27 de dezembro de 2024 Doar
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Vaticano enviará delegação à China neste mês, assinala jornal chinês

Imagem referencial | Pixabay (Domínio Público)

O Vaticano enviará uma delegação à China no final do mês de setembro, durante as negociações para o "tão esperado acordo para a nomeação dos bispos", segundo divulgou o jornal chinês 'The Global Times'.

'The Global Times', jornal do Partido Comunista Chinês, informou nesta terça-feira que "uma delegação do Vaticano virá à China para uma reunião no final de setembro e, se correr tudo bem durante o encontro, o acordo poderia ser assinado, segundo indicou uma fonte relacionada ao tema".

Na semana passada, 'The Global Times' indicou que "uma fonte do Vaticano" informou que no final de setembro "uma figura proeminente da Santa Sé provavelmente virá à China, sem oferecer mais detalhes".

O jornal citou Wang Meixiu, um "especialista em estudos católicos da Academia Chinesa de Ciências Sociais", que assinalou que "é provável que a China e o Vaticano tenham concordado que no futuro os bispos na China devam ser aprovados pelo governo chinês e enviados pelo Papa, e que este emitirá a carta de nomeação".

O jornal também destaca que antes de assinar o acordo, "a Santa Sé emitirá um documento oficial para reconhecer sete bispos chineses que são considerados como 'ilegítimos' pelo Vaticano, incluindo alguns outros que foram excomungados anteriormente".

Wang Meixiu disse em relação a isto que "a China considera que a excomunhão é uma ofensa contra Beijing e o reconhecimento (dos sete bispos) mostraria que o Vaticano entende a situação religiosa da China depois de várias conversas".

Além disso, 'The Global Times' cita uma resposta do dia 15 de setembro recebida por e-mail do diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, Greg Burke, que assinalou que "o diálogo entre a Santa Sé e a República Popular da China continua. Não há mais nada a dizer neste momento".

Embora algumas pessoas tenham aplaudido a possível mudança de rumo nas relações do Vaticano e da China, o Bispo Emérito de Hong Kong, Cardeal Joseph Zen ze-kiun, publicou uma carta em 29 de janeiro na qual mostrava sua tristeza e discordância por este acontecimento.

Na missiva publicada em seu site, o Purpurado informou que o Vaticano pediu a um bispo para que renuncie a fim de permitir que os bispos relacionados ao governo assumam os seus cargos.

Em sua carta, o Cardeal disse que "o problema não é a renúncia dos bispos legítimos, mas o pedido de abrir espaço para aqueles ilegítimos e inclusive excomungados".

"Acreditaria que o Vaticano está vendendo a Igreja Católica na China? Sim, definitivamente, se eles estão indo na direção na qual estão segundo o que eles estão fazendo nos últimos anos e meses", questionou o Purpurado.

As relações diplomáticas entre a China e o Vaticano se romperam em 1951, dois anos depois da chegada ao poder dos comunistas que expulsaram os clérigos estrangeiros.

Desde então, a China só permite o culto católico por meio da Associação Patriótica Católica Chinesa, fiel ao Partido Comunista da China, e rejeita a autoridade do Vaticano para nomear bispos ou governá-los.

Os bispos legítimos que permanecem fiéis ao Papa, vivem em uma situação próxima à clandestinidade, permanentemente assediados pelas autoridades comunistas.

Atualmente, todo bispo reconhecido pelo governo chinês deve ser membro da associação patriótica e muitos bispos nomeados pelo Vaticano, que não são reconhecidos ou aprovados pelo governo chinês, são perseguidos.

Vários bispos aprovados pelo Vaticano na China estão completando 75 anos, idade na qual devem apresentar a sua renúncia, e muitos outros morreram, enquanto poucos sucessores foram nomeados, provocando questões sobre se o acordo poderia estar próximo.

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