21 de novembro de 2024 Doar
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Nunca pensaram que ir a uma JMJ os salvaria da guerra

Rim e Fadi (no centro) junto com seus dois filhos. | Cortesia Fadi Janawi

A família síria Janawi-Battika nunca pensou que participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Madri 2011 os ajudaria depois a se salvar da guerra que continua castigando o país no Oriente Médio.

Fadi Janawi e Rim Battika contaram em entrevista concedida ao Grupo ACI em agosto de 2016 que, embora a viagem a Madri em 2011 fosse para eles uma peregrinação para a Europa e uma oportunidade para ver o Papa Bento XVI, junto com mais 80 pessoas de sua paróquia de Aleppo (Síria), ela se tornou a única esperança para escapar da guerra.

"Quando chegamos à JMJ em Madri, fomos acolhidos por uma família em Toledo durante os cinco dias da viagem. Foi muito bom, eles nos acolheram muito. Quando terminaram os dias da JMJ, nós os convidamos para visitar a Síria, já que naquele momento ainda não tinha começado a guerra", contou o pai da família, Fadi Janawi.

A amizade que nasceu entre as famílias da JMJ continuou por três anos. Eles trocavam e-mails e mantiveram contato até começar a guerra na Síria e Aleppo ficar dividida em uma área controlada pelo governo e outra pelos rebeldes.

"Passamos quase dois anos e meio na guerra. Mas chegou um momento em que a situação ficou insustentável. Quando saíamos para a rua, não sabíamos se voltaríamos vivos", disse Fadi.

Por essa razão, ele e sua esposa Rim começaram a pensar em deixar o país de forma ilegal, mas depois se lembraram da família espanhola e viram neles sua única esperança.

"Quando pensávamos em sair ilegalmente, ficávamos com muito medo porque qualquer um de nós poderia morrer ou ser sequestrado ou morto pelos rebeldes", assegurou Fadi.

Por isso, pediram aos seus amigos se poderiam enviar um convite para que a sua família fosse à Espanha como refugiada. "Eles enviaram a carta que tínhamos que deixar na embaixada espanhola no Líbano, mas não pudemos fazê-lo porque a estrada que nos leva àquela área era realmente perigosa e estava tomada por grupos rebeldes", lembrou.

Por isso, apesar de terem a liberdade tão próxima, tiveram que esperar seis longos meses para tentar novamente.

"Eles nos enviaram o convite de novo. Finalmente, pudemos entregá-lo à embaixada espanhola no Líbano, porque a situação da estrada já estava normalizada. No entanto, tivemos que esperar um mês e dez dias antes de recebermos o visto", afirmou.

"Durante esse mês, nós rezamos muito. Estávamos com muito medo de que nos negassem o visto e não pudéssemos sair. Nós rezamos, rezamos e rezamos. Dissemos: 'Senhor, seja feita a tua vontade. Se for o melhor para nossa família, que nos concedam o visto'. E finalmente o concederam", contou Fadi e assim afirmou convencido que tudo que havia vivido não tinha sido uma coincidência, mas pura providência.

Agora, Fadi, Rim e seus dois filhos estão em Toledo há quase cinco anos, uma cidade na qual estão totalmente ambientados.

Fadi é voluntário da Cáritas Toledo. Era advogado em seu país há mais de 23 anos, mas "aqui não posso exercer. Espero encontrar algum trabalho em breve", disse.

Segundo a família, das 80 pessoas que viajaram com a paróquia síria para a Espanha, algumas tiveram um destino parecido e moram em Valência e também em outros países da Europa.

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