantes, determinando, entre outras coisas, impedir o programa de admissão de refugiados para o país durante 120 dias e, no caso dos refugiados sírios, suspender indefinidamente o seu acesso aos Estados Unidos.

Trump também ordenou que impedissem o acesso de cidadãos do Irã, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen ao país.

Outra ordem executiva polêmica de Trump foi o anúncio da "imediata construção de um muro na fronteira sul, monitorado e promovido por uma equipe adequada a fim de prevenir a imigração ilegal, o tráfico de drogas e de pessoas e atos de terrorismo".

Em seu artigo intitulado "Sobre as ordens executivas", publicado no dia 31 de janeiro, Dom Gómez lamentou que "parece que não pensaram muito" acerca da legalidade das ordens executivas de Trump, "ou em explicar a sua razão de ser ou considerar as consequências práticas para milhões de pessoas aqui e no mundo inteiro".

"É verdade que as ordens de refugiados não são uma 'proibição de muçulmanos', como alguns manifestantes e meios de comunicação estão afirmando. De fato, muitos países de maioria muçulmana não são afetados pelas ordens, incluindo alguns que têm problemas com o terrorismo, como Arábia Saudita, Paquistão e Afeganistão", assinalou.

Entretanto, "isso não torna essas ordens menos preocupantes".

"Impedir a admissão de refugiados por 90 ou 120 dias não pode ser visto como um longo período de tempo. Mas, para uma família que foge de uma nação destruída pela guerra, ou pela violência dos cartéis de drogas, ou pelos senhores da guerra que obrigam inclusive as crianças a se alistar em seus exércitos, isso pode significar a diferença entre a vida e a morte", advertiu.

Além disso, indicou, "nem todos os refugiados são terroristas e os refugiados nem sequer são a principal fonte de ameaças ao nosso país".

Como exemplo disso, o Arcebispo de Los Angeles recordou que os ataques terroristas do Estado Islâmico em San Bernardino (Califórnia), "foi 'cultivado em casa', perpetrado por um homem que nasceu em Chicago".

Embora tenha destacado que "uma das ordens significa que o nosso país finalmente começará a priorizar a ajuda aos cristãos e outras minorias perseguidas", o Prelado americano perguntou: "Será que Deus quer que a nossa compaixão pelas pessoas pare nas fronteiras da Síria? Agora nós decidiremos se algumas pessoas não merecem nosso amor, porque a cor da sua pele e a sua religião são diferentes ou nasceram no país 'errado'?".

Dom Gómez lamentou que "em nome de mostrar inflexibilidade e determinação, estamos comunicando ao mundo uma dura indiferença".

"Neste momento, não há nenhuma nação que aceite mais refugiados do que os Estados Unidos. Que tipo de mensagem estamos enviando ao mundo?".

"Todos estamos de acordo de que nossa nação tem a obrigação de proteger suas fronteiras e estabelecer critérios para quem permite entrar e por quanto tempo é permitido ficar", disse, mas sublinhou que "nossa abordagem a todos esses temas deve ser consistente com nossos ideais. Os Estados Unidos sempre foram diferente, alguns diriam excepcional".

"Acolher imigrantes abrigar refugiados sempre foi algo especial e essencial sobre quem somo, como uma nação e como um povo", indicou.

Embora "estas novas ordens a respeito da imigração exijam principalmente apenas voltar à prática de aplicar as leis vigentes", Dom Gómez advertiu que "o problema é que as nossas leis não foram aplicadas por muito tempo e agora temos milhões de imigrantes indocumentados vivendo, trabalhando, adorando a Deus e frequentando escolas em nosso país".

"Isso inclui milhões de crianças que são cidadãos vivendo em lares com pais indocumentados. Estas crianças têm o direito – como cidadãos e como filhos e filhas de Deus – de crescer com alguma garantia de que os seus pais não serão deportados", disse.

O Prelado assinalou que as ordens executivas de Trump "não mudam o fato de que a nossa nação precisa de uma verdadeira e duradoura reforma no nosso sistema de imigração".

"Uma política somente de aplicação – sem reforma do sistema subjacente – apenas causará um pesadelo de direitos humanos", advertiu.

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