22 de dezembro de 2024 Doar
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Governo da China destrói Via Sacra de santuário mariano

Bandeira de China | Flickr Will Clayton (CC-BY-2.0)

O santuário de Nossa Senhora do Monte Carmelo, na província chinesa de Henan, é um lugar de peregrinação popular para muitos católicos e local para onde milhares de pessoas viajam desde sua fundação em 1903 para rezar e caminhar por sua Via Sacra.

Entretanto, na noite de 5 de junho, as autoridades locais derrubaram as imagens de Cristo que estavam ao longo da Via Sacra.

Isso aconteceu algumas semanas depois que funcionários chineses disseram ao Bispo Joseph Zhang Yinlin de Weihui (Anyang) para desmontar a Via Sacra, sem lhe dar qualquer razão.

A Via Sacra foi demolida com "escavadoras e caminhões enviadas ao local à noite, porque as autoridades temiam que houvesse muitos membros da igreja durante o dia", indicou o Prelado a UCA News.

Religiosas locais gravaram vídeos e fizeram fotos dos danos e enviaram a grupos de chats para registrar este ato vandálico. Uma fonte disse que o Partido Comunista estava fazendo um exemplo com sua ação no santuário. Disse que o governo "permitiria que o catolicismo existisse, mas não que se desenvolvesse".

O Santuário de Nossa Senhora do Monte Carmelo é o único lugar de peregrinação na província de Henan e está na aldeia de Tianjiajing. Foi erguido como consequência da visão de Dom Stefano Scarella, Vigário Apostólico de Henan do Norte de 1884 até sua morte, em 1902. Dedicou o templo a Maria em agradecimento por proteger os missionários durante a Rebelião dos Boxers.

Todos os anos, o santuário organizava uma celebração em 16 de julho – festa da Virgem do Carmo –, da qual participavam milhares de fiéis de províncias próximas, como Hebei e Shanxi. Porém, em 1987, o governo proibiu as grandes reuniões de peregrinação e limitou o número de participantes a 300.

Apesar da história enraizada do santuário de Henan, seu futuro é desconhecido depois do ataque.

Os danos sofridos no santuário recordam os crescentes ataques contra a liberdade religiosa na China. Há alguns meses, uma igreja protestante foi desmantelada na mesma província e, em fevereiro, as cidades de Henan foram notificadas da proibição de publicar folhetos religiosos.

As cruzes nas igrejas católicas também foram removidas e demolidas por funcionários do governo em Henan, província em que se acredita ter a segunda maior população cristã do país, com aproximadamente 2,4 milhões de fiéis em 2009.

Além disso, as escolas infantis administradas pela Igreja, foram tomadas e fechadas pelas autoridades comunistas sem aviso prévio e o túmulo de um bispo foi profanado.

Oito de cada dez dioceses de Henan receberam a ordem para ser suprimidas desde que, em março, Wang Guosheng se tornou secretário do Partido Comunista desta província.

Na província de Shejiang, os cristãos também sofreram a perseguição do governo local. Do mesmo modo, há informações de demolição de igrejas ou remoção de cruzes na província de Shaanxi e na Região Autônoma Uigur Xinjiang.

A Comissão dos Estados Unidos para a Liberdade Religiosa Internacional publicou em abril seu relatório que qualifica a China como um país de particular preocupação.

A comissão outorga esta qualificação aos governos estrangeiros que participem ou tolerem sistematicamente violações à liberdade religiosa.

Esse mês um funcionário chinês que supervisiona os assuntos religiosos disse que as restrições governamentais às nomeações de bispos não são uma violação da liberdade religiosa. Afirmou que as religiões na China devem "se adaptar à sociedade socialista".

O presidente Xi Jinping, a quem em março foi outorgado o governo por toda a vida, instou a um maior controle governamental e uma menor influência estrangeira das religiões na China. O regime implantou novas restrições em 1º de fevereiro, tornando ilegal que qualquer menor de 18 anos ingresse em um edifício da Igreja.

Como se recorda, no começo do ano houve informações de que a Santa Sé estaria prestes a chegar a um acordo com o governo chinês sobre as nomeações de bispos.

Na China, existe a Igreja Católica clandestina fiel ao Papa e a Associação Católica Patriótica Chinesa, reconhecida pelo governo. Todos os bispos reconhecidos pelo regime devem ser membros da associação, que agora está sob a supervisão diária do Partido Comunista na China.

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