10 de dezembro de 2024 Doar
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E agora, o que dirão os que assinalam Pio XII como o "Papa de Hitler"?, questiona embaixador

Papa Pi XII. | Flickr True Restorarion (CC BY 2.0)

Depois do anúncio feito pelo Papa Francisco da abertura dos documentos do Arquivo Secreto do Vaticano sobre o pontificado de Pio XII, o embaixador da Hungria junto à Santa Sé, Eduard Habsburg lançou um desafio para aqueles que dizem que o falecido pontífice é o "Papa de Hitler".

"Tentando imaginar o choque de algumas pessoas quando souberem que Pio XII não foi o 'Papa de Hitler', mas que na verdade salvou milhares de judeus", escreveu o diplomata em sua conta no Twitter.

O tuíte de Habsburg foi publicado após o anúncio do Papa Francisco feito em 4 de março sobre a decisão de disponibilizar os documentos do Arquivo Secreto do Vaticano sobre o pontificado de Pio XII para pesquisadores a partir do dia 2 março de 2020.

Em uma audiência concedida aos funcionários do Arquivo Secreto, o Santo Padre afirmou que "a Igreja não tem medo da história, aliás, a ama e quer amá-la mais e melhor, como Deus a ama! Portanto, com a mesma confiança de meus predecessores, abro e confio aos pesquisadores esse patrimônio documental".

"A séria e objetiva pesquisa histórica saberá avaliar na justa luz, com crítica apropriada, momentos de exaltação daquele Pontífice e, sem dúvida, também momentos de graves dificuldades", acrescentou.

Lenda negra sobre Pio XII

Ainda que não mencione nenhuma pessoa em concreto, o tuíte do embaixador recorda o livro "O Papa de Hitler: A verdadeira história de Pio XII", publicado em 1999 por John Cornwell e que reforça a lenda negra segundo a qual Eugenio Pacelli teria sido antissemita e cúmplice dos nazistas durante a ocupação alemã da Itália na Segunda Guerra Mundial.

Entretanto, em 2010, o historiador judeu nascido em Praga, Saul Friedländer, em uma entrevista concedida ao semanário 'Le Point', rejeitou que qualifiquem Pio XII como o Papa de Hitler.

O historiador recordou a aversão do Papa Pacelli pelo nazismo e sua colaboração na encíclica Mit brennender Sorge de Pio XI, que condena a ideologia nazista.

Também em 2007, um ex-espião da KGB, Ion Mihai Pacepa, denunciou em um artigo publicado em 'National Review Online' que o Kremlin e a inteligência russa fizeram um plano chamado "Assento 12" para destruir a autoridade moral da Igreja Católica na década de 1960.

Pacepa indicou que o alvo principal era o Papa Pio XII, porque havia falecido há dois anos e, como dizia o então presidente russo, Nikita Khrushchev, "os mortos não podem se defender".

O ex-espião contou que a KGB "queria apresentá-lo como um antissemita que tinha incentivado o holocausto de Hitler". Para isso, pediu para ele modificar alguns documentos originais do Vaticano, nenhum dos quais incriminava Pio XII.

Estes documentos foram a base para o livro "O Vigário", escrito e publicado em 1963 pelo alemão Rolf Hochhuth. Este livro apresenta Pio XII como um Papa partidário dos nazistas e indiferente ao holocausto judeu. A obra foi traduzida a 20 idiomas.

No entanto, as investigações mostraram que as acusações contra o pontífice são parte de uma lenda negra falsa, porque, através das instituições da Igreja, Pio XII ajudou a salvar cerca de 800 mil judeus.

Por exemplo, em 2017, o presidente da Fundação Internacional Raoul Wallenberg, Eduardo Eurnekian, afirmou que muitos dos lugares que acolheram os judeus eram instituições da Igreja.

Esta fundação é um instituto de pesquisa histórica que se dedica a encontrar os locais que acolheram os judeus durante a Segunda Guerra Mundial, para colocar uma placa comemorativa, como um gesto de gratidão. Esses lugares são chamados de "Casas de Vida".

Eurnekian indicou: "ficamos surpresos quando soubemos que a maioria das casas eram instituições relacionadas à Igreja Católica, incluindo conventos, mosteiros, internatos, hospitais, etc.".

Agora, com a abertura de todos os documentos referentes ao seu pontificado, será possível conhecer toda a verdade sobre as ações da Igreja durante o pontificado de Pio XII.

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