21 de novembro de 2024 Doar
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Pedido de Nicolás Maduro ao Papa Francisco é "roteiro já conhecido", diz Cardeal

Bandeira da Venezuela. | Jonathan Alvarez (CC BY-SA 3.0).

O Cardeal Baltazar Porras, Administrador Apostólico da Arquidiocese de Caracas e Arcebispo de Mérida, na Venezuela, assinalou que o pedido de Nicolás Maduro ao Papa Francisco para intervir em um diálogo para a paz no país é um "roteiro já conhecido".

Entrevistado pelo jornalista venezuelano César Miguel Rondón, o Cardeal Porras assinalou que "nesse instante o diálogo é inviável".

"A Santa Sé sabe que no futuro será necessária alguma mediação", disse o Purpurado e também observou que "ninguém na vida é neutro, outra coisa é ser imparcial".

"Essa realidade não admite máscaras, essa realidade indica o fracasso de um modelo", acrescentou.

No início de fevereiro, o Vaticano confirmou que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, enviou uma carta ao Papa Francisco pedindo que ele intervenha em um diálogo com seus opositores.

A crise na Venezuela se intensificou no início de 2019, depois que Nicolás Maduro, presidente do país desde 2013, assumiu o cargo para um novo mandato no último dia 10 de janeiro.

Maduro venceu uma eleição presidencial polêmica em 2018, cujos resultados não foram reconhecidos por vários países.

Após sua posse, o Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) declarou Maduro ilegítimo e pediu novas eleições.

Em 23 de janeiro, Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, um órgão legislativo não reconhecido por Maduro e substituído oficialmente pela Assembleia Constituinte, se autoproclamou presidente interino.

Recentemente, Guaidó anunciou a chegada de ajuda humanitária, que inclui alimentos e medicamentos, através das fronteiras da Venezuela com a Colômbia e o Brasil. Em resposta, Maduro ordenou o bloqueio das pontes fronteiriças com caminhões, contêineres e militares.

O Cardeal Porras explicou o aparente silêncio da Santa Sé e destacou que "nós nos acostumados a que a diplomacia e o exercício do poder sejam realizados por megafones, mas no Vaticano é diferente, procura-se certa discrição".

"Há um trabalho de acompanhamento que não é constantemente divulgado na mídia", ressaltou.

O Administrador Apostólico de Caracas também incentivou a serenidade em meio à atual crise no país, porque "queremos tudo para agora, mas já faz 20 anos".

"Temos que aprender a manejar o perdão e a misericórdia, com a justiça e a equidade, e isso é uma arte que não é fácil", disse.

Sobre a ajuda humanitária que se organiza atualmente em Cúcuta, na fronteira da Colômbia com a Venezuela, o Cardeal Porras assinalou: "Sabemos que são 9 caminhões com 50 toneladas de ajuda humanitária enviada pelos Estados Unidos em resposta ao apelo do presidente interino Juan Guaidó "

O Cardeal ressaltou que apoiar a ajuda humanitária não significa "que sejamos mendigos", mas "assumir que, como seres humanos, devemo-nos respeito e apoio para viver".

"É porque somos seres humanos e é urgente salvar vidas", indicou.         

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