18 de dezembro de 2024 Doar
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Vaticano restabelece funções sacerdotais a Ernesto Cardenal

O Vaticano restabeleceu as funções sacerdotais a Ernesto Cardenal, de 94 anos, que foi suspenso a divinis pelo Papa João Paulo II em 1984, por fazer parte do governo sandinista da Nicarágua, o que é proibido pelo direito canônico que regula a Igreja.

A notícia do levantamento da suspensão, que seria um gesto de misericórdia considerando que Cardenal está com a saúde debilitada e que há anos está desvinculado de atividades da militância política, foi comunicada ao sacerdote pelo Núncio Apostólico na Nicarágua, Dom Waldemar Stanislaw Sommertag.

Em sua conta no Twitter, o Bispo Auxiliar de Manágua, Dom Silvio Báez, publicou em 15 de fevereiro uma foto da visita que fez a Cardenal no hospital onde está internado.

"Hoje visitei no hospital meu amigo sacerdote, Pe. Ernesto Cardenal, com quem pude conversar por alguns minutos. Depois de rezar por ele, ajoelhei-me diante de sua cama e pedi-lhe a bênção como sacerdote da Igreja Católica, a qual me concedeu com alegria. Obrigado, Ernesto!", escreveu Dom Báez.

Segundo o El Nuevo Diario, Ernesto Cardenal está internado em um Centro Médico de Manágua desde 4 de fevereiro devido a uma infecção renal.

Ernesto Cardenal, junto com seu irmão Fernando e outros dois sacerdotes, Miguel D'Escoto e Edgard Parrales, foram suspensos a divinis por fazerem política partidária, algo incompatível com o ministério sacerdotal, conforme estabelecido pelo Código de Direito Canônico.

Cardenal foi repreendido publicamente por São João Paulo II quando este visitou a Nicarágua em 1983. Na foto que entrou para a história, vê-se o Papa polonês sério diante do nicaraguense em posição de genuflexão e sorridente.

São João Paulo II repreende Ernesto Cardenal na Nicarágua, em 1983. Foto: Agencias

Ernesto Cardenal, poeta e ativista da teologia marxista da libertação, diria algum tempo depois que, naquela ocasião, o Santo Padre lhe pediu que "regularizasse sua situação".

O nicaraguense colaborou ativamente como parte da revolução da Frente Sandinista de Libertação Nacional, que terminou com a ditadura de Anastasio Somoza. Foi nomeado ministro da Cultura no mesmo dia em que os sandinistas venceram, em 19 de julho de 1979. Ocupou esse cargo até 1987.

Em 19 de janeiro de 2017, entrevistado pelo jornalista argentino Enrique Vázquez, Ernesto Cardenal afirmou que apenas Miguel D'Escoto recebeu o levantamento da suspensão imposta em 1984 e que ele não queria receber essa graça.

"Isso é falso, isso aconteceu apenas no caso de Miguel D'Escoto! Nunca levantaram minha suspensão sacerdotal e eu não estou interessado em que isso aconteça", disse.

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