VATICANO, Mar 6, 2018 / 18:00 pm
Em um discurso pronunciado durante a abertura da assembleia plenária da Comissão Internacional Católica para as Migrações (CCIM), o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, falou sobre alguns desafios que a Igreja deverá enfrenta para ajudar a população migrante.
Entre esses desafios, citou a segurança dos migrantes no percurso dos lugares de origem aos países de acolhida, a ajuda à integração a fim de evitar situações de descarte e o trabalho de sensibilização da população dos lugares de destino para evitar atitudes de rejeição provocadas pelo medo ou pela ignorância.
O Cardeal Parolin explicou que durante a assembleia plenária "terão a oportunidade de examinar o caminho percorrido e perguntarão como a CCIM pode continuar a tarefa para a qual foi fundada, uma tarefa que vimos que já foi realizada graças a um compromisso rico em resultados, que agora requer ser aberto a novos horizontes de serviço aos migrantes e aos refugiados".
"Como o Papa Francisco sempre nos recorda, eles não são números mas pessoas: homens, mulheres e crianças que têm um rosto, que muito sofrem e que são descartados. Um rosto humano no qual vemos o rosto de Cristo, que queremos servir especialmente naqueles que são os menores e com mais necessidades", afirmou.
Nesse sentido, indicou que um dos objetivos da CCIM é apoiar "as famílias migrantes que, muitas vezes, migram em busca de segurança e de uma vida digna, especialmente para as crianças".
Entretanto, assinalou, muitos migrantes "chegam aos países de desembarque depois de terem sofrido violência e abusos durante a viagem e, em seguida, enfrentam novas experiências de miséria e dificuldades inconcebíveis".
O Purpurado disse que é através do apoio às famílias que a Igreja pode agir com mais eficácia, porque "a proximidade da comunidade cristã e a ajuda concreta e especializada de organizações como a sua podem contribuir para manter essas famílias unidas, impedindo que as crianças encontrem em redes alternativas a resposta às suas frustrações".
"Embora nos países de origem dos migrantes o progresso também esteja ligado à sua contribuição econômica em nível social e familiar, há neles, entretanto, uma dimensão que a Igreja não pode descuidar".
Essa dimensão "é a dos membros da família que permaneceram em sua terra natal, muitas vezes com filhos para cuidar, quando um ou ambos os cônjuges emigram". Indicou que, às vezes, são menores que permanecem sob responsabilidade dos avós, mas que vivem na pobreza, pois "nem sempre chegam remessas ou estas são insuficientes".
Outras vezes, "o cônjuge não volta para o seu país. Este é um aspecto delicado da migração, infelizmente generalizado, que requer mais atenção e apoio".
De acordo com o Cardeal Parolin, outra frente que se apresenta ao CCIM em todo o mundo "é a rejeição à acolhida".
"Embora muitas nações devam seu desenvolvimento aos migrantes e apesar de suas experiências terríveis serem divulgadas, a migração é vista somente como emergência ou perigo, mesmo sendo um elemento comum em nossas sociedades".
Do mesmo modo, "um dos compromissos difíceis, que atualmente prometem ser mais urgentes e necessários, é precisamente trabalhar por uma mudança de atitude, abandonando a cultura dominante do 'descarte' e da rejeição".
Para a autoridade do Vaticano, o trabalho do CCIM é "um trabalho de informação e sensibilização através do qual a Comissão pode ajudar a Igreja Católica a dissipar muitos preconceitos e medos infundados em relação à acolhida dos estrangeiros e – sem esconder o esforço que sob muitos aspectos requerem a acolhida – a difundir uma percepção equilibrada e positiva da migração".
O Cardeal Parolin terminou o seu discurso assinalando um aspecto positivo que foi implantado nos últimos anos. "Às atitudes de fechamento vemos se contrapor as atitudes positivas de muitos jovens que consideram a migração como uma dimensão normal da nossa sociedade, que se tornaram interdependentes pelas conexões rápidas, as comunicações e a necessidade de relações em nível mundial. São dimensões nas quais realmente podemos ver os 'sinais dos tempos' que impulsionam a solidariedade globalmente".
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