SAN FRANCISCO, Aug 31, 2018 / 14:00 pm
O Arcebispo de San Francisco, nos Estados Unidos, Dom Salvatore Cordileone, confirmou parte do testemunho de Dom Carlo Maria Viganò, ex-diplomata vaticano.
Em uma carta dirigida a toda a Arquidiocese de San Francisco, Dom Cordileone assegurou que conheceu "bem o Arcebispo Viganò durante os anos em que serviu como Núncio Apostólico aqui nos Estados Unidos". "Posse atestar que é um homem que serviu à sua missão com dedicação desinteressada, que cumpriu bem a missão petrina confiada a ele pelo Santo Padre de 'fortalecer seus irmãos na fé' e que o fez com grande sacrifício pessoal e sem qualquer consideração em promover sua 'carreira' – tudo isso fala de sua integridade e amor sincero à Igreja".
"Ainda mais, embora não tenha tido informação privilegiada sobre a situação do Arcebispo McCarrick, da informação que tenho sobre algumas poucas das outras declarações que faz o Arcebispo Viganò, posso confirmar que são verdade".
Dom Viganò publicou em 25 de agosto um "Testemunho" de 11 páginas, responsabilizando diversos sacerdotes, bispos e cardeais de encobrir as denúncias de abusos sexuais que pesam sobre o ex-cardeal Thedore McCarrick, Arcebispo Emérito de Washington.
O ex-núncio nos Estados Unidos disse ainda que, pouco depois de sua eleição, em março de 2013, o Papa Francisco retirou as supostas sanções que seu predecessor, Bento XVI, teria imposto a McCarrick e teria o convertido em "seu conselheiro de confiança".
De fato, segundo Dom Viganò, McCarrick aconselhou o Papa Francisco sobre a nomeação de bispos nos Estados Unidos, como o novo Arcebispo de Chicago, Cardeal Blase Cupich, e o Arcebispo de Newark, Cardeal Joseph William Tobin.
O Arcebispo de San Francisco assegurou que as declarações do ex-núncio "devem ser tomadas muito seriamente. Descartá-las logo continuará uma cultura de negação e ofuscação".
Entretanto, indicou, "para validar suas declarações em detalhe, terá que ser realizada uma investigação formal, que seja minuciosa e objetiva".
Em seguida, o Prelado norte-americano agradeceu ao presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB), Cardeal Daniel DiNardo, "por reconhecer o mérito de encontrar respostas que sejam 'conclusivas e baseadas em evidência', e uno minha voz a de outros bispos no pedida dessa investigação, e em tomar qualquer ação corretiva que possa ser necessária à luz desses resultados".
Dom Cordileone recordou que foi nomeado bispo "em 5 de julho de 2002, três semanas depois da reunião da USCCB em Dallas que aprovou a Carta para a Proteção de Crianças e Jovens, e ainda no apogeu do drama das revelações de abusos sexuais de menores por parte do clero".
Naquela época, disse, encontrou-se com um amigo sacerdote que o cumprimentou por sua nomeação. "Respondi-lhe 'obrigado, mas este não é um bom momento para se tornar bispo'. Nunca esqueci a resposta dele: 'mas é um bom momento para ser um grande bispo'".
"O que ele me disse naquele momento pode ser dito a todos os católicos neste tempo", destacou.
O Arcebispo de San Francisco sublinhou que "a Igreja precisa de purificação" e assinalou que "a purificação sempre é dolorosa".
Às vítimas de abusos, o prelado pediu que "saibam de nossas orações e amor por vocês e que continuamos aqui para vocês, para apoiá-los e ajuda-los a curar com os recursos que temos disponíveis".
Dom Cordileone assinalou ainda que, para que a purificação desejada por Deus funcione, "devemos cooperar".
"Deus sempre levantou grandes santos em tempos similares de agitação na Igreja. Faço um chamado a todos nós a voltarmos a nos dedicarmos à oração, penitência e adoração ao Santíssimo Sacramento, para que Deus nos abençoe com esta graça", disse.
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