22 de dezembro de 2024 Doar
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Embaixador espanhol sobre Catalunha: Vaticano não reconhece movimentos separatistas

Embaixador da Espanha ante a Santa Sé entrega suas credenciais ao Papa. | L'Osservatore Romano

O novo embaixador da Espanha ante a Santa Sé, Gerardo Bugallo, indicou que o Papa Francisco lhe expressou que o Vaticano não reconhece os movimentos separatistas e que é a favor que se cumpra a lei e que a Constituição espanhola seja respeitada.

A revista espanhola 'Vida Nueva' publicou que o Pontífice manifestou a sua posição acerca do que está acontecendo atualmente na Catalunha ao novo embaixador da Espanha ante a Santa Sé, Gerardo Bugallo, na segunda-feira, 2 de outubro, quando apresentou suas credenciais.

De acordo com 'Vida Nueva', durante a reunião, o Santo Padre expressou ao embaixador a posição da Santa Sé, "contrária a qualquer autodeterminação que não esteja justificada por um processo de descolonização, e manifestou o rechaço da Igreja a toda atitude que não esteja baseada no respeito à legalidade constituída".

Depois do Papa, o embaixador se reuniu com o Cardeal Pietro Parolin e novamente mencionaram sobre o tema da Catalunha. O Purpurado teria explicado que a diplomacia vaticana sempre convida ao diálogo e à negociação ante as tensões, sem renunciar a soluções pacíficas.

Em declarações posteriores à agência Efe, Bugallo confirmou que falou com o Pontífice sobre a situação na Catalunha e que "foi muito claro a esse respeito".

O embaixador explicou que a Santa Sé "não reconhece movimentos separatistas ou de autodeterminação que não sejam resultantes de um processo de descolonização".

Além disso, negou ter falado com o Papa ou com o Secretário de Estado sobre a possibilidade de que o Vaticano mediasse ante a crise e disse achar "que o Papa está bastante informado".

Diante da grave crise que a Espanha atravessa devido ao desafio separatista da Catalunha, a Santa Sé segue o tema com preocupação. O Secretário de Estado do Vaticano, o Cardeal italiano Pietro Parolin, assinalou na quinta-feira, 5 de outubro, na Pontifícia Universidade Urbaniana de Roma que seguem "a situação, mas é um tema do governo espanhol".

Na Espanha, alguns partidos políticos pediram a mediação da Igreja. Também na segunda-feira à tarde, o Presidente do Governo, Mariano Rajoy, chamou ao Palácio da Moncloa os Arcebispos de Madri e Barcelona, os Cardeais Carlos Osoro e Juan José Omella, embora não tenha transcendido o conteúdo da reunião.

Anteriormente, o Pontífice expressou a sua opinião sobre os processos independentistas ou separatistas que existem em diversas partes do mundo.

No voo de regresso a Roma, depois da sua visita à Armênia em junho de 2016, o Papa Francisco respondeu a um repórter que perguntou sobre o processo brexit pelo qual o Reino Unido saiu da União Europeia: "A guerra já existe na Europa , além disso, há um ar de divisão, não só na Europa, mas nos próprios países, lembra-se de Catalunha, no ano passado a Escócia".

"Essas divisões, não digo que sejam perigosas, mas devemos estudá-las bem. Antes de dar um passo à frente para uma divisão, devemos conversar bem entre nós e buscar soluções viáveis", sublinhou o Pontífice.

Em seguida, o Papa disse que "há divisões e acho que eu disse isso alguma vez, que a independência é realizada através da emancipação. Por exemplo, todos os nossos países latino-americanos, também países africanos se emanciparam da coroa, de Madri, assim como ocorreu na África de Paris, Londres, Amsterdã, sobretudo Indonésia".

"Esta é uma emancipação mais compreensível porque, por trás disso, há uma cultura, uma maneira de pensar, em vez da divisão de um país, ainda não falo do Brexit, pensamos na Escócia, em todos esses, é algo que deu nome e digo isto sem ofender, usando a palavra que os políticos usam, a balcanização, para não dizer os Balcãs".

"É um pouco de secessão e não emancipação, e por trás disso há histórias, culturas, manifestações e também boa vontade. Isso devemos ter claro".

Francisco sublinhou que ele sempre defende a unidade, quando esta sempre "é superior ao conflito". "As pontes são melhores do que os muros" e "tudo isso deve nos fazer refletir", insistiu.

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