Roma, Jan 2, 2019 / 13:00 pm
Em 2018, o número de missionários assassinados dobrou em relação ao ano de 2017, segundo assinala a agência vaticana Fides em um relatório publicado no último sábado, 29 de dezembro.
Segundo o relatório, 40 missionários foram assassinados em 2018, enquanto em 2017 foram 23. Quase todos os assassinados foram sacerdotes, somando 35 no total. As demais vítimas foram 1 seminarista e 4 leigos.
A maioria dos falecidos perdeu a vida no continente africano. Este fato também marca uma mudança de tendência, já que nos últimos oito anos a maioria das mortes havia ocorrido na América.
Por continentes, na África foram assassinados 19 sacerdotes, uma leiga e o único seminarista desta lista trágica. Na América, o segundo continente onde mais missionários foram mortos em 2018, 12 padres e 3 leigos morreram. Na Ásia, 3 sacerdotes foram assassinados e, na Europa, 1 sacerdote.
Assim como em relatórios anteriores, a agência Fides esclarece que esta lista anual "não se refere apenas aos missionários 'ad gentes' em sentido estrito, mas tenta registar todos os agentes pastorais mortos violentamente, mesmo que não seja expressamente por 'ódio à fé'".
"Por isso, preferimos não usar o termo 'mártires', mas apenas em seu sentido etimológico de 'testemunhas' para não entrar no julgamento que a Igreja poderá fazer eventualmente sobre alguns deles e que também tentamos documentar neste mesmo contexto anual".
África
De acordo com o relatório da Fides, a Nigéria é o país africano onde ocorreram mais assassinatos em 2018. Os sacerdotes Joseph Gor e Felix Tyolaha foram mortos durante um ataque feito pelos jihadistas na paróquia de Santo Inácio, na aldeia Mbalom, durante a Missa na manhã do dia 24 de abril de 2018.
Em 18 de agosto de 2018, Padre Stephen Ekakabor morreu devido a lesões cerebrais graves causadas pela violência que sofreu em um ataque no ano anterior.
O sacerdote Jude Egbom foi morto durante um ataque em 10 de setembro de 2018, em Umuwala, no estado nigeriano de Imo. Finalmente, Padre Louis Odudu morreu em um hospital em Warri, estado nigeriano de Delta, em 19 de setembro de 2018, quatro dias depois de conseguir escapar das mãos dos seus sequestradores.
O segundo país africano com mais mortes é a República Centro-Africana. Na Diocese de Bambari, Padre Joseph Désiré Angbabata foi ferido durante um assalto na sua paróquia no dia 22 de março de 2018. O sacerdote morreu logo depois.
Padre Albert Toungoumale-Baba foi assassinado na paróquia de Notre Dame de Fátima em 1º de maio de 2018, em um massacre causado por um grupo armado. O Vigário Geral da Diocese de Bambari, Firmin Gbagoua, foi assassinado no dia 29 de junho de 2018 por um grupo de assassinos que assaltou o Episcopado.
O Vigário Geral da Diocese de Alindao, Blaise Mada, assim como o pároco de Mingala, Celestine Ngoumbango, foram mortos durante o ataque ao Episcopado de Alindao, em 15 de novembro de 2018.
Na República Democrática do Congo foi assassinada pelos militares a jovem leiga Thérese Deshade Kapangala, no dia 21 de janeiro de 2018, em Kintambo. Padre Floren Mbulanthie Tulantshiedi foi encontrado morto em 2 de março de 2018 no rio Kasai. Padre Etienne Nsengiyumva foi assassinado durante um assalto em Kichanga, Diocese de Goma, em 8 de abril de 2018.
Em Camarões, Padre Alexandre Sob Nougi foi assassinado na Diocese de Buea, em 20 de julho, durante um enfrentamento entre o exército e os rebeldes separatistas. O seminarista Gérard Anjiangwe foi assassinado por um grupo de soldados no dia 4 de outubro de 2018.
O sacerdote Cosmas Omboto Ondari foi morto em 21 de novembro de 2018, em Kembong, pelos militares.
