SARAJEVO, Jul 25, 2018 / 15:00 pm
Dom Henryk Hoser, enviado do Papa Francisco para supervisionar as necessidades pastorais em Medjugorje – lugar das supostas aparições marianas –, começou o seu mandato pastoral com uma Missa celebrada no domingo, 22 de julho.
Em 2017, o Papa enviou o bispo para esta região da Bósnia Herzegovina com um objetivo "puramente pastoral" e não por causa da suposta aparição mariana, cuja questão doutrinária é competência da Congregação para a Doutrina da Fé.
Assim, durante a Missa celebrada na igreja de St. James, Dom Hoser disse que "a pergunta fundamental" é por que tantas pessoas viajam a Medjugorje todos os anos. A resposta é que vão "se encontrar com alguém: encontrar-se Deus, com Cristo, conhecer a sua Mãe", indicou.
O enviado de Francisco também citou a Constituição Lumen gentium do Concílio Vaticano II, que sublinha que a devoção a Maria é incentivada pela Igreja na medida em que se desenvolve "em subordinação harmoniosa" à adoração a Cristo.
"A Santa Missa, adoração ao Santíssimo Sacramento, uma frequência em massa ao Sacramento da Penitência, com outras formas de piedade: Terço e Via Sacra", estão no centro de devoção à Virgem Maria, assinalou.
Nesse sentido, citando o profeta Jeremias disse: "Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto!". "O Santo Padre, pastor universal da Igreja, toma estas palavras do profeta como suas. Ele nos envia para onde as pessoas existem e vivem, onde os fiéis se reúnem para buscar a luz da salvação", acrescentou.
Durante a homilia, o Arcebispo não fez nenhum comentário sobre a validade das supostas aparições.
Em 31 de maio, a Santa Sé informou que a nomeação de Dom Hoser como visitador apostólico será por "tempo indeterminado" e com um objetivo "puramente pastoral".
A sua missão "tem a fidelidade de assegurar um acompanhamento estável e contínuo da comunidade paroquial de Medjugorje e dos fiéis que visitam em peregrinação e cujas exigências requerem uma atenção especial".
Em janeiro 2014, uma comissão do Vaticano concluiu uma investigação que durou aproximadamente quatro anos sobre aspectos doutrinais e disciplinares das supostas aparições de Medjugorje e apresentou um documento à Congregação para a Doutrina da Fé.
Quando este dicastério tiver analisado as descobertas da comissão, enviará um documento ao Papa, que tomará uma decisão final.
As supostas aparições começaram em 24 de junho de 1981, quando seis crianças asseguraram experimentar fenômenos em Medjugorje que, segundo afirmam, são aparições da Virgem Maria.
Segundo estes seis "videntes", as aparições tinham uma mensagem de paz para o mundo, um apelo à conversão, à oração e ao jejum, assim como certos segredos que cercam os eventos que serão cumpridos no futuro.
Além disso, também dizem que três das seis crianças originais, que agora são adultos, continuam recebendo aparições todas as tardes, porque ainda não foram revelados todos os "segredos" que lhes propõem.
Desde o princípio, as supostas aparições têm sido fonte de polêmica e conversão. Enquanto alguns afirmam experimentaram milagres, outros assinalam que as visões não são credíveis.
O Papa Francisco viajou à Bósnia-Herzegovina em junho de 2015, mas não visitou Medjugorje. Durante o voo de regresso a Roma, indicou que o processo de investigação das aparições estava quase completo.
Do mesmo modo, em maio de 2017, no voo que o levou a Roma depois da sua visita a Fátima (Portugal), o Papa falou sobre o documento da comissão de investigação e disse que era "muito, muito bom". Afirmou que há uma distinção entre as primeiras aparições marianas em Medjugorje e as posteriores.
O Papa precisou que no caso de Medjugorje "deve-se distinguir 3 coisas: as primeiras aparições, quando eram crianças. O relatório mais ou menos diz que se deve continuar investigando isso".
Sobre as "supostas aparições atuais", disse Francisco, "o relatório tem suas dúvidas".
"Eu pessoalmente sou mais malvado, eu prefiro a Virgem Mãe, nossa Mãe e não a Virgem Chefe do Escritório Telegráfico, que todos os dias envia uma mensagem à tal hora. Esta não é a Mãe de Jesus", expressou.
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