Vaticano, Dec 6, 2018 / 13:30 pm
O Papa Francisco nomeou o Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, Cardeal Giovanni Angelo Becciu, seu enviado especial para a beatificação em Orã (Argélia) dos mártires Dom Pierre Claverie e seus 18 companheiros, entre os quais estão os monges de Tibhirine, assassinados no país africano por ódio à fé na década de 1990.
A cerimônia, será presidida pelo Cardeal Becciu no sábado, 8 de dezembro, no santuário de Notre Dame de Santa Cruz, em Orã.
Dom Pierre Claverie foi bispo de Orã de 1981 até o dia em que foi assassinado com uma bomba em 1º de agosto de 1996 pelos terroristas islâmicos na entrada da sua casa. Ele nasceu na Argélia em 1938, durante a dominação francesa do país.
Na Argélia, viveu durante toda a sua infância e adolescência, depois foi transferido para a Europa para se formar como dominicano.
Voltou à Argélia e, depois de servir como diretor do Instituto, foi nomeado Bispo de Orã em 1981. Grande conhecedor da religião islâmica, durante o seu ministério se esforçou para aproximar cristãos e muçulmanos e promover o diálogo inter-religioso.
Após a explosão da guerra civil argelina em 1991, esforçou-se para alcançar a paz e acabar com os massacres e com a violência. Foi precisamente o seu envolvimento a favor de uma solução não violenta ao conflito o que o colocou no alvo dos extremistas que, finalmente, acabaram com a sua vida.
Na mesma época, também faleceram os monges trapistas do Mosteiro de Nossa Senhora do Atlas, na cidade de Tibhirine, que foram sequestrados e assassinados por terroristas islâmicos.
Este foi um dos incidentes mais sangrentos ocorridos durante a guerra civil argelina e causou grande comoção em toda a Europa, especialmente na França, de onde eram os monges.
Os grupos terroristas islâmicos lançaram uma campanha contra os estrangeiros residentes no país, especialmente contra os de nacionalidade francesa, e os lugares cristãos foram um dos seus principais alvos.
Apesar disso, os monges trapistas do mosteiro de Tibhirine decidiram permanecer devido ao forte vínculo que tinham com a população local, à qual ofereciam um serviço médico fundamental.
Na madrugada do dia 27 março de 1996, os terroristas do Grupo Islâmico Armado (GIA) assaltaram o mosteiro e sequestraram 7 dos 9 monges que havia naquele momento. Todos de nacionalidade francesa.
As negociações para trocar os monges pelos prisioneiros do GIA não funcionaram e, em 21 de maio de 1996, os terroristas anunciaram que tinham decapitado sete monges. As suas cabeças apareceram em 30 de maio, mas seus corpos nunca foram encontrados.
Em 27 de janeiro, o Papa Francisco assinou os decretos que reconhecem o martírio de Dom Pierre Claverie, dos 7 monges de Tibhirine e dos outros 10 mártires que deram suas vidas pela fé na Argélia. Entre eles estão também as missionárias agostinianas espanholas Caridad Álvarez e Esther Paniagua, assassinadas em 1994.
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