Na Costa do Marfim, foi assassinado Padre Bernardin Brou Aka Daniel, em 23 de abril de 2018, durante um assalto na estrada. No Sudão do Sul, país que está enfrentando uma guerra civil, morreu o sacerdote Víctor Luke Odhiambo, devido aos ferimentos que sofreu no dia 14 de novembro de 2018, quando a comunidade jesuíta de Cueibet foi assaltada por um grupo armado.
No Quênia, Padre John Njoroge Muhia morreu em 10 de setembro de 2018, durante o assalto a um banco. No Malawi, morreu o sacerdote Tony Mukomba ,no dia 17 de janeiro de 2018, após ter sido gravemente ferido por um grupo de assaltantes.
América
O continente americano foi o segundo onde ocorreram mais assassinatos de missionários. No México, registraram-se as mortes mais violentas, onde faleceu Padre Iván Jaimes, da Arquidiocese de Acapulco, pároco de Las Vegas, e Germán Muniz García, pároco de Mezcala, em uma emboscada na estrada no dia 5 de fevereiro de 2018.
O sacerdote Rubén Alcántara Díaz, vigário judicial da Diocese de Izcalli, foi assassinado em 18 de abril de 2018, quando ia celebrar a Missa. Padre Juan Miguel Contreras García foi assassinado em 20 de abril de 2018, no final da Missa que celebrava na paróquia de Tlajomulco, no estado de Jalisco.
Em 25 de abril de 2018, o corpo de Padre Moisés Fabila Reyes, que havia sido sequestrado em 3 de abril, foi encontrado na cidade de Cuernavaca. No dia 25 de agosto, o corpo de Padre Miguel Gerardo Flores Hernández, desaparecido alguns dias antes, apareceu na cidade de Nueva Italia.
Em 13 de outubro, o corpo do sacerdote Ícmar Arturo Orta, desaparecido dois dias antes, foi encontrado em Tijuana.
Na Colômbia, o ex-sacerdote Dagoberto Noguera Avendano foi assassinado em 10 de março de 2018, em seu apartamento na cidade de Santa Marta, durante uma tentativa de assalto. Padre John Fredy García Jaramillo foi encontrado morto em sua casa em Medellín, em 25 de julho de 2018, com marcas de violência.
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Na Nicarágua, o sacerdote salesiano José Maltez morreu em 5 de junho de 2018, em Granada, após ser espancado por membros de um grupo armado. O jovem coroinha da Catedral de León, Sandor Dolmus, foi morto a tiros enquanto caminhava pela rua.
Na Venezuela, Padre Iraluis José García Escobar, pároco de Nossa Senhora de Fátima, na Arquidiocese de Barquisimeto, foi assassinado no dia 9 julho de 2018, durante uma tentativa de assalto.
No Equador, o sacerdote Arturo Rene Pozo Sampaz, pároco de San Juan, em Quito, foi assassinado em sua casa. Seu corpo apareceu com os pés e mãos amarrados no dia 9 de outubro de 2018.
O sacerdote Walter Osmin Vásquez morreu na Diocese de Santiago de Maria, El Salvador, após ser baleado em 29 de março de 2018. Finalmente, no Peru, Padre Carlos Riudavets Montes foi encontrado morto em 10 de agosto de 2018 com sinais de violência na comunidade indígena Yamakentsa, na Amazônia.
Ásia
Nas Filipinas, Padre Mark Yuaga Ventura foi assassinado com uma arma de fogo em 29 de abril de 2018 na estação missionária de Santo Isidoro Lavrador. Também neste país, o sacerdote Richmond Nilo foi morto em 10 de junho de 2018, por assassinos armados durante a celebração da Missa em uma aldeia da Diocese de Cabanatuán.
Na Índia, em 1º de janeiro de 2018, Padre Xavier Thelakkat foi esfaqueado até a morte pelo sacristão de sua paróquia em Malayattoor, que havia sido demitido três meses antes.
Europa
A única morte violenta de missionário na Europa ocorreu na Alemanha em 22 de fevereiro de 2018, quando Padre Alain-Florent Gandoulou foi assassinado após uma discussão violenta no seu escritório da comunidade francófona de Berlim.
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