BOGOTÁ, Feb 27, 2018 / 07:00 am
Jeison Aristizabal tem aproximadamente 38 anos e é um exemplo de vitória, porque apesar da sua paralisia cerebral estudou duas carreiras profissionais, dirige uma fundação e foi considerado pela CNN, rede de notícias norte-americana, como "Herói" em 2016. Atualmente, empreende um novo projeto: impedir a eutanásia de crianças na Colômbia.
Em outubro de 2017, em uma decisão polêmica que se soma à aprovação do aborto e do "casamento" gay", o Tribunal Constitucional da Colômbia abriu as portas à eutanásia de crianças, exigindo ao Ministério da Saúde quatro meses para criar um regulamento que permita aplicar a "morte digna" às "crianças e adolescentes".
De acordo com o organismo colombiano, a sentença busca que os menores de idade "não sejam vítimas de um tratamento cruel e desumano derivado da negação do seu direito de morrer dignamente".
Em resposta, Jeison Aristizabal apresentou uma tutela ante o Conselho de Estado da Colômbia a fim de evitar a aplicação da decisão do Tribunal Constitucional.
Em declarações a Radio Católica Mundial EWTN, Jeison indicou que em 21 de fevereiro "foi criada uma tutela histórica para o país, porque infelizmente há 4 meses, o Tribunal Constitucional, o maior órgão constitucional colombiano, emitiu uma decisão que ordena ao governo colombiano regulamentar a eutanásia de crianças, e para crianças com deficiência, com doenças terminais".
"É necessário contar para a opinião pública como isso nasceu. Isso nasceu porque uma família de uma criança com deficiência ou com uma doença terminal, viu como o seu plano de saúde, o seu sistema de saúde, não lhe oferecia uma assistência médica, nem medicamentos ao seu filho".
Jeison recordou que a família da criança, sentindo-se desamparada, disse à agência promotora de saúde (EPS) "que preferia ver o seu filho morrer a vê-lo sofrer ante a negligência, ante a falta de medicamentos da EPS".
"E o país nunca esperava que, em vez de o Tribunal dizer 'vamos sancionar o sistema de saúde, vamos ordenar que o sistema de saúde seja mais eficiente', o que este Tribunal fez foi ordenar ao governo regulamentar a eutanásia de crianças".
"O que este Tribunal disse é que qualquer pai de família pode dispor da vida do seu filho se ele tiver uma doença terminal ou uma deficiência", criticou.
"Não levantar bandeira branca": Não render-se
Jeison assegura que vários lugares do mundo incentivam "a não levantar bandeira branca", não render-se ante os obstáculos.
"Na história do mundo, quando havia guerra e as pessoas estavam perdendo, levantavam uma bandeira branca como símbolo de derrota, dizendo: 'Eu me rendo'. E essa é a mensagem que queremos transmitir aos pais que hoje têm uma tragédia, que hoje têm uma dificuldade, um problema de saúde: não levantem a bandeira branca, não se deem por vencidos, não se sintam derrotados".
"Ao contrário, levantem-se hoje com vontade de lutar, de vencer, com a ajuda de Deus e da sociedade", assinalou.
Um testemunho corajoso de superação
Jeison não teve uma vida fácil e a paralisia cerebral foi um desafio desde o seu nascimento. "Muito maior para a família da minha mãe".
O primeiro diagnóstico que o médico deu à sua mãe, "uma mulher humilde", "era que eu ia acabar limpando sapatos".
"O médico disse a minha mãe 'compre para o seu filho uma caixinha para limpar sapatos, coloque-o na porta de casa para praticar como limpar sapatos, porque ele não vai servir para nada na vida".
Mas a sua mãe ignorou. Pelo contrário, "a minha mãe me ensinou a lutar contra o prognóstico".
"Hoje eu tenho duas carreiras profissionais. Eu sou comunicador social, sou advogado. Atualmente, eu lidero uma fundação, fui reconhecido internacionalmente, para a glória de Deus, e é uma bênção ter tido tantas oportunidades", assegurou.
Jeison assinalou que em Cali (Colômbia), ele tem "uma fundação que atende 680 crianças com deficiência".
"São crianças com deficiências físicas, deficiências cognitivas. E começamos há 18 anos", dando às mães "esperança" para os seus filhos.
"Porque muitas dessas mães pensavam que o filho não seria capaz, que ele não ia conseguir", mas "hoje temos crianças estudando, fazendo muitos projetos de vida".
Esse trabalho fez com que a rede de notícias norte-americana CNN o reconhecesse internacionalmente como um dos "heróis" de 2016.
"Existe uma sociedade que nos dá prognósticos", disse Jeison, mas "esse prognóstico deve ser superado".
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"À pessoa que hoje se sente derrotada, que levantou bandeira branca, devemos dizer que não desista", afirmou.
"A vida é como uma pista de obstáculos", advertiu e ressaltou que "a chave não é sair pelo caminho mais fácil".
Todos os dias, disse, é preciso "superar os obstáculos, superá-los e ser os melhores".
Uma campanha para impedir a eutanásia
Através da plataforma internacional CitizenGO, Jeison Aristizabal lançou um abaixo-assinado dirigido ao Conselho de Estado, incentivando impedir a eutanásia de crianças e adolescentes.
"A deficiência não pode fazer com que a vida das crianças seja menos valiosa porque tem tais condições. A vida é valiosa em si mesma e deve ser protegida", assegurou.