16 de dezembro de 2024 Doar
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Cardeal chileno: ter enganado o Papa no caso Barros foi ato gravíssimo

Cardeal Ricardo Ezzati | Comunicações de Santiago (Chile)

"Eu acho que é um erro, em minha opinião, muito grave, que o Santo Padre tenha sido enganado" no caso de Dom Juan Barros, assinalou o Arcebispo de Santiago, Cardeal Ricardo Ezzati, sobre a "falta de informação verdadeira e equilibrada" que o Pontífice recebeu sobre as denúncias de possível encobrimento de abusos sexuais.

Também sublinhou que "pessoalmente, não sei quem, quantos, como informaram o Santo Padre, somente posso dizer o que informamos pessoalmente e também como Conferência Episcopal ao Santo Padre, e posso assegurar-lhes que não enganamos o Santo Padre".

No último dia 8 de abril, o Papa Francisco enviou uma carta aos bispos chilenos para uma reunião em Roma e falar sobre o relatório do caso de Dom Juan Barros, elaborado por Dom Charles Scicluna depois de ouvir os testemunhos que acusam o Bispo de Osorno de encobrir os abusos sexuais cometidos por Fernando Karadima.

Na carta, o Pontífice admitiu: "cometi graves equívocos de avaliação e percepção da situação, especialmente devido a uma falta de informação verdadeira e equilibrada. Por isso, peço perdão a todas as pessoas que ofendi".

O Cardeal Ezzati se referiu a esta acusação durante uma coletiva de imprensa na quinta-feira, 19 de abril, depois de concluir a Assembleia Extraordinária do Clero de Santiago, realizada na sede da arquidiocese, na qual participaram mais de 400 sacerdotes para aprofundar na carta do Papa.

O Arcebispo de Santiago assinalou que "nós, bispos, achamos que a informação que o Papa recebeu deve ser uma informação que vem de muitas fontes", e que "o Papa não diz, mas eu acho que é um erro, em minha opinião, muito grave, o fato de que o Santo Padre tenha sido enganado".

"Alguém pretendeu enganar o Santo Padre, e isso me parece, do fundo da nossa consciência e da minha consciência, que as pessoas que cometeram esta falta grave precisam reconhecê-la, arrepender-se e reparar o mal, caso tiverem cometido", acrescentou.

O Purpurado mencionou que "a coisa mais grave, tanto uma vítima como várias, é que se prive a inocência de uma pessoa. Sou plenamente consciente de que viemos a Roma e fomos ouvidos pelo Santo Padre".

Acerca das possíveis renúncias dos bispos que possam surgir durante encontro com o Papa em maio, o Arcebispo de Santiago disse que isso "depende apenas do Santo Padre".

Perguntado se Dom Juan Barros deve renunciar ou permanecer, o Arcebispo assinalou que "em minha opinião, com certeza deve renunciar. Pelo bem do povo de Deus. Não sou juiz para dizer se ele encobriu ou não, mas pelo bem do Povo de Deus ele deve estar disposto, assim como se pedissem para mim, eu deveria estar disposto a fazer isso".

"Eu manifestei a minha opinião ao Santo Padre oportunamente e ele tomou esta decisão", sublinhou.

O Cardeal expressou que "achamos honesto e bom que o Santo Padre possa abrir o seu coração e corrigir os filhos que erraram", e acrescentou, "o abuso, como sempre dissemos, mesmo que tivesse ocorrido somente um, sempre é algo gravíssimo".

Finalmente, sobre o encontro que terão com o Pontífice em maio, expressou que "o Papa nos convida a buscar junto com ele algumas medidas para reparar o mal cometido e para olhar para o futuro com todos os meios necessários a fim de que, através da prevenção, de todos os mecanismos, possam evitar estes danos".

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