22 de dezembro de 2024 Doar
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“Detenham as matanças!”, clama bispo filipino diante de execuções extrajudiciais

Foto referencial. Pixabay (Domínio público)

O vice-presidente da Conferência Episcopal das Filipinas, Dom Pablo Virgilio David, afirmou que "um assassinato extrajudicial sempre é um erro, embora signifique a morte de delinquentes. Este é o nosso pedido desesperado para o Advento e o próximo Natal: pelo amor de Deus, detenham as matanças! Comecemos a cura".

O presidente filipino Rodrigo Duterte lançou a "guerra contra as drogas" depois de assumir a presidência em 2016.

Segundo dados oficiais, a polícia matou cerca de cinco mil suspeitos em ataques para prender os traficantes de drogas, mas as organizações de direitos humanos afirmam que o número de assassinatos, incluindo as execuções extrajudiciais por esquadrões de "vigilantes" é quatro vezes maior, ou seja, cerca de 20 mil pessoas.

A polícia rechaça estas acusações e alega que os assassinatos envolvem traficantes de drogas que resistiram à prisão.

O também Bispo de Kalookan disse que a sua diocese é "um campo de extermínio" devido às execuções extrajudiciais. "A luta contra as drogas ilegais deve ser implacável, mas os assassinatos devem acabar", disse.

"Não deixemos que as nossas ações sejam motivadas pela ira, pelo ódio, pelo ressentimento e pela vingança. Não deixemos que o mal tenha a última palavra. Não permitamos que o inimigo nos torne à sua imagem e semelhança. Não podemos aceitar passivamente estes assassinatos sem sentido, somente porque alguns de nós pensamos que é bom para a sociedade", assinalou o Prelado, que ganhou a antipatia do presidente Duterte.

Dom David disse que é necessário reabilitar os viciados a fim de que tenham uma segunda oportunidade. "Este é um dos princípios mais importantes da nossa fé como cristãos: todos nós vivemos apenas pela graça e pela misericórdia de um Deus que perdoa. Quem somos nós para condenar, se o nosso Deus perdoa? Quem de nós não comete erros?", explicou o Prelado.

Nesse sentido, disse que para abordar o problema do tráfico e das drogas nas Filipinas, o caminho não é "eliminar os dependentes químicos", eleitos pela campanha antidrogas de Duterte, mas melhorar os programas de reabilitação.

Com este objetivo, as 86 dioceses católicas do país asiático dirigem iniciativas de reabilitação e promovem programas educacionais e bolsas de estudo para as pessoas afetadas.

O Prelado também se referiu aos sacerdotes assassinados recentemente nas Filipinas e disse que eles "nos mostram quão precioso é o sacerdócio. Eles são mártires que deram a sua vida, cuidando do rebanho dos fiéis que lhes foi confiado".

As críticas dos bispos fizeram com que Duterte lançasse ataques verbais contra eles durante alguns eventos públicos.

"Os bispos de vocês, matem-nos. Esses bastardos não servem para nada. A única coisa que sabem fazer é criticar", afirmou Duterte durante seu discurso em 5 de dezembro em Manila, onde 85% da população é católica.

O presidente disse ainda que a Igreja Católica era a "instituição mais hipócrita do mundo" e também acusou que 90% dos sacerdotes "são homossexuais".

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