Cidade do México, Dec 19, 2018 / 12:00 pm
Os grupos civis armados conhecidos como "policiais comunitários" ameaçaram recentemente prender e submeter a "reeducação" o Bispo de Chilpancingo-Chilapa (México), Dom Salvador Rangel.
Em declarações ao jornal mexicano 'El Sur', Salvador Alanís, porta-voz da Frente Unida de Polícias Comunitárias do Estado de Guerrero, acusou o bispo mexicano de "ter ligações com os líderes da delinquência".
"Este é um crime que não deve ficar isento, mas se as autoridades não o impedirem, nós o impediremos e o levaremos a um processo de reeducação", assegurou.
Dom Rangel compartilhou com a imprensa mexicana os seus esforços de diálogo com diferentes líderes do tráfico de drogas na região para alcançar a paz, o desbloqueio de caminhos e inclusive para interceder pela vida de sacerdotes ameaçados de morte.
O estado mexicano de Guerrero é um dos mais violentos do país. Somente no primeiro trimestre deste ano foram registrados 651 homicídios.
Os policiais comunitários invadiram vários povoados do estado nas últimas semanas, deslocando centenas de habitantes.
No início de novembro, os policiais comunitários invadiram a comunidade de Filo de Caballos. O sacerdote do povoado conseguiu salvar 16 crianças do tiroteio, escondendo-as dentro de uma cisterna vazia.
Em diálogo com o ACI Group, o Bispo de Chilpancingo-Chilapa disse que são "barbaridades" as ameaças dos policiais comunitários e denunciou que se trata de "pessoas que estão a serviço do narcotráfico".
"Eles não estão protegendo adequadamente a população, mas estão, como sabemos, a serviço dos lideres do narcotráfico", acrescentou.
O Prelado assinalou que os policiais comunitários "ficaram chateados porque eu disse que devem deixar os deslocados voltar para as cinco cidades que invadiram".
O bispo mexicano também lamentou a "complacência das autoridades" diante do caos e da insegurança no estado.
"O governo, pelo menos o estatal, está trabalhando com muita tibieza", criticou e encorajou as autoridades federais a atender a região, pois em muitos povoados "suspenderam o trânsito, a atenção médica e as escolas".
Dom Rangel pediu aos sacerdotes que continuem atendendo as comunidades atingidas.
Também indicou que, na convivência natalina que teve com os sacerdotes em 17 de dezembro, "conversamos um pouco sobre a situação e lhes pedi que não abandonassem as comunidades".
O Prelado também fez uma exortação a fim de que neste tempo de Advento "tomara que houvesse alguma expressão de bondade, de paz, de tranquilidade e que pudéssemos passar o Natal mais tranquilos".
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