Vaticano, Nov 11, 2018 / 06:00 am
O Papa Francisco tem um pequeno ícone ucraniano da Senhora da Ternura, de grande tradição dos ucranianos, que conserva "com uma veneração especial". "Eu rezo com ele todos os dias".
Assim afirmou ante seminaristas e sacerdotes do Pontifício Colégio Ucraniano de Roma, aos quais recebeu em audiência em novembro de 2017, por ocasião dos 85º anos da sua construção promovida pelo Papa Pio XI.
O Santo Padre explicou que o ícone foi um presente do Arcebispo Maior da Igreja grego-católica ucraniana, "quando estávamos em Buenos Aires. Quando eu vim para Roma, pedi que me trouxessem".
Em seu discurso, Francisco convidou sacerdotes e seminaristas a se abrirem ao Evangelho, a olhar um grande horizonte para se tornarem "verdadeiros pastores da sua comunidade", contribuindo assim para a paz e a justiça na Ucrânia, afetada pela guerra durante anos, para onde deverão voltar depois de terminar os seus estudos.
O Santo Padre se referiu à origem do Colégio, que foi construído a fim de "proporcionar aos provenientes das regiões de sofrimento ou perseguição um lugar em Roma, onde podem sentir-se como filhos amados e viver em uma casa onde possam crescer e preparar-se para a missão apostólica como diáconos e sacerdotes".
Francisco recordou como, "nos últimos anos do seu pontificado, Pio XI teve que enfrentar muitos desafios, mas apesar disso sempre levantou a sua voz com força na defesa da fé, da liberdade da Igreja e da dignidade transcendente de toda pessoa humana".
"Condenou claramente, por meio de discursos e cartas, as ideologias ateias e desumanas que ensanguentaram o século XX. Evidenciou suas contradições, indicando à Igreja o caminho mestre do Evangelho, também colocado em prática na busca da justiça social, dimensão imprescindível do resgate humano de povos e nações".
Neste momento, aproveitou a oportunidade para dirigir-se aos sacerdotes presentes e convidá-los a "estudar a Doutrina Social da Igreja a fim de amadurecerem no discernimento e julgamento das realidades sociais em que vocês serão chamados a trabalhar".
"Nos nossos dias, o mundo também está ferido pelas guerras e pela violência. Especialmente, na vossa amada nação ucraniana, da qual procedem e à qual regressarão quando terminarem os seus estudos em Roma, vive-se o drama da guerra que causa grandes sofrimentos, sofrimentos que, especialmente nas zonas afetadas pelo conflito, aumentará com a chegada do inverno".
Na Ucrânia, assinalou Francisco, "a inspiração pela justiça e pela paz é forte, e proíbe toda forma de abuso, corrupção social e política, realidade em que são sempre os pobres a pagarem as consequências".
Além disso, recordou aos sacerdotes e seminaristas que, "amando e anunciando a Palavra, vão se tornar verdadeiros pastores da comunidade que lhes confiaram, e essa será a lâmpada que iluminará o vosso coração e a vossa casa".
"Da colina de Gianicolo, onde está o Colégio, podem desfrutar de um belo panorama de Roma, e talvez, há alguns dias, puderam contemplar o arco-íris depois da tempestade, quando o sol cruzava as grandes nuvens. Deste modo, convido-os a agir, de maneira que o vosso coração sempre se abra aos grandes horizontes até abarcar o mundo inteiro, onde muitos filhos e filhas da Ucrânia se espalharam ao longo dos séculos".
"Amem e cuidem das suas tradições, mas sempre evitem todas as formas de sectarismo", exortou. "Cuidem sempre, no vosso país e fora dele, do sonho da Aliança entre Deus e a humanidade, as pontes que, como o arco das luzes sobre as nuvens, reconciliem o céu com a terra e invoquem os homens a fim de que nunca parem de aprender a amar-se e respeitar-se, abandonando as armas, as guerras e todas as formas de abuso", concluiu.
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