22 de dezembro de 2024 Doar
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Papa Francisco chama a superar a desconfiança entre os povos

Papa Francisco pronuncia sua homilia. | ACI Prensa

O Papa Francisco, no Marrocos, realizou um chamado a superar as desconfianças e divisões entre os povos e encorajou a fazer um exercício de misericórdia como filhos de Deus.

Em sua homilia na Missa celebrada em Rabat, o Santo Padre refletiu sobre a parábola do filho pródigo, na qual o pai vai ao encontro de seus dois filhos: primeiro, ao encontro daquele que tinha abandonado a casa e volta arrependido; em segundo lugar, vai ao encontro de seu outro filho e o convida a participar na festa pelo regresso do primeiro.

Contudo, "o filho mais velho parece não gostar das festas de boas-vindas, custava-lhe suportar a alegria do pai, não reconhece o regresso do seu irmão: 'esse teu filho' – dizia. Para ele, o irmão continua perdido, porque já o perdera no seu coração".

"Incapaz de participar na festa – explicou o Santo Padre –, não só não reconhece o irmão, mas tampouco reconhece o pai. Prefere ser órfão à fraternidade, o isolamento ao encontro, a amargura à festa".

"Custa-lhe não só compreender e perdoar a seu irmão, mas também aceitar ter um pai capaz de perdoar, disposto a esperar e velar por que ninguém fique fora; enfim, um pai capaz de sentir compaixão".

Essa tensão entre irmãos se reflete na tensão entre povos e comunidades, "uma tensão que, a partir de Caim e Abel, mora em nós e que somos convidados a encarar".

"Sem dúvida, há tantas circunstâncias que podem alimentar a divisão e o conflito; são inegáveis as situações que podem levar a afrontar-nos e dividir-nos. Não podemos negá-lo. Estamos sempre ameaçados pela tentação de crer no ódio e na vingança como formas legítimas de obter justiça de maneira rápida e eficaz".

No entanto, "a experiência diz-nos que a única coisa que conseguem o ódio, a divisão e a vingança é matar a alma da nossa gente, envenenar a esperança dos nossos filhos, destruir e fazer desaparecer tudo o que amamos".

Por essa razão, "Jesus convida-nos a fixar e contemplar o coração do Pai. Só a partir dele poderemos, cada dia, redescobrir-nos como irmãos. Só a partir deste horizonte amplo, capaz de nos ajudar a superar as nossas míopes lógicas de divisão, é que seremos capazes de alcançar um olhar que não pretenda obscurecer ou desmentir as nossas diferenças, buscando talvez uma unidade forçada ou uma marginalização silenciosa".

"Só se formos capazes diariamente de levantar os olhos para o céu e dizer Pai Nosso, é que poderemos entrar numa dinâmica que nos possibilite olhar e ousar viver, não como inimigos, mas como irmãos".

Diante desta desconfiança entre os povos e comunidades, entre irmãos, o Papa sugeriu que, "em vez de nos medirmos ou classificarmos com base numa condição moral, social, étnica ou religiosa, podemos reconhecer que existe outra condição que ninguém poderá apagar ou aniquilar, pois é puro dom: a condição de filhos amados, esperados e festejados pelo Pai".

"Não caiamos na tentação de reduzir a nossa filiação a uma questão de leis e proibições, de deveres e seu cumprimento. A nossa filiação e a nossa missão nascerão, não de voluntarismos, legalismos, relativismos ou integrismos, mas da imploração feita por pessoas crentes que diariamente rezam com humildade e constância: Venha a nós o vosso Reino".

O Papa concluiu sua homilia agradecendo aos cristãos marroquinos "pela forma como dais testemunho do Evangelho da misericórdia nestas terras. Obrigado pelos esforços feitos para tornardes as vossas comunidades oásis de misericórdia. Animo-vos e encorajo a continuar a fazer crescer a cultura da misericórdia, uma cultura na qual ninguém olhe para o outro com indiferença nem desvie o olhar ao ver o seu sofrimento".

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