22 de dezembro de 2024 Doar
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Nicolás Maduro pede para investigar dois bispos da Venezuela por “crimes de ódio”

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela | Flickr de Eneas de Troya (CC-BY-2.0)

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu abrir uma investigação sobre as homilias de dois bispos por supostamente terem cometido "crimes de ódio", durante a festa do Divino Pastor de Barquisimeto, em 14 de janeiro.

Trata-se do Arcebispo de Barquisimeto, Dom Antonio López Castillo; e o bispo de San Felipe, Dom Víctor Hugo Basabe.

Na segunda-feira, 15 de janeiro, o presidente venezuelano deu a sua mensagem ante a Assembleia Nacional Constituinte (ANC), na qual pediu ao Tribunal Supremo de Justiça, à Controladoria e ao Ministério Público que se abra à investigação.

Como indicou o jornal 'El Nacional', ambos os Prelados apenas "clamaram para que a fome e a corrupção acabem".

Entretanto, Maduro disse o seguinte: "Agora vem um diabo de batina a convocar confrontos violentos, a chamar a guerra civil (...), e agradeço às pessoas do estado de Lara que me alertaram sobre esta imundice, porque na verdade eu não escuto essa gente, nós não ouvimos esses bandidos".

Dom Castillo, segundo indica 'El Impulso', participou na segunda-feira, 15, em uma coletiva de imprensa na qual assegurou que recebeu uma ligação telefônica de apoio do Santo Padre.

"Recebemos a mensagem do Papa Francisco e nos apoia, assim como ao seu povo da Venezuela", afirmou.

Por outro lado, Dom Basabe respondeu às acusações de Maduro através de uma carta à qual o Grupo ACI teve acesso, assegurando que a sua "consciência nada" o "censura", porque o seu "único crime parece ser servir à verdade".

"O Sr. Maduro colocou na minha boca palavras que eu não falei. É muito triste que um 'magistrado nacional' minta tão escandalosamente diante de todo o país no dia do professor. O pior, ele me acusa de cometer um delito, cometendo-o ele", destacou o Prelado.

Finalmente, ratificou todas as palavras pronunciadas durante a sua homilia por ocasião da 162ª peregrinação a Barquisimeto da Divina Pastora.

"Eu sabia que as minhas palavras irritariam a consciência das pessoas que sabem que são responsáveis ??pela tragédia que vive este povo que amo". "Estou aqui na minha casa, com as minhas únicas armas: a minha fé em Cristo e a certeza de que a minha vida está em suas mãos. Para algumas pessoas, nem a sua consciência nem a história os perdoará", concluiu.

Quem também rechaçou as acusações de Maduro foi o primeiro vice-presidente da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV), Dom Mario Moronta, que no dia 16 de janeiro disse no programa 'Circuito Éxitos' que o que foi dito contra os dois bispos também "é contra todo o episcopado e contra toda a Igreja Católica".

"O que os bispos fizeram foi indicações que refletem tudo o que temos dito há tempo e toca na ferida ou na chaga", acrescentou.

Finalmente, disse que, "quando chamam os bispos de 'diabos de batina', também estão fazendo um convite ao ódio".

"Há muitas pessoas que estão passando fome. Se isso é chamar ao ódio, então devemos mudar a natureza dramática dessa lei", concluiu.

Resposta da Conferência Episcopal da Venezuela

Através de um comunicado emitido pela Conferência Episcopal Venezuelana em 16 de janeiro, os bispos se solidarizaram com Dom Antonio López e o Dom Victor Hugo Basabe e indicaram que o presidente Maduro "deturpou totalmente a mensagem" pronunciada por ambos, "especialmente por Dom Víctor Hugo Basabe, com o objetivo de mostrar que os bispos incorrem em delito".

"A verdade do que ocorre no país foi evidenciada nas homilias pronunciadas nesse dia. A garantia disso foi confirmada por milhares de paroquianos presentes na Missa na Avenida Venezuela, que com os seus gestos certificavam o que ouviam", acrescentaram.

Além disso, no início do comunicado recordaram a "Lei contra o ódio e a Intolerância", nascida da Assembleia Nacional Constituinte, que "criminaliza toda a manifestação" contra o governo.

Finalmente, os bispos fizeram um apelo a não cair na "tentação de pagar com a mesma moeda".

"Exortamos os paroquianos da Arquidiocese de Barquisimeto e da Diocese de San Felipe a cuidarem dos seus pastores, estejam atentos a qualquer movimento contra eles, que possam atentar contra a sua dignidade humana", destacaram.

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