21 de novembro de 2024 Doar
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Diocese nos EUA se pronuncia sobre relatório de má conduta de ex-diretor vocacional

Catedral de Cristo Ressuscitado, Lincoln, Nebraska | Ammodramus on Wikimedia Commons

A Diocese de Lincoln, Nebraska (Estados Unidos), reconheceu os relatórios de má conduta sexual cometida pelo ex-diretor vocacional Mons. Leonard Kalin, que já faleceu, e foram apresentados pelo ex-sacerdote Peter Mitchell.

Em uma declaração do dia 1º de agosto, a Diocese de Lincoln disse que "conhece os relatórios anteriores de conduta contrária à prudência e a lei moral de Mons. Leonard Kalin, que morreu em 2008".

"A Diocese abordou estas acusações de má conduta diretamente com Mons. Kalin durante o seu tempo no ministério sacerdotal", indica a declaração, acrescentando que a diocese não sabe se Kalin violou as leis civis.

"A Diocese de Lincoln também está informada sobre os relatórios anteriores de conduta contrária à prudência e à lei moral do ex-sacerdote da Diocese de Lincoln, Peter Mitchell (autor do relatório sobre Kalin). A diocese abordou estas acusações de má conduta diretamente com Mitchell durante seu tempo de ministério na Diocese de Lincoln", continua.

Em sua declaração, a diocese destacou que "informa todas as supostas violações do direito civil às autoridades competentes e se compromete a abordar todas as violações à prudência, à moral ou ao direito civil por parte do clero, de funcionários e voluntários no momento que se denunciam".

Esta declaração foi uma resposta a um artigo publicado em 1º de agosto em 'American Conservative' por Peter Mitchell, ex-sacerdote que frequentou um seminário na Diocese de Lincoln. Mitchell foi retirado do estado clerical em 2017 depois de quebrar o seu voto de celibato em várias ocasiões.

O artigo de Mitchell fala de Mons. Leonard Kalin, diretor vocacional da Diocese de Lincoln e pároco do Centro Newman da Universidade de Nebraska entre 1970 e 1990.

Enquanto Mons. Kalin era muito respeitado devido a sua ortodoxia e por atrair vocações, Mitchell disse que levou uma vida de imoralidade sexual e deu um mau exemplo para os seminaristas que supervisionou.

Além disso, disse que Kalin regularmente pedia aos seminaristas para ajudá-lo a tomar banho, com a desculpa de que era idoso e precisava de ajuda, e depois praticava "avanços sexuais".

Também disse que convidava os seminaristas a Las Vegas e exigia que se reunissem com ele de madrugada no Newman Center, antes de convidá-los ao seu quarto para tomar uma bebida.

Aqueles que rechaçavam os seus convites eram tratados como inferiores, disse.

Em certa ocasião, Mitchell contou que outro seminarista o questionou sobre a sua lealdade a Kalin, por ter reclamado ao então Bispo de Lincoln. Mitchell não recebeu nenhuma resposta do Prelado naquela época.

"Senti uma profunda discriminação como seminarista e depois como sacerdote, porque era heterossexual em um ambiente esmagadoramente homossexual, onde os sacerdotes gays sexualmente ativos se protegiam e se promoviam mutuamente", disse Mitchell.

Mitchell afirmou que nunca tomou banho com Kalin ou o acompanhou a beber de madrugada.

A CNA – agência em inglês do Grupo ACI – se comunicou com Mitchell para pedir detalhes adicionais, entretanto, não respondeu até a data de fechamento desta edição.

Em seu artigo, Mitchell disse que "a sua vida como sacerdote foi, sem dúvida, afetada pela formação totalmente inadequada e abusiva" que recebeu, em relação à preparação "para uma vida saudável como um homem heterossexual e celibatário".

Do mesmo modo, reconheceu e lamentou as suas próprias violações do celibato.

"Entretanto, sou muito consciente de que as pessoas que me formaram no seminário modelaram comportamentos aditivos em mim, assim como em uma geração de jovens que atualmente são sacerdotes", disse.

Mitchell advertiu que o comportamento de Kalin teve efeitos duradouros na diocese.

"Embora Kalin tenha falecido em 2008, os seminaristas que favoreceu se tornaram sacerdotes que continuam no poder eclesiástico. Atualmente, qualquer pessoa que tente falar criticamente sobre o comportamento e o legado de Kalin recebe um código de silêncio para 'o bem da Igreja'", contou.

"Se alguma vez tentei expressar frustração sobre o como o Bispo me tratava, os sacerdotes em posições de poder sobre mim rapidamente me pediam para ficar quieto, quase como um robô, diziam: 'Embora tivesse alguns defeitos, foi muito ortodoxo e recrutou muitas vocações'", afirmou.

Mitchell acredita que existem vários sacerdotes na diocese que tiveram más experiências com Kalin ou sabiam da sua má conduta, mas tinham medo de falar por temor das represálias.

"Infelizmente, é extremamente difícil que os sacerdotes ativos declarem, porque os homens contra os que eles falariam controlam todos os aspectos de suas vidas e suas reputações. Mas isso deve acontecer pelo seu próprio bem pelo bem da Igreja".

A Diocese de Lincoln disse que "se esforça para manter uma cultura de santidade, castidade, integridade e alegria como a de Cristo entre os nossos seminaristas e sacerdotes", e que se comprometem em "manter os altos padrões de comportamento casto que o Senhor nos pede viver".

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Em sua declaração, a diocese pediu a qualquer sacerdote, religioso, seminarista ou leigo que informassem à chancelaria diocesana ou à justiça qualquer informação ou inquietação sobre uma má conduta no passado ou no presente ocorrida em uma paróquia, escola ou em algum tipo apostolado.

O atual Bispo de Lincoln, Dom James Conley, comentou o artigo de Mitchell em sua coluna no dia 3 de agosto para o 'Southern Nebraska Register'.

Examinando as acusações contra Kalin e contra o Arcebispo Emérito de Washington, Theodore McCarrick, que foi retirado do colégio de cardeais no último fim de semana, Dom Conley destacou que Cristo caminha junto com os feridos, compreende a sua dor e a sua raiva.

"Porque a sexualidade é um presente tão poderoso, acredito que o malvado – Satanás – nos tenta a pecar contra a castidade e abusar da nossa sexualidade, porque com isso pode causar um grande dano para os filhos amados do Senhor", disse.

Dom Conley pediu desculpas em nome da Igreja por aqueles que foram prejudicados pelos seus membros e líderes. Pediu aos católicos para que rezem pelas vítimas de abuso sexual e má conduta.

"Cristo promete uma nova vida. Que renove a sua Igreja e renove os corações daqueles que sofrem", acrescentou.

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