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Prisioneiros de Roma agradecem ao Papa por “assegurar-se de que não os esqueçam”

Papa Francisco lava os pés dos presos na Prisão Regina Coeli, em Roma, durante a celebração da Missa da Última Ceia na Quinta-feira Santa, 29 de março de 2018 | Vatican Media

A Missa da Quinta-feira Santa do Papa Francisco em uma prisão em Roma mais do que um evento para os presos, foi um sinal de que, embora sejam considerados invisíveis para o mundo, eles não foram esquecidos.

"Ontem foi um momento que acho que vai ressoar pela prisão, pelo menos, durante todo o próximo ano. Acho que foi um momento que comoveu todos os guardas e todos os prisioneiros que estiveram lá", disse o seminarista Alex Nevitt à CNA – agência em inglês do Grupo ACI – em 30 de março.

Como seminarista, em seu terceiro ano de teologia no Pontifício Colégio Norte-Americano, Nevitt exerce o ministério penitenciário na prisão Regina Coeli de Roma, onde o Papa Francisco celebrou a Missa da Ceia do Senhor na Quinta-feira Santa.

O Papa lavou os pés de 12 presos e visitou a enfermaria, assim como a "Seção VIII" da instituição, onde vivem os prisioneiros que cometeram crimes graves ou que têm certas doenças mentais.

Depois da Missa do Papa, que recordou a noite em que Jesus foi preso, Nevitt disse que muitos prisioneiros se comoveram, porque essa é a "experiência de vida que eles conhecem".

"Estes homens facilmente são esquecidos", disse e assinalou que em certo momento um representante da prisão falou com o Papa e agradeceu "por assegurar que não os esqueçam".

"Às vezes é muito fácil esquecer os que estão na prisão porque não os vemos", disse Nevitt, explicando que, como seminaristas, "é um privilégio" servir aos presos, porque os ajudam a compreender melhor "onde estão os limites da sociedade".

Nevitt, da Diocese de Patterson, Nova Jersey, trabalha no apostolado da prisão há dois anos e meio. Ele é responsável pelos outros oito seminaristas que estão envolvidos no ministério, entre eles, cinco trabalham dentro da prisão e outros três começarão em setembro, quando terminarem o treinamento.

Como parte do seu ministério, os seminaristas dirigem estudos bíblicos e catequese. Trabalham mais diretamente com os presos de língua inglesa, a maioria dos quais é imigrante da África.

Como a prisão não oferece uma lista de pessoas que falam inglês, os seminaristas geralmente caminham procurando pessoas.

As pessoas com quem trabalham, disse Nevitt, estão lá por várias razões, há casos de imigração ilegal, assim como pequenos crimes de rua.

Embora existam muitas sentenças de prisão perpétua, o tempo real que uma pessoa deve permanecer na prisão não está bem definido, disse Nevitt, explicando que algumas pessoas são provenientes da Europa ou conseguiram a cidadania italiana legalmente, mas não têm família, o que torna mais difícil conseguir a fiança ou serem libertados.

"Ouvimos algumas histórias de prisioneiros que não querem escrever para as suas casas porque estão envergonhados de estar na prisão. Por isso, eu acho que a mensagem de perdão do Papa provavelmente falou muito com esse tipo de prisioneiro, para que não sintam vergonha, sintam-se perdoados e sigam em frente", disse.

No total, três papas visitaram a prisão Regina Coeli, sendo a mais recente a de São João Paulo II em 2000.

A visita do Papa Francisco significou muito, disse Nevitt.

"Independentemente da religião de cada um, estavam entusiasmados com a chegada do Papa, pela qual havia muita expectativa na prisão", acrescentou.

Durante a Missa, o Papa lavou os pés de 12 presos de diferentes religiões, incluindo católicos, muçulmanos, cristãos ortodoxos e budistas. Os presos eram de países diferentes: Filipinas, Nigéria, Colômbia, Serra Leoa, Marrocos, Moldávia e Itália.

Nevitt disse que trabalham com muitos não católicos, protestantes e muçulmanos em seus estudos bíblicos. Uma vez, tinham preparado um homem para o batismo e, depois de ser transferido para outro presídio, ingressou na Igreja Católica.

Um dos não católicos é um homem nigeriano chamado Oladipupo, que está estudando a bíblia há dois anos e foi um dos homens escolhidos para participar do Lava pés na Quinta-feira Santa.

Oladipupo é um cristão pentecostal, mas participa do estudo da Bíblia regularmente e inclusive escreveu uma carta ao Cardeal Robert Sarah, Prefeito da Congregação para a Divina Liturgia e a Disciplina dos Sacramentos, depois de ler o seu recente livro "Deus ou Nada". E logo depois, recebeu uma resposta do próprio Cardeal Sarah.

"Esperamos que em breve Oladipupo seja chamado à fé católica, quando estiver pronto", disse Nevitt, explicando que depois da liturgia, falou com Oladipupo, que se surpreendeu ao ver "a humanidade do Papa, ver este homem que é o líder da Igreja Católica com uma maneira tão humana".

Do mesmo modo, Nevitt disse que também falou com um homem muçulmano depois da Missa da Quinta-feira Santa, embora não soubesse naquele momento que era muçulmano. O homem ficou tão comovido com a liturgia que queria ter recebido a comunhão e agora vai começar a participar do estudo bíblico dirigido pelos seminaristas.

Muitas pessoas se comoveram com a homilia do Papa, destacou Nevitt, durante a qual Francisco falou do perdão, condenou a pena de morte e disse aos prisioneiros que Jesus nunca os abandonaria, mas que "lhes daria uma oportunidade".

"Durante toda a homilia, todos ficaram cativados com cada palavra do Papa e era possível ver, inclusive por dois guardas que estavam ao meu redor, que concordavam com o Papa", explicou Nevitt.

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O momento foi muito íntimo, disse e assinalou que o local onde foi realizada a Missa era pequeno e que apenas um número limitado de guardas e prisioneiros puderam se sentar dentro da área, enquanto o restante observava de diferentes lugares.

"Em certos momentos, especialmente quando o Papa estava ajoelhado para lavar os pés dos presos, havia pessoas chorando", sublinhou Nevitt.

"Era muito humano ver o Papa ajoelhado com esta idade, de repente tinha dificuldades para levantar-se novamente e as pessoas choravam com o seu exemplo de liderança humilde", concluiu.

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