18 de dezembro de 2024 Doar
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Apresentam 52 fragmentos inéditos dos manuscritos de Qumran

Imagem referencial | Pixabay

Durante um simpósio internacional realizado na Terra Santa, um grupo de cientistas apresentou 52 fragmentos inéditos de Qumran, os manuscritos mais antigos com os textos da Bíblia.

Segundo informou o jornal L'Osservatore Romano (LOR), os fragmentos foram apresentados no dia 1º de maio durante o simpósio "Clear a Path in the Wilderness" (Fazer um caminho no deserto), realizado pelos 70 anos do descobrimento dos manuscritos.

Os manuscritos de Qumran ou do Mar Morto são mais de 950 textos escritos em hebraico, aramaico e grego, encontrados entre 1947 e 1956 nas cavernas de Qumran.

Os documentos são do século III a.C.  II d.C. e foram codificados, colocando primeiro o número da caverna onde foram encontrados (de 1 a 11), seguido da letra "Q" de Qumran e, finalmente, o número com o qual foram identificados.

Talvez o fragmento mais famoso seja o 7Q5, que comprova a historicidade do Evangelho de São Marcos e foi estudado pelo falecido papirólogo jesuíta, Pe. Joseph O'Callagham.

Entre os 52 fragmentos apresentados no dia 1º de maio, há um pequeno texto que poderia "levar a reconsiderar a composição do grande pergaminho manuscrito do livro dos salmos".

Atualmente, estes fragmentos são estudados por uma equipe de cientistas da Escola Bíblica de Jerusalém e da Faculdade de Teologia de Lugano (Itália).

Marcello Fidanzio, um dos especialistas, explica que nestes fragmentos "podemos ??conhecer os últimos estágios da formação da Bíblia e como se relacionavam com os judeus da época de Jesus".

 "O simpósio em Jerusalém se centrou especialmente em Isaías 40,3 (Uma voz clama: No deserto preparem o caminho para o Senhor; façam no deserto um caminho reto para o nosso Deus), tirado dos Evangelhos para apresentar João Batista: o uso deste texto no Novo Testamento tem paralelos nos manuscritos de Qumran que apresentam outra corrente do judaísmo (com suas regras de comunidade e outros textos religiosos)".

De acordo com Fidanzio, com estes fragmentos, "enquanto ainda se ignora muitas coisas sobre o judaísmo de Jesus, agora o Novo Testamento pode ser confrontado com os textos de uma comunidade diferente".

"Os materiais encontrados na gruta 11Q nos indicam como eram os manuscritos: pergaminhos de pele e de papiro, fechados com um pedaço de pele inserido em uma fivela, enrolados em pedaços de linho e colocados em frascos".

Um dos fragmentos, continua o especialista, permitiu identificar "várias passagens do livro de Levítico"; enquanto outro poderia "abrir o debate sobre a atribuição de um texto mais amplo, três colunas contidas em outro fragmento, considerado parte do grande pergaminho de salmos".

Ao perguntar-se por que estes fragmentos continuam sendo inéditos, apesar de terem sido descoberto há 70 anos, Marcello Fidanzio explica que "a história das descobertas de Qumran estão estritamente interligados com os fatos históricos do Oriente Médio: os primeiros manuscritos foram reconhecidos em 29 de novembro de 1947 (...), no mesmo dia em que a ONU votou na divisão da Palestina entre judeus e árabes".

"Desde então, as etapas da investigação foram marcadas por grandes acontecimentos que interessaram a região. Outro exemplo: logo depois da guerra de 1948 e Qumran estava nas fronteiras da Jordânia, as escavações foram realizadas (...) pelo dominicano Roland de Vaux, arqueólogo da Escola Bíblica de Jerusalém; mas com a guerra dos seis dias em 1967 e com o controle que Israel tinha de Jerusalém Oriental, onde se conservavam grande parte dos materiais, os trabalhos terminaram".

Em 1971, a morte prematura do Pe. Vaux também marcou uma interrupção prolongada. Fidanzio assinala que hoje os materiais de Qumran estão distribuídos entre oito museus e laboratórios de Israel e da Jordânia.

Ao concluir, o especialista destaca que "todos os textos estão disponíveis", mas agora é necessária a análise do Pe. Jean-Baptiste Humbert, sucessor do Pe. Vaux na investigação.

O Pe. Humbert, sacerdote dominicano da Escola Bíblica de Jerusalém, é um arqueólogo francês que trabalhou em Israel, no Irã, na Jordânia e na Palestina; e foi responsável pela publicação da investigação do Pe. Vaux.

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