21 de novembro de 2024 Doar
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Papa Francisco pede à Igreja para relançar o humanismo da vida

Papa Francisco. | Daniel Ibáñez / ACI Prensa

O Papa Francisco afirmou que "a Igreja é chamada a relançar com força o humanismo da vida", em carta enviada por ocasião do 25º aniversário da Pontifícia Academia para a Vida, fundada em 11 de fevereiro de 1994.

Na carta intitulada "A comunidade humana" (Humana communitas) publicada nesta terça-feira, 15 de janeiro, o Santo Padre diz que "a comunidade humana foi o sonho de Deus desde antes da criação do mundo". Por isso, pede para "restaurar a importância desta paixão de Deus pela criatura humana e o seu mundo".

A carta antecipa a próxima Assembleia Geral que ocorrerá de 25 a 27 de fevereiro com o tema "Robótica. Pessoas, máquinas e saúde", na Sala Nova do Sínodo.

"No nosso tempo, a Igreja é chamada a relançar com força o humanismo da vida que irrompe desta paixão de Deus pela criatura humana. O compromisso de entender, promover e defender a vida de todo ser humano é impulsionado por este amor incondicional de Deus", escreve o Papa. Ele acrescenta que "a beleza e o atrativo do Evangelho nos mostram que o amor ao próximo não se limita à aplicação de critérios de conveniência econômica e política ou a 'alguns acentos doutrinais ou morais que procedem de certas opções ideológicas'".

O Papa Francisco disse que esta paixão animou a atividade da Pontifícia Academia para a Vida desde a sua fundação há vinte e cinco anos, por São João Paulo II, seguindo a recomendação do Servo de Deus e grande cientista Jérôme Lejeune. "Este último, claramente convencido da profundidade e velocidade das mudanças que ocorrem no campo biomédico, considerou apropriado manter um compromisso mais estruturado e orgânico nesta frente", enfatizou.

Nestes anos, o Santo Padre destacou que a Academia "pôde desenvolver iniciativas de estudo, formação e informação para que fique claro que a ciência e a tecnologia, colocadas a serviço da pessoa humana e de seus direitos fundamentais, contribuem para o bem integral do homem e para a realização do plano divino de salvação".

Portanto, o Papa assegurou que "é urgente intensificar o estudo e a comparação dos efeitos dessa evolução da sociedade em um sentido tecnológico para articular uma síntese antropológica que esteja à altura desse desafio de época" e advertiu que a área de sua experiência qualificada "não pode ser limitada somente a resolver problemas surgidos por situações específicas de conflito ético, social ou legal".

O Santo Padre assinalou que "a paixão pelo humano, por toda a humanidade, encontra neste momento histórico dificuldades graves", e denunciou que "a distância entre a obsessão pelo próprio bem-estar e a felicidade compartilhada de toda humanidade parece ampliar-se cada vez mais: chegando-se a pensar que entre o indivíduo e a comunidade humana esteja em curso um verdadeiro cisma".

Por isso, o Papa disse que "uma nova perspectiva ética universal, atenta aos temas da criação e da vida humana, é o objetivo que devemos perseguir em nível cultural", porque "a diversidade da vida humana é um bem absoluto, digno de ser guardado eticamente e muito valioso para a salvaguarda de toda a criação". "É tempo de relançar uma nova visão para o humanismo fraterno e solidário das pessoas e dos povos colocando em primeiro lugar a criatura humana", exortou.

São João Paulo II

Em sua carta, o Santo Padre também destacou os sinais da ação de Deus realizados por São João Paulo II nesta área, como "os gestos de acolhida e defesa da vida humana, a disseminação de uma sensibilidade contrária à guerra e à pena de morte, bem como um interesse crescente na qualidade de vida e na ecologia".

"A comunidade científica da Pontifícia Academia para a Vida demonstrou, em seus vinte e cinco anos de história, como pode oferecer a sua alta e qualificada contribuição a partir desta perspectiva. Prova disso é o compromisso com a promoção e proteção da vida humana em todo o seu desenvolvimento, a denúncia do aborto e da eliminação dos doentes que são males gravíssimos que contradizem o Espírito da vida e nos submergem na anticultura da morte", assegurou o Papa.

O Pontífice pediu para continuar nesta linha, mas "prestando atenção a novos desafios que possam surgir na conjuntura contemporânea para o amadurecimento da fé, para uma compreensão mais profunda dela e para uma comunicação mais adequada aos homens de hoje".

"Antes de tudo, devemos conhecer a língua e as histórias dos homens e das mulheres do nosso tempo, colocando o anúncio do Evangelho na experiência concreta, como o Concílio Vaticano II já indicou com determinação. Para colher o sentido da vida humana, a experiência à qual devemos nos referir é a que se pode reconhecer na dinâmica da geração. Desta forma, se evitará reduzir a vida a um conceito puramente biológico ou a uma ideia universal abstraída dos relacionamentos e da história", sublinhou.

Neste sentido, o Papa pediu que a Pontifícia Academia para a Vida "seja um lugar cheio de coragem dessa interação e desse diálogo a serviço do bem de todos. Não tenham medo de elaborar argumentações e linguagens que sejam utilizadas em um diálogo intercultural e inter-religioso, assim como interdisciplinar. Participem da reflexão sobre os direitos humanos, que são um ponto central na busca de critérios universalmente compartilhados", incentivou.

Da mesma forma, Francisco recordou que Bento XVI insistiu muito na urgência de "uma nova reflexão que faça ver como os direitos pressupõem deveres, sem os quais o seu exercício se transforma em arbítrio", porque hoje há "uma grave contradição". "Enquanto, por um lado, se reivindicam supostos direitos, de caráter arbitrário e libertino, querendo vê-los reconhecidos e promovidos pelas estruturas públicas, por outro, existem direitos elementares e fundamentais violados e negados à boa parte da humanidade", entre os quais o Papa Emérito denunciou "a falta de alimento, água potável, instrução básica ou cuidados básicos de saúde".

No final, o Papa propôs inspirar-se no testemunho de São Francisco de Assis "com sua capacidade de ser reconhecido como irmão de todas as criaturas terrestres e celestes", porque "são belos os pés daqueles que anunciam o amor de Deus pela vida de cada um e de todos os habitantes da terra".

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