26 de dezembro de 2024 Doar
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Bispos do Rio de Janeiro clamam pela superação da violência

Imagem referencial: Cristo Redentor | Cláudia Brito (ACI Digital)

Frente à crescente onda de violência no Rio de Janeiro, o que levou ao decreto de intervenção federal na segurança pública do estado, diversos Bispos da região vem se expressando pela superação dessa realidade e em defesa da paz.

Por ocasião do lançamento da Campanha da Fraternidade 2018, na Quarta-feira de Cinzas, cujo tema é "Fraternidade e superação da violência", o Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, publicou um artigo no qual lamenta que "nós sofremos e estamos quase estarrecidos com tanta violência".

Nos últimos dias, sobretudo durante o Carnaval, o Rio de Janeiro viu ao aumento expressivo nos índices de violência, com registros de arrastões, roubos, saque a supermercado, ataques contra turistas, entre outros crimes. Nesse período, três policiais foram mortos.

Diante de tudo isso, o presidente Michel Temer convocou uma reunião na noite de quinta-feira com o governador do estado, Luiz Fernando Pezão, e outros membros do governo.

Durante este encontrou, foi decidida a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, cujo decreto deve ser assinado ainda nesta sexta-feira.

Com isso, as Foças Armadas assumirão a responsabilidade do comando das Polícias Civil e Militar no estado e, confirme designado pelo presidente Temer, o interventor será o General Walter Souza Braga Neto, do Comando Militar do Leste.

O decreto de intervenção também deverá ser aprovado pelo Congresso Nacional e sua validade será até 31 de dezembro de 2018.

Em seu artigo intitulado 'Superação da violência', o Cardeal Tempesta, que já foi vítima da violência do Rio em duas ocasiões, assinalou que na cidade maravilhosa "se visibiliza tantas guerras e confrontos que chamam a atenção do mundo".

Segundo o Purpurado, "o tema da superação da violência e, por isso, da segurança tornou-se uma das principais realidades a serem discutidas e tem inspirado diversas formas de políticas públicas".

Por outro lado, indicou, embora o Brasil seja "a oitava maior economia mundial", "é o décimo país mais desigual do mundo segundo o relatório do desenvolvimento humano, de 2016, das Organizações das Nações Unidas (ONU)", o que se reflete em altos números de violência.

Frente a essa realidade, o Arcebispo do Rio de Janeiro também lançou a Carta Pastoral 'Bem-aventurados os que constroem a paz', por ocasião da Quaresma e da Campanha da Fraternidade de 2018, na qual convida os cariocas a trabalhar em favor da superação da violência.

No documento, em que reconhece o aumento da violência não só no Rio de Janeiro, mas em todo o Brasil, o Purpurado assinalou, porém, que "não é apenas uma questão de números".

"É uma questão de princípios. É uma questão de humanidade e de reconhecimento de que somos todos irmãos e que daremos contas ao Criador pela fraternidade não buscada, não vivida e, pior, destruída. Os números, isto é, os altos índices de violência nos indicam que estamos chegando tarde no enfrentamento da questão", sublinhou.

Nesse sentido, em seu artigo publicado na Quarta-feira de Cinzas, Dom Orani questionou: "Mas o que podemos fazer para vencer este mal da violência?".

"Para a Igreja no Brasil, superar as várias faces da violência é uma tarefa de todos", respondeu o também presidente do Regional Leste 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que abrange as Arquidioceses, Dioceses e Administração Apostólica do estado do Rio de Janeiro.

"A superação da violência nasce da relação com outro. A cultura da paz acontece em todas as realidades da vida e na relação com todos os seres", acrescentou.

Também o Arcebispo de Niterói, Dom José Francisco Rezende Dias, indicou que "seremos redescobertos quando nos descobrirmos responsáveis uns pelos outros".

Dom José Francisco publicou o artigo intitulado 'Somos todos irmãos' nos jornais 'O Fluminense' e 'A Tribuna', na Quarta-feira de Cinzas, no qual aborda a questão da violência.

"Nossas residências estão trancadas, nós estamos isolados, o medo nos afasta, a violência nos intimida", lamentou o Prelado, pontuando que, "nas periferias, os moradores estão entregues a grupos armados".

"A segurança é privilégio de poucos; a violência, realidade de muitos", acrescentou.

Por isso, o Arcebispo de Niterói expressou que "é preciso resistir a toda forma de violência e consagrar os esforços na causa da paz". "Afinal, não somos todos irmãos?", concluiu.

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