24 de novembro de 2024 Doar
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Bispos dos Estados Unidos pedem a Trump que não feche as portas aos refugiados

Uma família de refugiados iraquianos foge de Mosul | Flickr de UNHCR UN Refugee Agency

Com pessoas fugindo das crises humanitárias em todo o mundo, a nova ordem executiva do presidente Donald Trump para impedir as admissões de refugiados está equivocada, expressaram o presidente da Comissão de Migrações do Episcopado e vários grupos de ajuda aos refugiados.

"Continuamos profundamente preocupados com as consequências humanas da revisada ordem executiva sobre admissão de refugiados e proibição para viajar. Embora observemos os esforços do governo para modificar a ordem executiva em função de vários problemas legais, a ordem revisada ainda faz com que muitas vidas inocentes estejam correndo perigo", advertiu Dom Joe Vásquez, Bispo de Austin e presidente da Comissão das Migrações da Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB).

"Os bispos católicos dos Estados Unidos reconheceram há muito tempo a importância de garantir a segurança pública e dariam as boas-vindas às medidas razoáveis e necessárias para alcançar esse objetivo", disse no último dia 6 de março.

"Entretanto, com base no conhecimento que os refugiados já estão sujeitos ao vigoroso processo de investigação de antecedentes, que qualquer pessoa que entra nos Estados Unidos, não tem mérito para impedir o programa de reinstalação de refugiados, enquanto consideram impulsionar outras melhorias neste processo de escrutínio", acrescentou.

Por sua parte, Bill O'Keefe, vice-presidente de relações governamentais e de apoio em Catholic Relief Services, disse que, "com o maior número de refugiados no mundo desde a Segunda Guerra Mundial, este não é o momento para que o líder mundial de reinstalação de refugiados volte atrás".

Na segunda-feira, Trump emitiu uma nova ordem executiva sobre imigração e refugiados, que revogou uma norma anterior, a mesma que foi bloqueada por um tribunal de apelações.

A ordem anterior havia suspendido a entrada de imigrantes de sete países de maioria muçulmana. Agora, o número foi reduzido para seis.

Na lista são mantidos os cidadãos de Irã, Somália, Sudão, Iêmen, Síria e Líbia, que serão submetidos a 90 dias de proibição de viajar aos Estados Unidos. O Iraque, que estava na primeira lista, foi excluído depois que o seu governo aumentou a informação compartilhada com as autoridades norte-americanas.

As exceções da proibição de vistos inclui os refugiados já admitidos aos Estados Unidos, aos residentes permanentes legais, aos que receberam seus vistos antes das 17h no dia 27 de janeiro – quando foi assinada a primeira ordem executiva – e as pessoas com vistos diplomáticos.

Além disso, diminuiu o número total de admissões de refugiados a 50.000 para o ano fiscal de 2017. A administração Obama aceitou 85.000 refugiados no ano fiscal de 2016, incluindo mais de 12.000 da Síria.

O'Keefe advertiu que 35.000 refugiados já foram aceitos neste ano fiscal, isto significa que, sob a nova política, muito poucos refugiados serão aceitos entre março e setembro.

Dom Vásquez assinalou que "a reinstalação de somente 50.000 refugiados por ano, abaixo de 110.000, não reflete a necessidade, a nossa compaixão e a nossa capacidade como nação".

O Prelado assinalou: "Somos capazes de continuar ajudando os mais vulneráveis entre nós, sem sacrificar nossos valores como americanos ou a segurança da nossa nação".

Por sua parte, O'Keefe recordou que a guerra civil na Síria causou mais de 11 milhões de deslocados e cerca de 5 milhões de refugiados, mas também há os conflitos no Iraque, na Nigéria e na Ucrânia; além das quatro situações de fome na África e no Oriente Médio. Com tudo isso, "os Estados Unidos precisam aumentar a sua ajuda humanitária", indicou.

O representante do Catholic Relief Services assinalou que "ser sírio não predispõe a alguma das coisas que nosso sistema de escrutínio de antecedentes verificaria".

Além disso, a perseguição por motivos religiosos já é um dos cinco critérios de vulnerabilidade para aqueles refugiados que estão sendo vetados para a admissão nos Estados Unidos, assinalou. Acrescentou ainda que alguns líderes de igrejas locais disseram que uma designação especial "não seria útil" e, "na realidade, os expõe a um perigo maior".

Do mesmo modo, o vice-presidente de comunicações e planejamento estratégico dos Cavaleiros de Colombo, Andrew Walther, disse à CNA – agência em inglês do Grupo ACI – que as minorias cristãs perseguidas, incluindo as vítimas de genocídios, devem ter um "resultado equitativo" quando se busca realocar em outro lugar.

"Como parte da revisão dos procedimentos de admissão de refugiados, o processo de referência ACNUR para os refugiados deveria ser atentamente analisado e as graves desigualdades no número de refugiados sírios admitidos de comunidades selecionadas por genocídio deveriam ser retificadas", disse. Os refugiados devem se registrar primeiro com o ACNUR para ser elegível para o reassentamento.

Entretanto, embora os cristãos representem apenas uma pequena porcentagem da população da Síria, a porcentagem de refugiados cristãos sírios reassentados nos Estados Unidos é inclusive menor, assinalou Walther.

Nesse sentido, o Patriarca sírio-católico de Antioquia, Ignatius Joseph II Younan, advertiu que os cristãos que esperam ser realocados nos Estados Unidos ainda não tiveram a oportunidade.

"Eu, pessoalmente, escutei em várias ocasiões de muitos de nossos refugiados cristãos no Líbano e na Jordânia que sua solicitação para visto de refugiados, seja para os Estados Unidos ou para o Canadá, estão sem nenhuma resposta, se não é negada pelos consulados", de ambos os países, assinalou.

* Notícia atualizada às 18:06h, horário de Brasilia (GMT-03).

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