Vaticano, Aug 1, 2017 / 10:30 am
O jornal da Santa Sé, L'Osservatore Romano, denunciou na capa o dia violento que a Venezuela viveu no domingo, que deixou de 10 a 15 mortos durante as eleições da Assembleia Nacional Constituinte impulsionada pelo governo de Nicolás Maduro.
"Sangue no voto na Venezuela. Protestos durante as eleições para a Assembleia Constituinte desejada por Maduro", é o título com o qual abre a edição de 31 de julho.
"Desenvolveu-se com violência as eleições para a Assembleia Constituinte na Venezuela, convocadas pelo presidente Nicolás Maduro em claro contraste com a oposição que controla o parlamento". "O protesto se estendeu em todo o país com momentos de verdadeira e própria guerrilha urbana", informou.
Segundo a Procuradora Geral da Venezuela e atual crítica ao regime, Luisa Ortega Díaz, "10 pessoas perderam a vida no contexto da eleição viciada" do domingo, somando um total de 121 mortos desde que os protestos começaram em abril.
Entretanto, a opositora Mesa de la Unidad Democrática (MUD) afirmou que desde a noite do sábado até domingo, os falecidos foram 15 pessoas.
O jornal vaticano recordou que inclusive nos dias anteriores, alguns sacerdotes católicos tiveram que intervir "para evitar que uma situação tensa entre a Guarda Nacional Bolivariana e os manifestantes na cidade de Ejido, no estado de Mérida, degenerasse".
"Os sacerdotes assumiram o papel de mediadores quando os carros armados se aproximaram da multidão que participava dos funerais de um jovem morto durante os protestos", relatou.
Sobre a participação nas eleições, o jornal indicou que enquanto os dados oficiais falam de 8,1 milhões de eleitores (41,5% dos eleitores registrados), "segundo a oposição, os dados oficiais foram falsificados".
L'Osservatore Romano recolhe também as palavras do Arcebispo de Caracas, Cardeal Jorge Urosa, que criticou que a Assembleia Constituinte é "ilegal, porque não foi convocada pelo povo" e não resolverá os problemas urgentes da população. O Purpurado indicou que este rechaço é compartilhado pelo Episcopado venezuelano.
"A comunidade internacional quase unanimemente condenou a violência e os Estados Unidos em uma noda do Departamento de Estado estigmatizou o voto pela Constituinte, 'concebida para substituir a Assembleia Nacional legitimamente eleita e para minar o direito do povo venezuelano à autodenomicação'", acrescenta.
Por sua parte, informou, Maduro afirma que "existe 'uma campanha nos meios de comunicação' para debilitar seu governo e pediu à Comissão nacional de telecomunicações que abra uma investigação à emissora Televen, acusada de não garantir cobertura suficiente da votação para transmitir ao vivo os protestos da oposição".
O jornal também recolhe as palavras do Secretário de Estado Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, que no domingo disse à agência ANSA que a Santa Sé está comprometida em buscar uma solução para a crise que seja "pacífica e democrática".
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