22 de dezembro de 2024 Doar
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Transformou Nova York na capital mundial do aborto, diz Cardeal a governador

Andrew Cuomo, governador do estado de Nova York. | Pat Arnow -Wikipédia (CC BY-SA 2.0) / Cardeal Timothy Dolan. foto: Michelle Bauman (ACI Prensa)

O Arcebispo de Nova York, Cardeal Timothy Dolan, pediu ao governador Andrew Cuomo que não se orgulhe por ter transformado esse estado na capital mundial do aborto, após a aprovação da lei que permite essa prática durante toda a gravidez.

O Cardeal Dolan fez este pedido em uma entrevista concedida ao programa Fox & Friends da Fox News, em 28 de janeiro, depois que o governador Cuomo confirmou a lei aprovada na terça-feira, 22, pelo Senado de Nova York, que também permitirá deixar o bebê morrer caso sobreviva ao aborto.

"Eu lhe diria: veja governador, você e eu trabalhamos duro pelo bem comum, e essa é uma área na qual podemos fazer isso... mas isso é horrível. Não se orgulhe por ter transformado o estado de Nova York na capital mundial do aborto. Esta não é uma postura progressista e iluminadora", disse o Arcebispo ao ser perguntado sobre o que conversará com o governador Cuomo quando eles se encontrarem.

"Uma postura progressista e iluminadora está em cuidar dos seres humanos pequenos e indefesos. E posso pensar em alguns outros além do bebê no ventre materno. Vamos trabalhar juntos para defender essas vidas", ressaltou.

O Cardeal explicou que fica chateado, pois "antes os promotores do aborto diziam que queriam que fosse seguro, legal e pouco frequente. Agora, já não consideram que seja algo ruim. E agora o tornaram perigoso, pois já não precisa ser feito por médicos, vai ser obrigatório já que o pessoal que se ampara na objeção de consciência, que são muitos trabalhadores de saúde, não poderão mais fazê-lo e será frequente".

"Isso não é bom para o nosso país. Como podemos nos orgulhar disso? Estourando garrafas de champanhe, bebendo, comendo queijo brie e iluminando o Empire State?", questionou o Cardeal Dolan, que se referiu às luzes cor-de-rosa que se acenderam na fachada do famoso lugar para "celebrar" a lei do aborto.

Ao ser questionado sobre a possibilidade de excomungar Cuomo, que se apresenta como católico, o Cardeal disse que "isso seria contraproducente". "Com isso daríamos munições aos nossos inimigos que diriam: isso não é exatamente uma questão de disciplina católica, tampouco é questão de direitos civis, tampouco de biologia, estes católicos não tem liberdade neste tema", destacou.

"Não sei se poderíamos tirar algo bom disso porque temos um governador que se orgulha disso, que usa os ensinamentos da Igreja em seus discursos, que cita o Papa Francisco fora de contexto para criar uma brecha entre os bispos e o Santo Padre", lamentou o Cardeal.

O governador "gosta de ser o menino mau" quando se trata da doutrina católica, porque quando ele se opõe publicamente à Igreja, "ele recebe ovações de pé", disse o Cardeal Dolan.

Sobre a possibilidade, agora permitida por lei, de acabar com a vida dos bebês no terceiro trimestre de gravidez, o Cardeal Dolan questionou: "Podemos facilitar a adoção? Podemos ajudar mais pais e mães que passam por uma gravidez complicada para que seja mais fácil para eles enfrentá-la e que tenham um pouco mais de tempo para dedicar-se? Podemos ajudar mais as mães dos recém-nascidos?".

Quanto aos que dizem que às vezes os médicos poderiam enfrentar situações nas quais "devem" decidir entre a vida da criança ou a da mãe, o Cardeal explicou que os profissionais de saúde afirmam "que hoje em dia é muito raro que você tenha que decidir entre a vida da mãe ou do filho. Isso não acontece".

Em todo caso, indicou, "a doutrina católica diz que nunca, nunca se deve terminar com a vida de uma pessoa inocente, nunca. Você não pode matar um bebê de propósito".

Em relação à educação das crianças que hoje moram no estado de Nova York, o Cardeal Dolan lembrou aos pais que, independentemente do ambiente em que se desenvolvem, eles "são os primeiros educadores pelo seu exemplo e suas palavras".

Além disso, e "na medida do possível", recomendou, "certifiquem-se de que eles tenham uma boa atmosfera, uma escola que não jogue os valores pela janela".

A lei

O Senado do estado de Nova York (Estados Unidos) aprovou no dia 22 de janeiro uma nova lei do aborto que permitirá esta prática durante toda a gravidez.

Esta norma permitirá aos profissionais de saúde, como praticantes de enfermaria e médicos assistentes, que realizem abortos. Além disso, endossa o aborto tardio em qualquer momento em caso de inviabilidade fetal ou "quando for necessário para proteger a vida ou a saúde de um paciente".

Se o bebê sobreviver ao aborto, o profissional que está realizando pode deixá-lo morrer.

A lei, aprovada no dia do aniversário da decisão Roe vs. Wade que legalizou o aborto nos Estados Unidos em 1973, também transfere esta prática do código penal para o código de saúde.

A norma estabelece que o aborto continuará sendo legal no estado de Nova York, mesmo se a Suprema Corte reverter a decisão Roe vs. Wade.

Se a Suprema Corte reverter a decisão de Roe vs. Wade, o que poderia ocorrer após a nomeação do juiz Brett Kavanaugh, a aprovação do aborto deixará de estar nas mãos do governo federal dos Estados Unidos, mas vai depender de cada estado.

Isso seria possível porque, embora a reversão da decisão não tornasse o aborto ilegal, daria a cada estado a capacidade de decidir por si mesmo; como aconteceu em Nova York com a assinatura desta lei que permite o aborto a qualquer momento durante a gravidez.

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