22 de dezembro de 2024 Doar
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Cardeal Ravasi: Presença de católicos deve ser um grito e não um sussurro

Uma peregrina durante a Audiência Geral das quartas-feiras na Praça de São Pedro. | Maria Testino/ ACI Prensa

O presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, Cardeal Gianfranco Ravasi, assinalou que, embora os católicos atualmente sejam uma minoria, a sua presença deve ser "um grito e não um sussurro".

Assim indicou o Purpurado durante uma entrevista concedida ao jornal italiano 'Corriere della Sera', no marco do congresso realizado em Roma em 29 e 30 de novembro sobre o encerramento de igrejas na Europa, América do Norte e Oceania, intitulado "Deus já não vive aqui?".

No mundo de hoje, disse o Cardeal, "existem dois caminhos fundamentais. O primeiro é se reduzir e dizer o mínimo absoluto, religioso e moral. Reconhecer a tendência ao subjetivismo e conceder quase tudo, como fazem muitas igrejas protestantes: melhor ter algo pequeno para não ficar vazio. Não estou de acordo. A presença dos crentes, inclusive se for mínima, deve ser um grito e não um sussurro".

O segundo caminho, continuou, "é preservar o núcleo, o kerygma (anúncio da Boa Nova), as grandes últimas palavras: o Decálogo, o sermão da montanha, a verdade, a vida e a morte. Fazer como São Paulo no areópago de Atenas, sabendo que inclusive é possível o fracasso. A derrota e o rechaço fazem parte da dinâmica do anúncio".

Na Grécia, está o areópago, o lugar onde há cerca de dois mil anos o apóstolo São Paulo fez um sermão aos intelectuais da época; e onde, segundo a tradição, somente uma pessoa escutou o seu sermão: São Dionísio Areopagita.

"Para mostrar a força, a radicalidade evangélica das Bem-aventuranças, não é suficiente somente ler, mas devo explicar em uma linguagem que a atualize. São Paulo entendeu o cerne cristão, o kerygma, e o traduziu em uma linguagem que já não era a dos judeus. O grego que São Paulo usou era como o inglês de agora, o idioma digital", destacou o Purpurado.

Como exemplo desta forma de anunciar o Evangelho, o Cardeal citou o Papa Francisco, alguém que sabe como chagar até as pessoas com simplicidade em todos os lugares, saindo ao encontro delas também nas periferias.

"Estamos em um período que às vezes pode ser dramático e desanimador, eu entendo. Mas se esconder em um oásis protegido não é uma atitude cristã", sublinhou.

Igrejas em desuso

Em relação aos templos que são fechados em diferentes lugares do mundo, o Cardeal disse que "uma igreja deve permanecer sendo não só sacra, mas santa, deve ser frequentada. Santas são as pessoas".

"Se já não é santo, se já não recebe mais as pessoas, um templo pode ser dessacralizado, mas não profanado: fazer neste local uma pizzaria é blasfêmia. Poderiam fazer em vez disso um museu, um ponto de encontro sobre temas e valores leigos", indicou.

No Ocidente, "nós, católicos, e em geral os crentes devemos ser conscientes de que somos uma minoria", destacou o presidente do Pontifício Conselho para a Cultura.

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