Roma, Nov 24, 2018 / 06:00 am
"Simplesmente cristãos. A vida e a mensagem dos beatos mártires de Tibhirine" é o título do livro publicado recentemente pela Livraria Editora Vaticana sobre os sete monges trapistas assassinados por fundamentalistas islâmicos em 1996.
Os futuros beatos são os monges Christian de Chergé, Luc Dochier, Christophe Lebreton, Michel Fleury, Bruno Lemarchand, Célestin Ringeard e Paul Favre-Miville. Eles serão beatificados junto com outros 12 mártires assassinados na Argélia no final do século XX.
Estes monges, que serão beatificados no próximo dia 8 de dezembro no Santuário de Notre-Dame de Santa Cruz em Oran (Argélia), são "um exemplo de amor puro e desinteressado", assegurou o Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, Cardeal Angelo Becciu, durante a apresentação do livro.
Além disso, o Cardeal Becciu disse em uma entrevista a Vatican News que esperam que com esta celebração "toda a comunidade cristã se sinta fortalecida" e que os fiéis "destes mártires, aprendam a capacidade de ser luz para aqueles que os rodeiam".
"A santidade – disse o Purpurado – é o fruto de um caminho, é a consequência de todo o viver, sendo fiel à missão de Deus. O projeto fundamental para cada um de nós é ser amor... amar a Deus e amar os irmãos", por isso é preciso viver com um "coração puro, com um coração dom para os outros", "desta forma se constrói a santidade, mesmo sem perceber".
O livro apresentado no último dia 19 de novembro foi escrito pelo postulador da causa de canonização dos mártires da Argélia, Pe. Thomas Georgeon, junto ao diretor do departamento de comunicação da Ordem Equestre do Santo Sepulcro, François Vayne, que conheceu os monges na sua adolescência.
Vayne afirmou que a vida dos futuros beatos estava irrigada pela oração, "que dava força ao serviço, à acolhida, à escuta". Explicou que, durante os anos da guerra civil na Argélia, "o sangue cristão e o sangue muçulmano se misturaram, fazendo a nossa fraternidade crescer".
Nesse sentido, assegurou que os sete monges trapistas dão "uma mensagem de esperança e paz, não só para a Argélia, mas para o mundo inteiro".
O Mosteiro de Nossa Senhora de Atlas, fundado em 1938 na cidade argelina de Tibhirine, foi cenário de um dos episódios mais sangrentos da guerra civil argelina na década de 1990 do século XX.
Os grupos terroristas islâmicos lançaram uma campanha contra os estrangeiros residentes no país, especialmente contra os de nacionalidade francesa, e os lugares cristãos foram um dos seus principais alvos.
Apesar disso, os monges trapistas do mosteiro de Tibhirine decidiram permanecer devido ao forte vínculo que tinham com a população local, à qual ofereciam um serviço médico fundamental.
Na madrugada do dia 27 março de 1996, os terroristas do Grupo Islâmico Armado (GIA) assaltaram o mosteiro e sequestraram 7 dos 9 monges que havia naquele momento, todos de nacionalidade francesa.
As negociações para trocar os monges pelos prisioneiros do GIA não funcionaram e, em 21 de maio de 1996, os terroristas anunciaram que tinham decapitado sete monges. As suas cabeças apareceram em 30 de maio, mas seus corpos nunca foram encontrados.
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