CARACAS, Jul 12, 2018 / 15:00 pm
No final de sua 110ª. Assembleia Plenária em 11 de julho, a Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) denunciou que a crise no país está piorando e que o governo é responsável por esta situação.
"A situação do país se torna cada vez mais séria. A maioria da população não tem como enfrentar a hiperinflação monstruosa. A qualidade de vida dos venezuelanos, extremamente precária, piora a cada dia", assinalaram os bispos em sua exortação intitulada "Não temais, eu estou contigo".
Os Bispos reiteraram que "o principal responsável pela crise que estamos vivendo é o governo nacional, por sobrepor o seu projeto político a qualquer outra consideração, inclusive humanitária; por suas políticas financeiras erradas" e por "colocar obstáculos no caminho das pessoas que estão dispostas a resolver algum aspecto do problema atual".
Nesse sentido, assinalaram que a atitude do Governo de apresentar-se "como vítima dos controles externos e internos" é "a confissão da própria incapacidade de administrar o país. Não se pode pretender resolver a situação de uma economia fracassada com medidas de emergência, como bolsas de comidas e bônus".
"Ignorar o povo, falar indevidamente em seu nome, reduzir esse conceito a uma visão política ou ideológica, são tentações próprias dos regimes totalitários, que sempre acabam desprezando a dignidade do ser humano", advertem.
Os bispos denunciaram que as eleições em 20 de maio só serviram para "prolongar o mandato" de Nicolas Maduro e que a altíssima abstenção "é uma mensagem silenciosa de rechaço, dirigida aos que procuram impor uma ideologia totalitária, contra a opinião da maioria da população".
Os bispos também incentivaram todos os esforços que ajudem a superar a crise. Entretanto, lamentaram que a emigração de milhares de venezuelanos os converta "em um país da diáspora".
Ao concluir, os prelados venezuelanos invocaram "novamente a intercessão materna da Santíssima Virgem Maria de Coromoto, para que Ela, com sua oração ante o seu Filho, nos ajudar a superar os males da situação atual".
Crise na Venezuela
Segundo a Caritas Internacional, cerca de quatro milhões de pessoas deixaram a Venezuela devido à grave crise econômica, marcada por uma grande escassez de alimentos e medicamentos, que vivem sob o regime de Nicolas Maduro, presidente desde 2013 e reeleito em 20 de maio nas eleições questionadas pela oposição e pela comunidade internacional.
O principal destino dos milhões de migrantes é a Colômbia, entretanto, cresce o número dos que migram para o Brasil.
O Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) argumentou que o venezuelano perdeu cerca de 11 quilos em 2017, em uma população onde aproximadamente 90% vivem abaixo do nível de pobreza.
A falta de medicamentos também causou o ressurgimento da difteria e o aumento dos casos de sarampo e malária, doenças que praticamente haviam sido erradicadas na Venezuela.
A Venezuela terminou 2017 com uma inflação de 2,616% e uma queda do Produto Interno Bruto de 15%.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê uma inflação de aproximadamente 14.000% em 2018, o qual seria o maior índice de inflação entre os mercados emergentes para este e o próximo ano.
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