5 de dezembro de 2024 Doar
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7 gestos de solidariedade da Igreja para com judeus durante a perseguição nazista

Cardeal Jules- Gerard Saliège - São Maximiliano Kolbe - Papa Pio XII / Crédito: Domínio Público

Neste dia 27 de janeiro é celebrado o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, data do fechamento do campo de concentração de Auschwitz (Polônia) em 1945, o principal centro de extermínio nazista onde morreram mais de 1.100.000 pessoas.

Em meio a esta perseguição, apareceram gestos de solidariedade feitos pela Igreja Católica, liderada pelo Papa Pio XII, os quais ajudaram a salvar centenas de milhares de "irmãos mais velhos na fé".

1. O Papa Pio XII

Em 1939, o Cardeal Eugenio Pacelli foi nomeado Papa, assumindo o nome de Pio XII. Durante seu pontificado, desenvolveu atividades de acolhida aos judeus. Através da sua obra, conseguiram salvar 800 mil judeus. O Santo Padre os escondia no Vaticano, sobretudo na residência papal, em Castel Gandolfo.

Inclusive, em sua cama nasceram aproximadamente 42 bebês, filhos de refugiados. Em agradecimento a este gesto, vários foram chamados de "Eugenio".

Também entregou a Israel Zolli, o então Grande Rabino de Roma, uma grande contribuição em ouro para completar os 50 quilogramas deste metal que os nazistas pediram à comunidade israelita em menos de 24 horas ou todos seriam deportados.

Este e outros gestos de caridade fizeram que, com o tempo, o Rabino se convertesse ao catolicismo, e foi batizado com o nome Eugenio.

2. São Maximiliano Maria Kolbe

Este santo polonês teve uma visão quando era pequeno: a Virgem lhe ofereceu uma taça vermelha e outra branca. A vermelha significava que seria mártir e a branca, a pureza. O menino as aceitou. Desde então foi devoto da Virgem e alguns anos depois entrou na Ordem dos Franciscanos.

Em 1936, depois de uma viagem ao Japão, retornou à Polônia em plena Segunda Guerra Mundial. Foi preso junto com outros frades e enviado a campos de concentração na Alemanha e na Polônia. Entretanto, foi liberado pouco tempo depois. Em 1941, foi preso novamente e levado ao campo de concentração de Auschwitz.

A forma desumana com a qual os nazistas o tratavam e as difíceis condições de vida não foram um impedimento para continuar exercendo seu ministério, nem diminuíram a sua preocupação pelo próximo.

Em 3 de agosto de 1941, um prisioneiro da mesma seção em que estava São Maximiliano fugiu; em represália, o comandante do campo ordenou sortear dez prisioneiros para serem condenados a morrer de fome. Entre os homens escolhidos estava o sargento polonês Franciszek Gajowniczek. Este, ao ser elegido, exclamou: "Meu Deus, eu tenho esposa e filhos". Então, o santo que não estava entre os dez condenados, se ofereceu para morrer em seu lugar. A mudança foi aceita.

Durante os dez dias de prisão, São Maximiliano exortou seus companheiros a fim de que continuassem rezando. Todos morreram menos ele. Quando os nazistas viram que continuava vivo, deram-lhe uma injeção letal e morreu no dia 14 de agosto de 1941.

3. O Cardeal Jules-Gérard Saliège

O Cardeal Saliège é considerado como um herói porque durante a Segunda Guerra Mundial enfrentou os nazistas na França a fim de defender os judeus, obedecendo o mandato do Papa Pio XII. Empenhou-se em melhorar a situação nos campos de detenção no sudoeste do país e redigiu vários documentos em favor do povo judeu.

Em 1941, escreveu às autoridades de Vichy para rechaçar a política antijudia. No ano seguinte, o Cardeal difundiu uma carta pastoral que foi proibida pelas autoridades.

"Os judeus são homens e mulheres... Não podemos maltratá-los a discrição... São seres humanos. São nossos irmãos como os outros. Um cristão não deve esquecer isto", expressou na carta.

