27 de dezembro de 2024 Doar
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Apesar da perseguição, católicos na Nigéria se mantêm firmes na fé "até a morte"

Imagem referencial. | Pixabay / Domínio público.

Os católicos na Nigéria, perseguidos por grupos islâmicos radicais como os terroristas do Boko Haram, estão dispostos a se manter firmes na fé "até a morte".

Assim falou ao Grupo ACI Pe. Kenneth Chukwuka Iloabuchi, sacerdote nigeriano que agora desenvolve seu ministério na diocese espanhola de Cartagena.

O sacerdote nigeriano visitou várias cidades no México em meados de fevereiro como parte da segunda Noite dos Testemunhos, organizada pela Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN).

"Há um caso que me chama a atenção", disse, observando que se trata de "uma mulher que durante a Missa do Galo teve que perder todos os membros da sua família".

"Essa mulher disse no enterro que não vai se render, que permanecerá sendo católica até a morte, que isso não vai tirar a sua fé", recordou.

Para Pe. Kenneth, "com esta paz de coração, com esta atitude de perdão, estão dando um grande testemunho".

O sacerdote disse que os cristãos que vivem no norte da Nigéria "estão sofrendo e também é onde hoje nós estamos vendo um grande testemunho de fé, apesar dos sofrimentos nas mãos do Boko Haram, que é um grupo de terroristas que deseja apagar as marcas do cristianismo neste mundo".

"Os cristãos, inclusive, não sabem o que pode acontecer no dia de amanhã, a maioria deles não pode andar livremente", assinalou.

"Os cristãos que vêm aos domingos, que celebram as missas aos domingos, entram em uma igreja, mas não sabem se sairão novamente".

O sacerdote recordou que há dois anos, ao visitar um povoado no norte da Nigéria, "no meio da Missa um sacristão e um ajudante se aproximaram e me disseram que tinham recebido uma mensagem de que Boko Haram ia entrar no povoado e ia atacar o povo, atacar os cristãos".

"Em um dado momento, fiquei assustado e perguntei-lhes se tinha que terminar a Missa para que as pessoas fossem embora. E me disse que não, que nunca foram embora da Igreja por causa do medo desse grupo, dos fundamentalistas. Nunca abandonaram sua igreja por causa do medo de que eles entrem para matar as pessoas, porque se começarem a viver assim, eles terão vencido a guerra".

Pe. Kenneth confessou que teve medo. "Mas vendo as pessoas louvando a Deus, vivendo a celebração, rezando, eu tive que me questionar: 'Tu, sendo sacerdote estás com medo, enquanto essas pessoas estão louvando a Deus?'. E tive que colher este ânimo das pessoas para celebrar dignamente a Santa Eucaristia e celebrarmos bem, sem problemas ".

"Infelizmente, na noite do mesmo dia, recebemos uma mensagem de que já tinham entrado em outro povoado vizinho e mataram seis pessoas. No dia seguinte, estávamos no enterro dessas pessoas", recordou.

O sacerdote destacou o trabalho pastoral da hierarquia da Igreja na Nigéria, pois "não é fácil para um jovem de 17, 18, ver os seus pais e todos os membros de suas famílias morrerem. E fica em paz".

"Os ministros da Igreja estão trabalhando muito, começando pela Conferência Episcopal da Nigéria e pelos sacerdotes que vivem nas paróquias com o povo, porque o que eles estão pregando é o perdão, a justiça, a paz e o amor".

"Isso faz com que inclusive os jovens da Igreja, em vez de pegarem em armas, o que fazem é perdoar aqueles que os estão perseguindo, e pensar que o dia de amanhã será melhor", assegurou.

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