5 de novembro de 2024 Doar
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Papa pede aos cristãos que imitem Jesus e não recusem tocar a miséria humana

Uma multidão encheu a Praça de São Pedro durante a Missa. | Daniel Ibáñez / ACI Prensa

Diante da tentação de se afastar das chegas de Cristo, o Papa Francisco afirmou que "Jesus toca a miséria humana, convidando-nos a estar com Ele e a tocar a carne sofredora dos outros".

Durante a homilia pronunciada na Missa por ocasião da Solenidade de São Pedro e São Paulo, celebrada nesta sexta-feira, 29 de junho, na Praça de São Pedro do Vaticano, o Pontífice advertiu que "várias vezes sentimos a tentação de ser cristãos, mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor".

O Santo Padre, que celebrou a Missa acompanhado dos 14 novos Cardeais, criados no dia anterior no Consistório, atribuiu esta atitude à ação do demônio que, atuando "escondido", tenta afastar os cristãos de Jesus.

O Pontífice refletiu sobre a identidade de Jesus e como o povo de Israel, então, como "tantos rostos sedentos de vida" hoje, perguntava: "És Tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?". O Papa assinalou que Jesus retoma essa pergunta e é Ele mesmo quem a lança aos seus discípulos: "E vós, quem dizeis que Eu sou?".

"Pedro, tomando a palavra, atribui a Jesus o título maior com que O podia designar: 'Tu és o Messias', isto é, o Ungido, o Consagrado de Deus".

Nesse sentido, explicou que "apraz-me saber que foi o Pai a inspirar esta resposta a Pedro, que via como Jesus 'ungia' o seu povo. Jesus, o Ungido que caminha, de aldeia em aldeia, com o único desejo de salvar e levantar quem era tido por perdido: 'unge' o morto, unge o doente, unge as feridas, unge o penitente. Unge a esperança".

Nessa ação, "cada pecador, cada vencido, doente, pagão – no ponto onde se encontrava – pôde sentir-se membro amado da família de Deus. Com os seus gestos, Jesus dizia-lhe de maneira pessoal: tu pertences-Me".

Desse modo, "todo o jugo de escravidão é destruído graças à sua unção. A nós não é lícito perder a alegria e a memória de nos sabermos resgatados, aquela alegria que nos leva a confessar: 'Tu és (…) o Filho de Deus vivo'".

Francisco explicou que Jesus, o Ungido de Deus, "leva o amor e a misericórdia do Pai até às extremas consequências. Este amor misericordioso exige ir a todos os cantos da vida para alcançar a todos, ainda que isso custe o 'bom nome', as comodidades, a posição... o martírio".

Foi precisamente no momento em que Jesus anuncia sua missão de ir a Jerusalém para ser crucificado que Pedro reage: "Deus Te livre, Senhor! Isso nunca Te há de acontecer". Pedro, assinala o Papa, "transforma-se imediatamente em pedra de tropeço no caminho do Messias; e, pensando defender os direitos de Deus, sem se dar conta transforma-se em seu inimigo (Jesus chama-o 'Satanás')".

"Contemplar a vida de Pedro e a sua confissão significa também aprender a conhecer as tentações que hão de acompanhar a vida do discípulo. À semelhança de Pedro, como Igreja, seremos sempre tentados por aqueles 'sussurros' do maligno que serão pedra de tropeço para a missão. Digo 'sussurros' porque o demônio seduz veladamente, fazendo com que não se reconheça a sua intenção".

Pelo contrário, "participar na unção de Cristo é participar na sua glória, que é a própria Cruz". "Glória e cruz, em Jesus Cristo, caminham juntas e não se podem separar; porque, quando se abandona a cruz, ainda que entremos no deslumbrante esplendor da glória, enganar-nos-emos porque aquela não será a glória de Deus, mas a pantomina do adversário".

Frente à tentação de permanecer afastados das chagas de Cristo na cruz, o Santo Padre recordou que "confessar a fé com os nossos lábios e o nosso coração exige – como o exigiu a Pedro – identificar os 'sussurros' do maligno".

"Aprender a discernir e descobrir as 'coberturas' pessoais e comunitárias que nos mantêm à distância do drama humano real, impedindo-nos de entrar em contato com a existência concreta dos outros e, em última análise, de conhecer a força revolucionária da ternura de Deus".

O Pontífice finalizou a homilia assinalando que "contemplar e seguir a Cristo exige deixar que o coração se abra ao Pai e a todos aqueles com quem Ele próprio Se quis identificar, e isto na certeza de saber que não abandona o seu povo".

Antes da celebração, o Papa abençoou os pálios destinados aos Arcebispos metropolitanos nomeados ao longo do ano e que lhes serão impostos em suas respectivas dioceses.

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