21 de novembro de 2024 Doar
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Papa Francisco: Tolerância zero ao horrível pecado dos abusos sexuais na Igreja

Papa durante a audiência. | L'Osservatore Romano

O Papa Francisco assegurou que "o abuso sexual é um pecado horrível, completamente oposto e em contradição com o que Cristo e a Igreja ensinam" e afirmou que "sentimos vergonha pelos abusos cometidos por ministros sagrados, que deveriam ser os mais dignos de confiança".

Em um discurso entregue aos membros da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores, ao recebê-los em audiência no Palácio Apostólico do Vaticano por ocasião da abertura de sua Assembleia Plenária, o Pontífice compartilhou "a profunda dor que sente na alma pela situação das crianças abusadas".

"O escândalo do abuso sexual é verdadeiramente uma ruína terrível para toda a humanidade e que afeta muitas crianças, jovens e adultos vulneráveis em todos os países e em todas as sociedades. Também para a Igreja tem sido uma experiência muito dolorosa", lamentou.

Entretanto, também valorizou o chamado recebido pela Igreja para "acolher a missão do Evangelho para a proteção de todos os menores ??e adultos vulneráveis", um apelo "que temos certeza de que vem diretamente de nosso Senhor Jesus Cristo".

Quanto ao abuso de menores cometido por alguns membros do clero, o Santo Padre reiterou que a igreja "em todos os níveis, responderá com a aplicação das mais firmes medidas a todos aqueles que traíram seu chamado e abusaram dos filhos de Deus".

"As medidas disciplinares que as Igrejas particulares adotaram devem ser aplicadas a todos que trabalham nas instituições da Igreja. Todavia, acrescentou, a responsabilidade primordial é dos bispos, sacerdotes e religiosos, daqueles que receberam do Senhor a vocação de oferecer suas vidas ao serviço, incluindo a proteção vigilante de todas as crianças, jovens e adultos vulneráveis".

"Por esta razão, a Igreja irrevogavelmente e em todos os níveis pretende aplicar contra o abuso sexual de menores o princípio da 'tolerância zero'".

Francisco também mostrou sua satisfação pelos resultados da aplicação do motu proprio

'Como uma mãe amorosa', que "aborda os casos de negligência dos Bispos diocesanos, Eparcas, Superiores dos Institutos religiosos que, por negligência, realizaram ou omitiram atos que puderam provocar um dano grave a outros, tanto de pessoas físicas ou de uma comunidade".

Usando as ferramentas proporcionadas por este motu proprio, "a Comissão enfatizou continuamente os princípios mais importantes que orientam os esforços da Igreja a fim de proteger todas as crianças e adultos vulneráveis. Deste modo, cumpriu a missão que confiei".

Finalmente, Francisco definiu como encorajador que muitas Igrejas particulares tenham adotado as recomendações da Comissão e que muitas Conferências Episcopais e Conferências de Superiores tenham procurado conselho e orientação da Comissão a fim de adotar diretrizes para a proteção de menores e adultos vulneráveis.

A Igreja "chegou tarde"

Embora o Papa tivesse entregado o seu discurso nas mãos dos membros da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores, também pronunciou algumas palavras improvisadas.

Francisco reconheceu as dificuldades encontradas pelos membros da Pontifícia Comissão: "Sei que não foi fácil começar este trabalho, que houve uma necessidade de ir contra a corrente, porque existe uma realidade, uma consciência de que a Igreja chegou um pouco tarde".

"E quando a consciência chega tarde – continuou –, os meios para resolver o problema chegam tarde. Sou consciente dessa dificuldade. Mas na realidade nós chegamos tarde".

Apesar de tudo, agradeceu os trabalhos que estão sendo realizados para resolver o problema "e encará-lo de frente".

Em seu discurso, assinalou que a resolução deste tema "deve ser responsabilidade da Congregação para a Doutrina da Fé" por razões práticas: "A Igreja, quando surgia um novo problema ou uma nova disciplina – pensemos no problema da secularização do clero depois do concílio – sempre procurava a Doutrina da Fé".

Depois, "quando o assunto foi bem gerenciado, é transferido – como foi o caso da secularização dos sacerdotes – à Congregação para o Culto ou à Congregação para o Clero".

Em relação ao argumento defendido por alguns de que seria preferível que nos casos de abusos fossem transferidos diretamente ao sistema judicial da Santa Sé – Tribunal da Rota ou Signatura Apostólica – o Papa indicou que "alguns ainda não tomaram consciência do problema e, por esse motivo, a Doutrina da Fé deve ser responsável a fim de que toda a Igreja tome consciência do problema".

Nesse sentido, expressou a necessidade de contratar mais gente para que a Congregação para a Doutrina da Fé possa continuar analisando os casos e siga em frente.

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