Em 2012, por ocasião dos 70 anos da Segunda Guerra Mundial, na qual os nazistas prenderam 13 mil judeus parisienses, o Yad Vashem de Jerusalém acrescentou uma incisão sobre a Medalha dos Justos entregada postumamente em 1970 ao Cardeal com o objetivo de agradecer-lhe pela defesa dos judeus.

4. O Beato Odoardo Focherini

Odoardo Focherini foi um católico militante desde sua juventude e recordado por seu empenho em salvar os judeus durante a Segunda Guerra Mundial, sabendo que arriscava sua vida.

Casou-se aos 23 anos e teve sete filhos. Aos 27 anos, tornou-se presidente da Ação Católica na Itália, onde centrou seu apostolado em captar os jovens antes do fascismo. Além disso, foi diretor do jornal católico L'Avvenire.

Junto a outros, em 1943, ajudou mais de 100 judeus a fugir para a Suíça. Em 1944, foi preso pelos nazistas enquanto atendia um judeu em um hospital. Levaram-no a um campo de concentração em Hersbruck onde as condições de vida eram precárias. Entretanto, o jornalista nunca reclamou e se manteve firme até o final. Morreu nesse mesmo ano por causa de uma septicemia devido a uma infecção no joelho. Atualmente está em processo de canonização.

5. O sacerdote italiano Ottavio Posta

Este sacerdote italiano realizou uma grande façanha: na noite do 19 de junho de 1994, com ajuda de um grupo de pescadores, atravessou o lago Trasimeno para resgatar os judeus que eram prisioneiros no castelo da Ilha Maior por causa das leis raciais.

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Ao chegar à ilha, o Pe. Posta fez os habitantes levarem os judeus à beira, onde os ingleses esperavam. Também acompanhou os libertos enquanto atravessavam o lago. Todo isso em meio aos tiros das metralhadoras.

Em uma carta escrita em 1944, os resgatados assinalaram que "dom Ottavio Posta, pároco da Ilha Maior no (lago) Trasimeno, durante o período de nossa prisão na ilha pelas leis raciais, ofereceu a cada um de nós uma grande ajuda e consolo".

Em setembro de 2011, recebeu o título de "Justo entre as nações", a condecoração mais alta concedida pelos judeus.

6. O Venerável Arcebispo ucraniano Andrey Sheptysky

O Arcebispo Andrey Sheptysky, líder da Igreja grego-católica na Ucrânia de 1900 a 1944, colocou a sua própria vida em risco e salvou centenas de judeus durante a ocupação nazista.

Em 1901, foi nomeado Arcebispo Metropolitano da Eparquia Ucraniana de Lviv, convertendo-se no líder da Igreja grego-católica ucraniana. Seu mandato esteve marcado pelo conflito e pela perseguição pelos sucessivos governantes de Ucrânia, inclusive o Império Russo, a Segunda República Polonesa, a Alemanha Nazista e a União Soviética.

Durante a Segunda Guerra Mundial, esteve contra a política nazista para os judeus e pedia para que seus fiéis os tratasse bem, tal como o menciona em uma carta pastoral escrita em 1942. Também exortou seus sacerdotes e abades locais a refugiar os judeus. Neste trabalho, recebeu ajuda do seu irmão, o Beato Klymentiy Sheptysky, archimandrita de monges estuditas da Igreja grego-católica ucraniana.

Além disso, usou seus recursos para criar uma clínica gratuita e ajudar as vítimas da guerra.

Em julho de 2015, o Papa Francisco autorizou o decreto que reconhece suas virtudes heroicas.

7. Florença: as Irmãs Servas de Maria Santíssima Dolorosa

Em outono de 1943, Magdalena Cei, superiora do convento das Irmãs Servas de Maria Santíssima Dolorosa, em Florença, na Itália, acolheu e escondeu 12 meninas judias que fugiam da perseguição nazista da Polônia, Bélgica e França.

Este gesto foi uma resposta ao apelo feito pelo então Cardeal de Florença, Dom Elia Dalla Costa, a fim de proteger e acolher os judeus. No final da guerra, quase todas se encontraram com seus pais, menos duas. No último dia 13 de janeiro, o convento foi reconhecido como "Casa da Vida" pela Fundação internacional Raoul Wallenberg.

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