21 de novembro de 2024 Doar
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Papa Francisco na Colômbia: Superemos o ódio e a vingança para caminhar à reconciliação

Papa Francisco saúda o Presidente Juan Manuel Santos. | Efraín Herrera / Presidência da Colômbia

Em seu discurso às autoridades civis na manhã de hoje na Casa de Nariño, na capital da Colômbia, o Papa Francisco os encorajou a caminhar em direção à paz e à reconciliação, superando o ódio e a vingança, para construir uma pátria que é a casa de todos os colombianos.

O Santo Padre saiu da Nunciatura Apostólica, onde está hospedado nesses dias durante a visita à Colômbia, por volta das 8h27, em um carro fechado e se dirigiu à Casa de Nariño, onde foi recebido pelo presidente Juan Manuel Santos.

Às 9h01, o Pontífice e o presidente renderam honras às bandeiras da Colômbia e do Vaticano, e depois ouviram os respectivos hinos. O conhecido cantor Fonseca interpretou a canção, acompanhado por uma orquestra sinfônica. Em seguida, cantou "Puede ser".

O Papa, o presidente Santos e a sua esposa, caminharam no pátio onde ouviram os hinos saudando alguns fiéis, um grupo de crianças com Síndrome de Down e outros que sofreram queimaduras.

Em seguida, Santos e o Pontífice acenderam a "chama eterna" como símbolo da paz e da reconciliação; e depois o Papa abraçou um grupo de crianças.

Em suas palavras, o presidente colombiano disse: "Com muita alegria, damos-lhes as boas-vindas à nossa querida Colômbia, como presidente da República, em nome de mais de 49 milhões de compatriotas, e do fundo do coração".

"Obrigado, Santidade, por nos confirmar na fé, na unidade e no amor", acrescentou. "Obrigado, Santidade, por nos trazer a fonte viva da fé".

Santos também se referiu ao processo de paz e disse que "precisamos dar esse primeiro passo, o mais importante de todos, o passo em direção à reconciliação. De nada serve silenciar os fuzis se continuamos armados em nossos corações".

"Por mais de meio século, resignamo-nos à violência em nosso solo e as cinzas ainda são brasas ardentes que devemos apagar. Precisamos superar o ódio com a força maravilhosa do amor, precisamos ser capazes de perdoar e de pedir perdão", destacou.

Em seu discurso às autoridades, ao corpo diplomático, aos empresários e aos representantes da sociedade civil e da cultura, o Pontífice lamentou: "O tempo gasto no ódio e na vingança é muito... A solidão de estar sempre uns contra os outros já se conta por decênios e aproxima-se dos cem anos; não queremos que qualquer tipo de violência restrinja ou suprima nem mais uma vida".

"E quis vir aqui para vos dizer que não estais sozinhos, que somos muitos aqueles que vos queremos acompanhar nesta etapa; esta viagem quer ser um incentivo para vós, uma contribuição que aplane de algum modo o caminho para a reconciliação e a paz".

O Santo Padre também citou Gabriel García Márquez, o conhecido escritor colombiano que, ao receber o Prêmio Nobel em 1982, disse que "nem os dilúvios nem as pestes, nem as carestias nem os cataclismos, nem mesmo as guerras sem fim durante séculos e séculos conseguiram reduzir a vantagem tenaz da vida sobre a morte".

Francisco também enfatizou que só "com fé e esperança, é possível superar as numerosas dificuldades do caminho e construir um país que seja pátria e casa para todos os colombianos".

O Papa elogiou a biodiversidade da Colômbia e expressou seu apreço "pelos esforços feitos, durante os últimos decênios, para pôr termo à violência armada e encontrar caminhos de reconciliação". 

"Neste último ano, progrediu-se de modo particular; e os passos dados fazem crescer a esperança, na convicção de que a busca da paz é uma obra sempre em aberto, uma tarefa que não dá tréguas e exige o compromisso de todos".

"Que este esforço nos faça esquivar de toda a tentação de vingança e busca de interesses apenas particulares e a curto prazo", exortou.

O Papa Francisco recordou "o lema deste país: 'Liberdade e Ordem'. Nestas duas palavras, está compendiada toda uma lição. Os cidadãos devem ser valorizados na sua liberdade e protegidos por uma ordem estável".

"Não é a lei do mais forte, mas a força da lei (a lei que é aprovada por todos) que rege a convivência pacífica", continuou.

Como São Pedro Claver, disse o Papa, fixemos o olhar "nos mais frágeis, naqueles que são explorados e maltratados, naqueles que não têm voz, porque foram privados dela, não lhe concedendo ou não lhe reconhecendo".

Após ressaltar a importante contribuição da mulher e de expressar que a Igreja quer ajudar a construir uma Colômbia justa, Francisco recordou a importância do "respeito sagrado pela vida humana, sobretudo a mais frágil e indefesa, é uma pedra angular na construção de uma sociedade livre da violência".

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"Além disso, não podemos deixar de destacar a importância social da família, sonhada por Deus como o fruto do amor dos esposos, 'o espaço onde se aprende a conviver na diferença e a pertencer aos outros'".

Em seguida, o Papa pediu que não deixem de ver os pobres, porque eles "compreendem de verdade – como diz o texto do vosso hino nacional – as palavras d'Aquele que morreu na cruz".

"Tenho-vos presente nas minhas orações. Rezo por vós, pelo presente e pelo futuro da Colômbia", concluiu.

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