24 de novembro de 2024 Doar
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Arcebispo recorda a Maduro que o Papa já foi claro sobre a crise na Venezuela

Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro | Facebook Nicolás Maduro

O presidente Nicolás Maduro é que gera a violência na Venezuela e "não quer nenhum diálogo", afirmou Dom Roberto Lückert, presidente da comissão episcopal de Justiça e Paz, ao recordar que o Papa Francisco "foi muito claro" sobre qual é o caminho para superar a grave crise que o país enfrenta.

Dom Lückert se pronunciou depois que Maduro anunciou através da televisão estatal que na segunda-feira enviaria uma carta ao Pontífice para lhe pedir "que sirva de intermediário para que a oposição venezuelana deixe de utilizar as crianças em atos violentas e em grupos terroristas".

"Ele (Maduro) não quer nenhum diálogo. Quando veio o enviado do Papa entraram em acordo em várias coisas. Primeiro, eleições universais e secretas; segundo, liberdade aos presos políticos. Isso o governo não cumpriu. Eles não respeitaram o que ficou pactuado na primeira versão do diálogo. Não sei o que mais o Papa vai fazer", expressou o também Arcebispo emérito de Coro.

Dom Lückert se referiu à mesa de diálogo entre o governo e a oposição realizada em outubro e novembro do ano passado e que foi auspiciada pela União das Nações Sul-americanas (UNASUR). O Vaticano esteve presente como facilitador através de Dom Claudio Maria Celli.

Em conversa com o Grupo ACI, o Arcebispo assinalou que "o Papa foi muito claro e já se manifestou nas declarações que deu por ocasião da visita (ao Vaticano) da presidência da Conferência Episcopal Venezuelana na semana passada". "O primordial que o Papa está pedindo são eleições universais e secretas o mais rápido possível para terminar esta crise democrática que o país tem", afirmou.

Indicou que Francisco está consciente de que o problema na Venezuela é "muito grave". "Não só no tema da violência, mas no caso humanitário. Não há comida, não há remédios (...). Maduro deixou o país escapar de suas mãos", assinalou.

Dom Lückert criticou que o presidente e os que estão próximos a ele culpem a oposição da violência. "Isso nem ele acredita, porque há fotos, há vídeos, tudo, nos quais se vê a agressão" e roubos cometidos pelos efetivos da Guarda Nacional Bolivariana contra os manifestantes. "Guardas nacionais invadindo residenciais. Como chamam isso? Isso é violência", denunciou.

"Como vão responder os jovens que vão lá, estudantes? Com flores? A violência gera violência e eles (o governo) geram a violência. Eles estão gerando a violência", reiterou Dom Lückert, que expressou que, "como Arcebispo, como venezuelano, não quero mais sangue de jovens nas ruas do meu país";

Segundo a Procuradoria, nos 73 dias de protestos nas ruas contra o governo, a repressão e outros atos de violência deixaram 67 mortos e mais de mil feridos.

Dom Lückert criticou que Maduro diga que as crianças são enviadas às manifestações quando se trata de estudantes que estão expressando "o sentimento venezuelano".

"Por que Maduro tem medo das eleições? Porque vai perder", afirmou o Prelado. Indicou que o governo convocou uma Assembleia Constituinte porque não fará "eleição universal e secreta", mas o próprio regime escolherá os membros. "Isso é uma ditadura", denunciou.

Nesse sentido, reiterou que "o Papa não tem por que se meter nisso, porque não é problema do Papa. O Papa já deixou claro o que tem que fazer e o que Maduro tem que fazer".

"Os jovens são os que levam adiante os países e são os que protestam. Neste caso, os jovens da Venezuela, os universitários da Venezuela estão na linha de defesa da Constituição e da democracia", afirmou.

Dom Lückert, que denunciou a ingerência do governo comunista de Cuba, disse que no caso da Venezuela, "estamos lutando porque vivemos 40 anos de democracia, com erros sim, mas com democracia". "Ao contrário, em Cuba – que passou da ditadura de Fulgêncio Batista para a de Fidel Castro – não se sabe o que é democracia" e os jovens não têm com que comparar, assinalou.

O Arcebispo assegurou também que Maduro e as pessoas próxima a ele "não querem deixar o poder porque sabem que serão presos" e o mesmo acontece em Cuba, onde "se saem de lá, todo o pessoal dos Castro vão presos também".

Dom Lückert lamentou que por causa da crise, "jovens venezuelanos preparados, com carreiras universitárias", deixem o país.

O Prelado exortou os venezuelanos, "sobretudo os jovens, que pensem, que amem a Venezuela, que continuem lutando pela Venezuela democrática, que erguem a bandeira da pacificação e não da violência, porque a violência gera mais violência".

Nesse sentido, Dom Lückert chamou os jovens a não agredir, mas manifestar "que queremos paz, que queremos viver na democracia por muitos e longos anos".

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