SANTIAGO, Apr 3, 2018 / 19:00 pm
A agenda universitária 2018, distribuída desde o dia 29 de março, pela Federação de Estudantes da Universidade do Chile (FECH) a alunos e alunas do primeiro ano tem sido duramente criticada pois descreve em uma de suas páginas "Como praticar um aborto seguro com misoprostol?".
No Chile, desde setembro de 2017 foi aprovada a lei que descriminaliza o aborto em caso de risco para a vida da mãe, "inviabilidade" fetal e por estupro. Nestes casos, podem usar o misoprostol sob a administração exclusiva do seu médico, caso contrário, esta ação é proibida.
O misoprostol, indicado originalmente para úlceras gástricas, também é usado atualmente para abortar.
A agenda da FECH, além de descrever o funcionamento do remédio, indica como consegui-lo e como usa-lo "para que não haja vestígios" do aborto.
Isso causou polêmica nas redes sociais. Inclusive o partido Unión Demócrata Independiente (UDI) anunciou que apresentará uma denúncia dos responsáveis à procuradoria, porque o conteúdo das instruções é "contra a lei" e "perigoso".
O Ministério da Saúde disse ao jornal 'El Mercurio' que a "automedicação" do misoprostol pode provocar "efeitos colaterais graves, incluindo ruptura do músculo uterino que pode causar hemorragias graves, remoção do útero (histerectomia) e morte da mãe ou do filho".
A diretoria regional do Colégio de Químicos-Farmacêuticos do Chile expressou em um comunicado em 31 de março que "a má administração de misoprostol pode causar problemas no feto ou uma hemorragia grave na mulher".
"Consideramos uma irresponsabilidade recomendar massivamente este método copiando informações da internet, pois cada paciente é diferente e este medicamento somente pode ser vendido sob prescrição médica, devido os riscos envolvidos em seu uso".
A instituição manifestou a sua preocupação com "a proliferação da oferta do medicamento no mercado informal e na internet", pois "envolve riscos utilizar um produto que pode ser adulterado, não corresponder ao principio ativo que se deseja ou não cumprir as condições de armazenamento que garantam a sua qualidade, segurança e eficácia".
O reitor da Universidade do Chile, Ennio Vivaldi, defendeu a autonomia da FECH e expressou que não "vigiará nem censurará a forma como redigem as suas agendas".
Esta ação se soma a outras palestras, debates e workshops sobre o tema do aborto promovidas por diferentes grupos de estudantes desta universidade estatal chilena.
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