ROMA, Jul 3, 2017 / 16:00 pm
Em uma breve entrevista concedida algumas horas depois de saber que já não seria o responsável pela Congregação para a Doutrina da Fé, o Cardeal Gerhard Müller disse que a decisão era normal e não o resultado de algum conflito entre ele e o Papa Francisco.
"Não houve desavenças entre mim e o Papa Francisco", disse o Cardeal Müller em Mainz (Alemanha), ao jornal local 'Allgemeine Zeitung'.
Müller falou ao jornal enquanto realizava uma visita em Mainz por ocasião da reunião pelos 50 anos da sua turma do colégio. Viajou à cidade alemã em 30 de junho, depois da sua reunião com o Papa Francisco e de receber a notícia de que não seria renovado o seu mandato como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
O Cardeal, de 69 anos, disse que embora não saiba os detalhes da razão pela qual o seu período de 5 anos não foi renovado, o Papa lhe informou acerca da sua vontade de acabar com o costume de renovar os mandatos na Cúria Romana.
Embora tenha sido comum até agora que estes períodos de 5 anos sejam renovados, o Cardeal disse que durante a sua reunião, o Papa Francisco disse que pretende ter gradualmente uma pratica de limitar os mandatos a somente 5 anos e "acontece que eu a primeira pessoa a quem esta pratica está sendo aplicada".
"Eu não me preocupo muito", disse o Cardeal, acrescentando que "em algum ponto, todos devemos parar".
O Cardeal Müller foi nomeado para dirigir a Congregação para a Doutrina da Fé, o dicastério mais importante na Cúria Romana, por Bento XVI, antes da sua renúncia em 2012. O cargo incluía a responsabilidade de ser Presidente da Pontifícia Comissão "Ecclesia Dei", a Pontifícia Comissão Bíblica e a Comissão Teológica Internacional.
O Papa Francisco renovou a nomeação do Cardeal na Congregação para a Doutrina da Fé e para as outras comissões depois da sua eleição, permitindo que o Prelado servisse durante o período de 5 anos, que termina no dia 2 de julho.
O Vaticano anunciou no dia 1º de julho que o Arcebispo jesuíta Luis Ladaria assumirá o cargo do Cardeal Müller.
Dom Ladaria foi nomeado Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé por Bento XVI, em 2008, e é conhecido por ser simples, ortodoxo em sua teologia, muito intelectual.
Em sua entrevista ao jornal 'Allgemeine Zeitung', o Cardeal Müller reiterou que o seu período como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé "chegou ao fim", e que a decisão de substituí-lo não teve nada a ver com algum tipo de conflito, como insinuaram alguns meios de comunicação.
Não foi devido às diferenças de opinião sobre a Exortação Apostólica Amoris Laetitia, do Papa Francisco. Embora os dois não concordassem com todos os aspectos do texto, o Cardeal insistiu que não houve uma briga a respeito disso.
O Cardinal Müller lamentou a decisão do Papa de retirar três membros da sua equipe, há algumas semanas, porque "eram pessoas competentes".
Em relação ao seu novo cargo, o Cardeal disse que depois de deixar de ser o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, em 3 de julho, ficará no Vaticano.
"Trabalharei academicamente, seguirei servindo no meu papel como Cardeal, realizarei o trabalho pastoral", assinalou.
"Há muito por fazer em Roma", acrescentou, indicando que "em qualquer caso, normalmente eu seria um aposentado nesse momento".
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