21 de novembro de 2024 Doar
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Papa sobre acusações de ex-núncio no caso McCarrick: “Não direi uma palavra”

Papa Francisco responde a perguntas dos repórteres no avião. | Hannah Brockhaus/ACI Prensa

Como de costume após suas viagens apostólicas, o Papa Francisco conversou com os jornalistas sobre diversos temas, entre os quais esteve presente o das acusações do Arcebispo italiano Carlo Maria Viganò, ex-núncio Papal nos EUA, quem afirmou em um documento que o Papa sabia dos abusos do ex-cardeal McCarrick e nada fez a respeito.

A pergunta veio da jornalista Anna Matranga, jornalista da rede de televisão norte-americana CBS quem perguntou ao Papa:

"Voltarei ao tema dos abusos, sobre os quais já falou. Esta manhã bem cedo, foi publicado um documento do Arcebispo Carlo Maria Viganò no qual ele afirma que em 2013 teve uma conversa pessoal com você no Vaticano e que nesta conversa, ele falou com você explicitamente, do comportamento... dos abusos sexuais do ex-cardeal McCarrick, e queria pergunta se isto é verdade. E quisera também perguntar-lhe outra coisa, o Arcebispo também disse que o Papa Bento havia sancionado McCarrick, que lhe havia comunicado que não podia viver no seminário, não podia celebrar missa pública, não podia viajar, era sancionado pela Igreja. Posso perguntar se essas duas coisas são verdade?"

Esta foi a resposta do Santo Padre:

"Eu respondo, mas preferiria que falemos primeiro sobre a viagem, depois de outras coisas.

Eu li na manhã de hoje o comunicado. Eu o li, e lhes digo sinceramente, que devo dizer-lhes o seguinte, a você e a todos vocês que estão interessados: Leiam vocês atentamente o comunicado, e tirem suas próprias conclusões. Eu não vou dizer uma palavra sobre isso. Acredito que o comunicado fala por si mesmo, e vocês têm a capacidade jornalística suficiente para chegar às conclusões. É um ato de confiança. Depois de já ter passado algum tempo, e vocês tenham as conclusões, talvez eu fale. Mas eu desejaria que a vossa maturidade profissional faça este trabalho, vos fará bem, de verdade...".

Anna Matranga voltou a tomar o microfone e fez um complemento à sua pergunta:
"Marie Collins disse que falou com Sua Santidade depois do encontro que teve com as vítimas, e disse que falou com Sua Santidade diretamente sobre o cardeal McCarrick, e que Sua Santidade foi muito duro em sua condenação ao cardeal. Queria perguntar: quando foi que escutou pela primeira vez sobre os abusos do ex-cardeal?"

E o Papa respondeu-lhe:

"Isto é parte do comunicado do McCarrick. Estudem-no, e depois eu direi. Como ontem não o havia lido, me permiti falar abertamente com Marie Collins e o grupo, o que deve ter durado uma hora e meia e eu sofri muito com aquilo, mas acredito que precisava escutar aquelas 8 pessoas. E desta reunião saiu a proposta, eu a fiz, eles aceitaram e me ajudaram, a pedir o perdão hoje na missa por fatos concretos. Como a última petição, sobre algo que eu jamais ouvi falar. O caso das mães e da "lavanderia das mulheres"... Quando uma mulher ficava grávida fora do matrimônio, iam a um hospital ou a uma escola, não sei... uma instituição regida por freiras. Lá as irmãs a recebiam e depois pegavam o bebê e davam aquele filho em adoção. Os filhos depois tentavam procurar as mães e lhes diziam que isso era pecado mortal e às mães que amavam seus filhos, diziam-lhes que procurá-los era um pecado mortal. As coisas que abordei hoje, algumas eu desconhecia. Foi doloroso para mim, mas foi de consolo poder esclarecer estas coisas.

Terminando sua resposta e referindo-se ao documento do Arcebispo Viganò que acusa o Papa Francisco de ter encoberto o ex-cardeal McCarrick, o Santo Padre disse:

"Espero vossos comentários sobre o documento, eu gostaria de escutá-los".

Para entender melhor o caso, confira nossa notícia:

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